Ronaldo assume comando do Cruzeiro e busca patrocínios
"A gente está negociando novas cotas da camisa, e estamos bem próximos de fechar uma novidade bem bacana que vamos trazer já, já. Tem muita gente bacana querendo entrar no projeto novo do Cruzeiro."
Após aval dos conselheiros, Ronaldo intensifica busca por novos parceiros para SAF.
Belo Horizonte, MG, 12 – Depois do sinal verde dos conselheiros do Cruzeiro, Ronaldo respirou fundo, agradeceu a confiança do clube que o lançou e tratou de arregaçar as mangas para trabalhar. Seu foco agora é buscar dinheiro para o time. Ronaldo vai rever os cinco contratos que o clube tem em sua camisa, o principal deles com o BH Supermercados, de Pedro Lourenço, cujo faturamento no ano passado bateu em R$ 11 bilhões. O vínculo da empresa vai até o fim de 2023. Foi o grupo na área de venda de alimentos que segurou a onda da equipe nas últimas temporadas, inclusive adiantando valores para bancar dívidas e evitar o risco de não poder jogar.
Ronaldo vai sentar-se à mesa com Pedro e seus pares a fim de discutir valores de novos contratos de patrocínio. Até o fim do ano, não pretende mudar o que está combinado. Mas também não vai esperar pelo fim da Série B para negociar acordos. Ronaldo quer “vender” o projeto do Cruzeiro, independentemente de sua campanha de acesso no Campeonato Brasileiro. Na estreia, o time perdeu para o Bahia.
NEGÓCIOS
Atualmente, o BH Supermercados é o maior parceiro do Cruzeiro. É possível que o clube tenha pendências com a empresa na ordem de R$ 50 milhões – nenhuma das partes revela isso. O fato é que Ronaldo olha para o mercado com bons olhos. O clima é de otimismo na Toca da Raposa. O novo dono do clube tem na manga algumas negociações encaminhadas, mas não revela. No dia 18, poderá assinar, finalmente, toda a papelada assumindo oficialmente o comando do time.
“A gente está negociando novas cotas da camisa, e estamos bem próximos de fechar uma novidade bem bacana que vamos trazer já, já. Tem muita gente bacana querendo entrar no projeto novo do Cruzeiro. A gente vê as melhores opções para fechar o melhor projeto, mas está bem legal o interesse pela camisa do Cruzeiro e pelas outras entregas que podemos ter”, afirmou Ronaldo na semana passada.
Mais do que o aporte financeiro para as dívidas de curto prazo do clube, com execuções iminentes, e a ingestão de alento ao torcedor que tanto sofreu com elencos fracos e com o time enterrado na Série B nas duas últimas temporada (esta é a terceira), o agora CEO do Cruzeiro tem certeza de que mudou o status da equipe no mercado. Gozando de sua imagem vencedora como atleta, aliado ao perfil arrojado de empresário, o Fenômeno abre portas que até pouco tempo atrás estavam fechadas ao clube.
NOVOS PARCEIROS
Paralelamente, enquanto trabalhava a aprovação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), que foi sacramentada no último dia 4, Ronaldo nunca deixou de buscar parceiros comerciais, o que o ajudaria a cobrir o rombo e a trazer investimentos para o time. No dia da aprovação dos conselheiros do clube, ele revelou que algumas empresas do Brasil estavam dispostas a associar sua marca ao Cruzeiro – não revelou quais seriam e como seriam esses negócios. Ronaldo não esconde que sua intenção é subir com o time para a primeira divisão, triplicando assim o faturamento do clube.
Ainda que o nome de um novo patrocinador e posição na camisa sejam mantidos em segredo, o Cruzeiro deverá anunciar nos próximos dias ao menos mais um acordo, que se somaria aos cinco patrocinados que tem atualmente no uniforme. Seu desafio é fazer com que esses acordos consigam dar viabilidade à operação. São R$ 50 milhões de investimentos imediatos, a promessa de injetar mais R$ 350 milhões, pagar R$ 200 milhões de dívidas tributárias até 2032 e fazer o time jogar.
Em 2023, porém, segundo apurou a reportagem do Estadão, a história deverá mudar um pouco. Ronaldo tem conversas adiantadas com interessados em ocupar o lugar mais nobre na camisa do time, apesar do vínculo com o BH Supermercados até dezembro do mesmo ano – que pode ser rompido, caso apareça alguma oferta atrativa. Porém, isso dependerá de qual divisão o clube estará ao fim do ano. Caso volte à elite, a tendência é de troca de patrocinador. Entretanto, a empresa do ramo varejista, que bancou parte da manutenção da equipe nos dois últimos anos, ainda mantém conversas e estaria disposta a investir mais no futebol, auxiliando na contratação de um jogador de peso para 2023.
CONCORRÊNCIA
EFEITO TEXTOR – O duelo entre Botafogo e Corinthians, disputado no domingo, pela primeira rodada do Brasileirão, trouxe aos espectadores uma situação incomum: o time da estrela solitária entrou em campo com uma camisa “limpa”, tal qual seu escudo, com um único patrocínio localizado na manga esquerda. Para quem já acompanhava o dia a dia do clube de General Severiano, essa já era uma “pedra cantada” desde fevereiro, quando o CEO do clube, John Textor manifestou o desejo de fazer da camisa um espaço mais valorizado.
“Hoje optei por rejeitar formalmente vários acordos comerciais que acredito dificultar a globalização da nossa gloriosa marca Botafogo, contratos que acredito não refletirem os objetivos estratégicos do novo Botafogo FR SAF. O cancelamento desses contratos de uniformes, patrocínios, entre outros, abrirá caminho para uma infinidade de novas oportunidades e acordos que refletirão melhor esse momento histórico do nosso clube e apoiarão melhor nossas ambições de construir uma nova tradição de sucesso para o Mais Tradicional”, afirmou, à época, o investidor americano.
A ideia de Textor é colocar no Botafogo uma lógica de mercado onde menos espaços da camisa serão vendidos e, com isso, o investidor sinta-se tentado em pagar mais para maior exposição da sua marca sem “poluição”, o inverso do que os clubes brasileiros fizeram nos últimos anos, quase sempre fatiando seus espaços por dinheiro.
Em Minas, a tendência é que o Cruzeiro siga essa lógica a partir dos próximos contratos. Se em 2009, quando chegou ao Corinthians, Ronaldo foi um case no mercado ao trazer vários patrocinadores para o uniforme do clube do Parque São Jorge, o que fez que a camisa tivesse estampa de marcas até mesmo nas axilas, o Fenômeno agora almeja a valorização do uniforme no formato “mais europeu”.
Uma campanha vitoriosa na Série B ajudará muito nessa caminhada. O time nem precisa ganhar a competição, mas se posicionar no fim entre os quatro que subirão em 2023. Um novo fracasso pode atrapalhar tudo, No Mineirão, após a derrota para o Atlético na final, o torcedor gostou do time na competição. Nesta terça, o Cruzeiro encara o Brusque, também no Gigante da Pampulha, na segunda etapa dessa missão. Após a derrota para o Bahia, na estreia, a esperança é que o Cruzeiro dê uma resposta positiva em campo, como vem dando, aos poucos, ao mercado.