Rincón, mais uma história de meia que se adapta como volante
Miramos o perfil de Rincón enquanto volante, como mais um dos incontáveis exemplos do passado de meia que, no transcorrer da carreira, foi adaptado à função de volante.
Campinas, SP, 14 (AFI) – Rincón morreu na Colômbia. Registro da morte e trajetória do colombiano e ex-jogador de futebol Fred Rincón foram detalhados na maioria dos veículos de comunicação da América do Sul, e nem vem ao caso ser repetido aqui.
Como é praxe, neste espaço, busca-se por ganchos diferenciados, que nos remetem à reflexão. Assim, miremos no perfil de Rincón enquanto volante, como mais um dos incontáveis exemplos do passado de meia que, no transcorrer da carreira, foi adaptado à função de volante.
BLOG DO ARI – CLIQUE E DÊ SUA OPINIÃO !
DINO, NAIR E MACALÉ
Viagem no tempo que beira 60 anos mostra pelo menos três exemplos práticos desta transformação: Dino Sani e os saudosos Tião Macalé e Nair, todos de estilo técnico, organizadores de jogadas e visão privilegiada.
Dino foi meia no São Paulo, mas se adaptou facilmente à função de volante no Corinthians, ao formar dupla de meio de campo com Roberto Rivelino, nos tempos do prevalecimento do esquema 4-2-4, nos anos 60.
Tião Macalé foi um meia de armação reserva do também falecido Didi no Botafogo do Rio de Janeiro, no final da década de 50, mas, anos depois, no Guarani, foi transformado em volante clássico que ainda adicionava o estilo guerreiro.
A história de Nair se assemelha à Macalé, na trajetória em Botafogo de Ribeirão Preto e Portuguesa.
ZÉ CARLOS BERNARDES
Exemplos estão aí aos montes desta mudança, como João Leal Neto e Joaquinzinho na Ponte Preta; Éderson, Paulo Isidoro e principalmente o saudoso Zé Carlos Bernardes, campeão brasileiro de 1978, no Guarani.
Provavelmente o também saudoso meia Henrique, formado na base do Guarani, deve ter se inspirado no ídolo Zé Carlos para, no Vasco, se transformar em volante.
LUXEMBURGO
Logo, o treinador Vanderlei Luxemburgo, com a devida percepção da facilidade de assimilação de meias de organização em volantes, trocou o posicionamento do colombiano, quando juntos trabalharam no Corinthians, na década de 90.
Rincón se adaptou à nova função e assim ajudou a qualificar a saída de bola da defesa.
Por confiar em seu ‘taco’, sabia se desvencilhar de adversários, se necessário fosse, e assim as jogadas fluíam naturalmente ao ataque, contrastando com os atuais volantes – chamados de brucutus – que se restringem à forte pegada, picotam o jogo, abusam de cartões amarelos e não se constrangem ao recuo desnecessário de bola a zagueiros, laterais e goleiros.
Já não cabe citação de mera formalidade para que Rincón descanse em paz, porque ele já não nos lê e nem nos ouve.
Fiquemos então com a imagem dele como um dos mais aprovados exemplos de mudança de posição em clubes do futebol brasileiro.