Três anos sem Mário Sérgio Pontes de Paiva, o Vesgo

Três anos sem Mário Sérgio Pontes de Paiva, o Vesgo

Três anos sem Mário Sérgio Pontes de Paiva, o Vesgo

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O 28 de novembro passado marcou o terceiro ano da morte de Mário Sérgio Pontes de Paiva, o Vesgo, no acidente de avião que vitimou a delegação da Chapecoense, na Colômbia.

Morreu aquele que, enquanto boleiro, olhava para um lado e tocava a bola para o outro. Aquele que, enquanto treinador, não paparicava boleiro. No seu time tinha camisa apenas aqueles que cumpriam regiamente as determinações.

Como comentarista de televisão, não tinha papas na língua. Falava aquilo que pensava. Em 1994 disse que a Seleção Brasileira entrava em campo com dez jogadores com a escalação do volante Dunga.

Criticava-o pela falta de vigor físico até quando ele levantou o caneco como capitão do Brasil na Copa nos Estados Unidos.

PONTE PRETA

Pra quem desconhece a história da Ponte Preta das últimas quatro décadas, saiba que Mário Sérgio vestiu a camisa preta e branca com faixa transversal entre 1982/83, em companhia de Dicá e Jorge Mendonça, antes de se transferir ao Grêmio portoalegrense, e se sagrar campeão mundial de clubes.

Mário Sérgio foi sarcástico nos tempos de boleiro, e certa ocasião, em treino no Estádio Moisés Lucarelli, tentou dar uma enquadrada no então treinador Dino Sani com bola nos pés, e não no grito.

O que fez o Vesgo? No exercício natural com bola antes de um coletivo, ele gritou: Dino, pega essa!

E Vesgo meteu uma rosca incrível na bola, imaginando que as pernas já enferrujadas do treinador fossem incapazes do domínio de bola.

Era um desafio, mas o confiante Dino gritou sem pestanejar: manda brasa, Vesgo!

E quem imaginou que aquela rosca na bola faria Dino passar vergonha na matada se equivocou redondamente.

Mesmo com a bola na altura da cintura, Dino matou-a com a elegância de seus tempos de atleta, e recebeu em seguida caloroso abraço do Vesgo.

Pois esse mesmo Mário Sérgio, que iniciou a carreira de atleta no Flamengo em 1969, driblava e lançava. A história prosseguiu no Vitória (BA), Fluminense, Botafogo (RJ), São Paulo, Inter (RS), Ponte Preta, Grêmio e Palmeiras, sempre com a camisa 11 e desempenhando a função de falso ponteiro-esquerdo.

Em 1979, quando jogava no São Paulo, ganhou apelido de ‘rei do gatilho’. Intolerante e imprudente, sacou o seu revólver e deu alguns tiros para o alto para assustar torcedores do São José, no Vale do Paraíba, que se manifestavam na saída da delegação são-paulina do Estádio Martins Pereira.