Tati Weston-Webb esperava o ouro na final do surfe: 'Minha última onda valia a nota'
O que a atleta filha de mãe brasileira e pai inglês mais fez nos últimos dias foi exibir, orgulhosa, a prata que conquistou na praia de Teahupo'o, no Taiti, a 15 mil quilômetros de Paris. Mas a medalha poderia ter sido dourada
De forma sutil, a brasileira-havaiana questionou a avaliação dos juízes na final, disputada na segunda-feira

Campinas, SP, 09 – Primeira surfista brasileira a conseguir uma medalha em Jogos Olímpicos, Tatiana Weston-Webb não para de sorrir. O que a atleta filha de mãe brasileira e pai inglês mais fez nos últimos dias foi exibir, orgulhosa, a prata que conquistou na praia de Teahupo’o, no Taiti, a 15 mil quilômetros de Paris. Mas a medalha poderia ter sido dourada. De forma sutil, a brasileira-havaiana questionou a avaliação dos juízes na final, disputada na segunda-feira.
Ela acredita que sua última onda foi suficiente para desbancar a americana Caroline Marks na decisão. “Vou te falar que no momento eu achei que eles (juízes) poderiam dar ou não dar (a nota que valeria o ouro). Realmente não sabia. Mas consegui ver um pouco da bateria depois e eu gostei muito da minha última onda. Achei que valia a nota (melhor)”, crê a surfista, em entrevista.
O que representa essa medalha de prata pra você e para o surfe brasileiro?
Foi um sentimento maravilhoso, foi incrível. Acho que realmente o surfe no Brasil está crescendo a cada dia. Espero que essa medalha represente para o surfe no Brasil.
Fizeram muita diferença a experiência de ter já ter disputado uma Olimpíada em Tóquio e o ciclo mais calmo, sem pandemia?
Sim. Eu usei a experiência em Tóquio para me motivar ainda mais. Quando me classifiquei, eu falei pra mim mesma: ‘esses Jogos vão ser diferentes’. Sabia que precisava dar 110% e fazer meu máximo pra conseguir essa medalha. E eu fiz uma preparação diferente nesse ciclo. Mudei minha dieta, fiquei mais magra e ganhei músculo. Consegui chegar esse ano no auge da minha forma.Além a alimentação, você mudou algo mais em sua rotina?
Perdi gordura, fiquei ‘fininha’, bem preparada. Além de musculação, fiz muito cardio para aguentar muitas baterias durante o dia e estar 110%. E teve a preparação mental também. A psicóloga, a Aline (Wolff, do COB), me ajudou muito.
Uma medalha olímpica muda muito a vida de um atleta?
Eu, pessoalmente, acho a Olimpíada o evento mais importante de todos. Sempre tive esse pensamento desde criança. Sempre quis competir numa Olimpíada e ganhar uma medalha olímpica muito mais do que um título mundial. Se me perguntar por que, não sei dizer, mas sempre tive isso no meu coração. E ganhar essa medalha foi tudo. Foi duro, mas ela veio. É um sentimento incrível conseguir alcançar um sonho de criança.
Sua prata foi muito festejada aqui em Paris e no Brasil. Imaginou que receberia tanto carinho?
Antes e durante a competição, você não pensa na repercussão, não pensa como vai ser depois, só pensa no que poderia controlar no momento. Eu estou vivendo o momento, é assim que faço e não pense que teria tanta repercussão (a medalha), mas está tendo. Todo mundo do Brasil está me abraçando de uma forma incrível.
Você ficou a 0,18 do ouro. A última bateria foi muito acirrada. Concordou com a nota dos juízes?
Vou te falar que no momento eu achei que eles (juízes) poderiam dar ou não dar (a nota que valeria o ouro). Realmente não sabia. Mas, consegui ver um pouco da bateria depois e eu gostei muito da minha última onda. Achei que valia a nota. Mas o que eu posso fazer agora? Vou ficar triste? Não. Vou ficar feliz porque consegui alcançar um sonho gigante meu. Não vou ficar nessa parte negativa, prefiro me ater à parte positiva.
Das 14 medalhas conquistadas pelo Brasil até aqui, 9, incluindo a sua de prata, foram conquistadas por mulheres. É, mesmo, a Olimpíada das mulheres?
As mulheres brasileiras estão arrasando em Paris. Estou muito orgulhosa da gente e ainda mais orgulhosa de fazer parte disso. Acho que isso é resultado de dedicação das mulheres, especialmente das brasileiras. Estou realmente muito feliz.
Qual recado você daria para uma garota que hoje está começando a surfar e tem você como referência?
Se eu pudesse falar algo para quem está começando a surfar falaria para acreditar nos seus sonhos. Com bastante trabalho, você consegue. O sonho pode ser gigante, mas tudo é possível no esporte para pessoas que se dedicam.
Você é brasileira, nasceu no Brasil, mas viveu a maior parte dos seus 28 anos no Havaí. O que você mais incorporou do Brasil?
Boa pergunta. Acho que tudo. Comida, casa, marido (risos).
Anos atrás, você disse que pretendia reduzir o ritmo depois dos 30 anos e ser mãe. Os planos estão mantidos?
Tenho esse desejo sim. Mas vou pensar. Ainda não sei pra quando. Só Deus sabe.
Ricardo Magatti
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