Copa do Catar: É preciso redescobrir a Seleção Brasileira

O brasileiro que nasceu depois de 1998 não sabe o que é ver o Brasil ser campeão do mundo. É preciso buscar o título no Catar e reinventarmos a nossa Seleção

Quando a bola começar a rolar, em novembro, em Doha, os torcedores brasileiros precisam redescobrir a seleção brasileira

Selecao Rumo a Doha
RUMO A DOHA, por Vicente Datolli

Campinas, SP, 30 (AFI) – O brasileiro que nasceu depois de 1998 não sabe o que é ver o Brasil ser campeão do mundo.
Antes que digam que ganhamos o título em 2002, na Copa do Japão/Coreia do Sul, esclareço que uma criança com quatro anos normalmente não se liga em futebol.
Sequer sabe o que é Copa do Mundo – exceções existem, é claro.
O que isso quer dizer? Que já temos pelo menos três gerações de torcedores que não sabem o que é gritar “é tetra!”, “é penta!”… Que dirá “é hexa!”.
Temos de voltar a ser campeões, sentirmos que somos representados por aqueles jogadores que entrarão em campo com a amarelinha.
Esse distanciamento (inclusive lembrando que a maioria dos jogadores atuam fora do país) está fazendo mal ao futebol brasileiro.
SEM CONTAR VANTAGEM
Não, não adianta dizer que o Palmeiras é bicampeão da Libertadores e está mais uma vez na semifinal; não vale falar que o Flamengo caminha para ser finalista pela mesma competição continental pela terceira vez em quatro anos; ignore que dominamos o futebol (de clubes) no continente e que nossa seleção se classificou com imensa facilidade para o Mundial do Qatar.
Falta o título, falta gritar “é campeão”!
Essa distância, essa falta de sintonia entre nossa seleção e nosso povo, criou uma série de situações que nós, torcedores mais velhos, sintamos falta de diversas coisas que eram normais.
Quem não se lembra das ruas pintadas e enfeitadas, dos amigos reunidos para ver o jogo da seleção, da emoção a cada gol marcado e da tristeza dos gols sofridos?

Seleção-Brasileira-1982-Telê-Santana
Telê santa comandou a famosa Seleção de 82 na Espanha

A SELEÇÃO DE 82
Tente explicar a um jovem que a seleção de 82, que não ganhou a Copa, faz parte do imaginário do que é um futebol bem jogado. Ou, pior: justifique termos sido eliminados nos últimos mundiais quando cruzamos com uma seleção europeia (nem tão forte assim), quando dizemos que somos donos do melhor futebol do mundo.
A tarefa dessa seleção que vai enfrentar, na primeira fase do Mundial do Qatar, Sérvia, Camarões e Suíça, passa muito por isso: recuperar o coração do torcedor brasileiro.
Não adianta camisa nova e bonita; não adianta discurso empolado; esqueçam os penteados multicoloridos e “de moda”. O que o torcedor quer e precisa é de um time que honre a camisa, que entre em campo para correr, brigar, disputar, valorizar o nome Brasil.
Se o título vier, ótimo, mas importante é que retorne essa conexão.
Quando a bola começar a rolar, em novembro, em Doha, os torcedores brasileiros precisam redescobrir a seleção brasileira. É preciso que comissão técnica e jogadores tenham isso em mente.

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