Raí e Juninho perderam posição em Copas: reservas de Tite tentam ganhar espaço

A história da Seleção mostra a ascensão de craques que precisaram buscar espaço no time principal

Reservas de Tite terão grande chance de mostrar serviço diante de Camarões

Alex Telles seleção brasileira na Copa do Mundo
Allex Telles está fora da Copa do Mundo do Catar (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Mais do que rodar o elenco e dar maior tempo de recuperação aos titulares, a escalação de uma equipe totalmente reserva diante de Camarões nesta sexta-feira permitirá à comissão técnica da seleção brasileira avaliar melhor o grupo para o restante da Copa do Mundo. Tite disse na quinta-feira que ”o campo fala” e a história mostra que é muito difícil o Brasil usar o mesmo time do início ao fim de uma competição. Isso aconteceu apenas na campanha do Tri, em 1970, quando o time era liderado por Pelé, atualmente com 82 anos.

Mesmo nos dois últimos títulos da seleção houve mudanças no decorrer do Mundial. Talvez a mais impressionante delas tenha sido a saída de Raí na Copa do Mundo de 1994. Camisa 10 e capitão do time, ele foi sacado pelo técnico Carlos Alberto Parreira por opção técnica depois da primeira fase e não voltou mais, perdendo a vaga para Mazinho.

Oito anos depois, em 2002, foi a vez de Juninho Paulista sair do time nas quartas de final e não retomar mais para equipe titular. À época, o técnico Luiz Felipe Scolari optou por colocar Kleberson nas quartas de final, diante da Inglaterra, e manteve o jogador na equipe até a decisão com a Alemanha.

Hoje coordenador da seleção, Juninho lembrou desse episódio nesta semana para reforçar a importância do jogo da sexta para os atletas que irão a campo. ”O jogador da seleção não tem esse sentimento de titular e reserva. Passei por isso em 2002, comecei jogando e depois entrou o Kleberson, que jogou muito bem até a final. São todos importantes”, lembrou. ”Hoje, cada dia mais, quem não inicia a partida acaba sendo importante dentro da mesma partida. Estão todos atentos para contribuir quando surgir a oportunidade.”

Indo mais fundo na história da seleção, na Copa de 1958, quando o Brasil conquistou seu primeiro título, Pelé e Garrincha iniciaram aquela campanha no banco de reservas. Mas terminaram incontestáveis entre os titulares, que brilharam no Mundial disputado na Suécia.

RESERVAS DE TITE

Assim, os 11 que irão a campo contra Camarões terão uma grande chance de mostrar serviço – e alguns deles, quem sabe, até de se firmar no time. Alex Telles, por exemplo, é o reserva imediato de Alex Sandro, que se recupera de lesão muscular no quadril. Caso o lateral da Juventus não retorne para as oitavas, o ala do Sevilla poderá emendar duas partidas entre os titulares e ganhar de vez a posição, o que era inimaginável há alguns meses, uma vez que Telles estava atrás na corrida para ser convocado, mas se beneficiou da lesão de Guilherme Arana.

Há ainda o caso de Neymar. Ninguém duvida que o jogador será titular da seleção quando tiver condições físicas para isso, mas o problema é que não há certeza de quando isso irá acontecer. Rodrygo foi bem quando entrou, será titular nesta sexta e, se tiver bom desempenho, provavelmente ocupará a vaga do principal jogador da seleção até ele voltar.

Tite destacou essa concorrência na véspera do jogo com Camarões. O treinador se habituou a dizer que não tem apenas 11 titulares. ”Só posso mensurar quantos atletas posso utilizar em sequência com eles produzindo em campo. É uma oportunidade de alto nível para eles competirem. Temos 26 atletas de altíssimo nível. Quem vai jogar? Aí, você pega o Fabinho titular no Liverpool, Ederson no City, Martinelli e Jesus no Arsenal… É muita competição. E dou as melhores condições para que eles compitam no mais alto nível”.

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