Respeita nossa história: o legado do povo preto nas seleções de futebol

Só o Brasil conquistou cinco títulos e todos eles com a presença de jogadores negros na escalação. O maior deles, Pelé, é negro e brasileiro.

No quarto episódio do podcast ‘Na Raça’, foi abordada a presença dos negros nas diversas seleções do mundo e trouxe uns insights.

Equador pode se classificar com um empate
Equador é formado por negros (Foto: Divulgação - Seleção do Equador)

* Por Maíra Ribeiro

São Paulo, SP, 28 (AFI) – Do ‘Diamante Negro’ aos leões indomáveis, do estilo nigeriano às vuvuzelas nas arquibancadas, ao longo da história do futebol os atletas negros e as seleções africanas escreveram um capítulo cheio de conquistas e beleza. No quarto episódio do podcast ‘Na Raça’, foi abordada a presença dos negros nas diversas seleções do mundo e trouxe uns insights.

Só o Brasil conquistou cinco títulos e todos eles com a presença de jogadores negros na escalação. O maior deles, Pelé, é negro e brasileiro. O atleta deixou sua marca no futebol mundial, sendo lembrado e adorado por todos até os dias de hoje.

Mas, infelizmente, isso não acontece com todos os negros. Nas primeiras edições do principal campeonato de futebol do mundo foi dito que o goleiro negro daria azar e que a seleção sempre perdia com a presença de um.

REFLEXO DO RACISMO
Depois disso, ainda havia reflexo do racismo, já que os times e seleções não queriam goleiros negros para defender o brasão. O ex-técnico do Uruguai, Óscar Tabárez, dizia que o futebol tem um papel social muito forte e que um país predominantemente branco como o Uruguai, tinha a presença de atletas negros que eram respeitados e queridos, como deveria ser em qualquer lugar. 

Pelé comemora 82 anos
Pelé: o maior jogador de todos os tempos. Foto: Reprodução Arquivo Pessoal

Sabemos que nem sempre é assim. Hoje, ainda não é possível dizer que o mundo do futebol está livre da discriminação e do preconceito. Em alguns países europeus, temos uma grande população de imigrantes e negros, e muitas vezes, fora ou dentro de campo são julgados por erros que não pertencem a eles.

Segundo o jogador Romelu Lukaku, da seleção belga, quando ele acerta dentro de campo, ele é belga, mas, quando erra, deixa de ser. E isso, infelizmente, acaba sendo algo que muitos jogadores negros passam em diversos países.

SELEÇÕES E JOGADORES NEGROS

Ao longo da história do campeonato, as seleções africanas nunca estiveram nas primeiras colocações do mundial. Mas, é nítido perceber que muitos times vencedores contavam com excelentes jogadores negros sendo responsáveis por muitos títulos.

Estão sempre presentes nos jogos, ganhando medalhas e levando muitos grupos ao topo do pódio. A mão de obra negra dentro dos gramados é visível e sabemos que o futebol acaba sendo um espelho da sociedade. Será que o próximo passo é ter mais pessoas pretas como dirigentes no futebol? 

Um movimento diferente que estamos percebendo atualmente, são alguns poucos jogadores negros escolhendo o país dos seus pais e avós para jogar nas competições. Com o tempo, a comunidade negra está ganhando consciência da importância de participar das seleções africanas e fazer a diferença nesses países.

RECONHECIDO PELA QUALIDADE TÉCNICA
Não restam dúvidas que o  jogador negro é reconhecido pela sua qualidade técnica dentro de campo. A grande questão é: a bolha branca em que ele é colocado fora dos gramados interfere na percepção com relação à importância do negro no esporte?

O que falta é conscientização, e isso vem mudando com a nova geração de atletas que se posiciona e enriquecem este debate, como Paulinho, Vini Jr e  Richarlison!

real madrid - vini jr
Vinícius Júnior sofreu preconceito na Europa (Reprodução – Instagram – Vinícius Jr.)

E por último, mas não menos importante, é o futebol das meninas, que acaba não recebendo muita atenção e, assim como no time masculino, conta com muitas jogadoras negras que se destacam e fazem história. Mas, o papel dessas mulheres é ainda mais difícil, visto que o esporte anda a passos lentos quando se trata de reconhecer essas meninas e dar melhores condições de carreira dentro do esporte. Muitas dependem do apoio financeiro das famílias e até precisam de outros empregos para se sustentar e seguir jogando.

HISTÓRIA EXIGE RESPEITO

O racismo no futebol ainda existe, mas é evidente o reconhecimento da participação dos atletas pretos no desenvolvimento do futebol mundial. Estamos em todos os cantos, estamos em todos os campos! Respeita nossa história!!

  • * Maíra Ribeiro é diretora do Podcast ‘Na Raça’, coordenadora de pós-produção da NWB e membro do Comitê de Diversidade e Antirracismo da NWB, content tech que forma a maior rede digital esportiva no Brasil e gera conexão de milhões de fãs com criadores e marcas pela paixão do esporte.

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