Walid Regragui é o 'Guardiola de Marrocos', chefe da maior surpresa da Copa
O segredo de Regragui? Conseguir unir um grupo heterogêneo
São Paulo, SP, 11 – Há oito semanas, Walid Regragui, 47 anos, era um nome conhecido apenas pelos marroquinos. Com sólida carreira no Marrocos, onde levou o Wydad, de Casablanca, a títulos importantes na África, como a Liga dos Campeões do continente, ele foi a solução de emergência para substituir o franco-bósnio Vahid Halilhodzic.
Apesar de ter classificado a seleção marroquina para a Copa de 2022, Halilhodzic pediu demissão após jogadores mais badalados do time, como Hakim Ziyech e Achraf Hakimi, terem anunciado estarem insatisfeitos e cogitarem recusar a convocação, caso fossem chamados a defender o seu país na Copa do Mundo.
Sobrou para Regragui a missão de fazer com que o Marrocos tentasse evitar um vexame no Catar. Mas ele está conseguindo muito mais do que isso. Depois de fazer uma campanha surpreendente na fase de grupos (classificou a sua equipe em primeiro lugar, empatando com a Croácia e vencendo Canadá e Bélgica), a seleção marroquina passou por Espanha e Portugal e chegou à semifinal. Feito inédito para um país africano.
O segredo de Regragui? Conseguir unir um grupo heterogêneo. Fluente em árabe, espanhol, francês e inglês, o treinador convenceu seus jogadores que, não importassem de onde viessem ou tinham nascido, deveriam dar tudo pelo Marrocos. “Qualquer jogador apto a vestir a nossa camisa tem a obrigação de dar tudo, quando está jogando por ela”, disse.
Segundo conta, ele dava seu próprio exemplo. Nascido em Corbeille-Éssonnes, nos arredores de Paris, Regragui fez quase toda a sua carreira como jogador em times de segunda linha da França, como Toulouse, Ajaccio e Dijon.
Era um esforçado zagueiro, mas depois que se converteu em treinador passou a interessar-se por estratégias. Claro que também não faltam astúcias táticas. Sabedor das limitações técnicas e físicas de sua equipe, a estratégia de Regragui tem sido encurtar ao máximo os espaços dos adversários e, na primeira oportunidade, tentar surpreendê-los com contra-ataques fulminantes.
“Desde que tenham oportunidade, técnicos africanos podem demonstrar que têm conhecimento”, disse Regragui. “Não importa o lugar em que nasceram, mas a sua capacidade.” De fato, o desempenho do treinador marroquino é inspirador e recolocou a África no ‘mapa mundial’ de comissão técnica.
SUCESSO E TÍTULOS
A carreira como técnico começou justamente na seleção marroquina, mas ainda não no cargo principal e sim como auxiliar, onde ficou de 2012 a 2013. Depois disso, comandou por o FUS Rabat, time do campeonato marroquino, por seis anos, de 2014 a 2020. Lá, conquistou o título nacional na temporada 2015-2016 e ainda teve tempo de erguer a Taça do Trono, como é conhecida a copa marroquina (semelhante à Copa do Brasil), em 2012-2013.
Com o sucesso nacional, foi contratado pelo Al-Duhail, do Catar em 2020, onde ficou apenas um ano. No entanto, a curta passagem também rendeu frutos, pois venceu a Q-League (primeira divisão do Catar) de 2019-2020. O desempenho lhe rendeu outra oportunidade de comandar um clube do Marrocos, acertando com o Wydad Casablanca. Além do já conhecido troféu da Liga dos Campeões da África, Regragui arrebatou mais uma vez a Taça do Trono. O resto é história, e ainda está sendo feita.
Fernando Valeika de Barros, especial para AE
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