Seria o melhor momento para demissão de Mozart no Guarani?
Há uma boa dose passional, bem como um ato eleitoreiro nesta demissão. Enfim, os fatos estão aí para análise racional.
A situação bem encrencada de concorrentes diretos na zona da degola também favorece ao Guarani. Medida emocional ou eleitoreira
Campinas, SP, 19 (AFI) – O desligamento do treinador Mozart Santos, do Guarani, tem contornos mais emblemáticos do que se supõe, e requer uma análise racional.
Considere-se como real a possibilidade matemática do clube escapar do risco de rebaixamento, até porque depende exclusivamente de suas forças.
Basta uma vitória sobre a Inter em Limeira, em jogo que não haverá torcidas, para que, com 13 pontos, não haja mais dúvida.
A situação bem encrencada de concorrentes diretos na zona da degola também favorece ao Guarani.
PORTUGUESA
Com apenas seis pontos, a Portuguesa tem confronto direto com o São Bento – que tem nove -, em jogo que um pode praticamente matar o outro.
A Lusa encerra participação na distante Mirassol, contra a equipe da casa, em tremendo desafio.
Como o Ituano ainda terá três jogos a cumprir, pode até ser descartado desta pauta de possibilidades, embora com nove pontos ainda corra risco.
FERROVIÁRIA E SÃO BENTO
Antes do confronto com a Lusa, o São Bento vai recepcionar o São Paulo nesta terça-feira, e ainda em seus domínios está programado o último jogo da fase diante do Bragantino.
Já a Ferroviária, com oito pontos ganhos, terá dois jogos decisivos.
O desafio imediato, na condição de visitante, será contra o Palmeiras. Por fim, vai recepcionar a Inter de Limeira, em confronto que o perdedor poderá ficar em situação arruinada.
INTER E MIRASSOL
Com 12 pontos – e quase salvo -, o Mirassol vai visitar o Santo André, para posteriormente receber a Portuguesa.
Os dez pontos conquistados até então pela Inter de Limeira a colocam em risco, pois além do Guarani vai a Araraquara enfrentar a Ferroviária.
Se essa composição de jogos mostra que o Guarani terá que fazer uma força enorme para ser rebaixado – embora tenha que enfrentar o Palmeiras na última rodada -, não teria sido precipitada a demissão do treinador Mozart Santos?
Calma!
É natural que o bugrino esteja de ‘saco cheio’ com o treinador, com base nos últimos resultados, mas principalmente pela infeliz declaração de citar a torcida do clube como pequena.
ENTRAVES
Todavia, considere dois entraves a serem enfrentados pela direção bugrina.
Se havia uma multa alta em caso de demissão de Mozart, como a situação teria sido contornada?
Este é um caso para ser esclarecido nos mínimos detalhes.
Mozart teria aberto mão de um direito contratual, mesmo tendo afirmado dias atrás que não deixaria o cargo espontaneamente?
Há um outro agravante: como contratar um substituto de Mozart, com a indefinição da situação política do clube, devido à eleição da nova diretoria executiva programada para o dia oito de março?
Ora, se duas chapas se candidatam ao pleito, como procederia a oposição, caso saia vencedora, e depare com um treinador que não se alinhe à sua filosofia?
Demiti-lor?
Tem multa contratual.
A lógica indica que um treinador sensato sequer abriria discussão no atual cenário.
Arriscariam os atuais mandatários do clube à contratação de novo treinador a menos de três semana para a eleição – com riscos já evidenciados -, ou mais uma vez vão recorrer ao então interino Ben-Hur, se é que ele continua no clube?
Pela conjuntura, o prudente seria esperar o término do Paulistão e resultado da próxima eleição para discussão sobre troca ou não de treinador.
ESTRATÉGIA ELEITORAL
Entende-se que a demissão de Mozart atende ao clamor do bugrino passional que vota, e por extensão com influência no processo pró candidatura da situação.
Caso a diretoria não tivesse mexido na comissão técnica, evidente que vários eleitores da situação tenderiam a migrar à oposição, em última análise como voto de protesto.
Enfim, os fatos estão aí para análise racional.
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