Relatório aponta desorganização e erros nas finanças do Guarani
Um relatório divulgado nesta semana apontou desorganização, erros grosseiros e ausência de informações sobre a evolução das dívidas e as receitas do Guarani.
O Guarani, em processo de recuperação judicial, enfrenta uma crise financeira marcada por prejuízos e falta de transparência
Campinas, SP, 19 (AFI) – O Guarani, em processo de recuperação judicial, enfrenta uma crise financeira marcada por prejuízos e falta de transparência em seus registros contábeis. Um relatório divulgado pela ADMINISTRADORA JUDICIAL – RJ (Recuperação Judicial) nesta semana apontou desorganização, erros grosseiros e ausência de informações sobre a evolução das dívidas e das receitas de diversas contas do clube. A informação é do contador Edivalmir Antonio Massa. (OUÇA ABAIXO O ALERTA DELE!)
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O relatório oficial vai de encontro com os dados levantados, anteriormente, por uma análise de dados de 2018 a abril de 2024 e feita pelo contador Edivalmir Antonio Massa, contratado por Vicente de Paulo B. M. Souza, o Paulinho Souza, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Guarani. A fonte utilizada foi o próprio canal de transparência, disponível no site oficial do clube.
ANÁLISE 2018 E 2019
O relatório detalha alguns pontos importantes e dúvidas ano a ano. Em 2018, por exemplo, registra que na conta de Formação de Atletas, havia cerca de R$ 6 milhões, e que as contas Adiantamento a Fornecedores e Direitos Federativos de Atletas Formados e Contratados estavam zeradas.
Em 2019, a primeira dúvida aparece logo de cara, pois em janeiro é registrado que a conta Formação de Atletas têm apenas R$ 1,7 milhão, sem um balancete para explicar a queda. A conta termina 2019 com um valor de R$ 3,2 milhões.
A conta Direitos Federativos de Atletas Formados e Contratados, zerada no fim de 2018, subiu para R$ 13 milhões no início de 2019 e terminou o ano com R$ 22,9 milhões. Entretanto, não lista dos jogadores que subiram ao profissional ou foram contratados para explicar os valores.
2020
Em 2020, essa mesma conta de Direitos Federativos de Atletas Formados e Contratados não tem registrada nenhuma movimentação.
“O Guarani não negociou nenhum jogador e nenhum jogador da base subiu ou foi desligado?”, indagou o contador no relatório.
Alguns valores adiantados a fornecedores também despertaram dúvida pelo valor incomum: R$ 22,50, R$ 15,39 e R$ 19,30.
“Que tipo de serviço ou mercadoria comprada desses fornecedores, que o Guarani teve que adiantar para ele entregar o serviço ou a mercadoria depois?”, questionou.
2021 – BASE TERCEIRIZADA?
O relatório aponta que a conta Formação de Atletas terminou o ano zerada, o que levanta o questionamento se a base foi terceirizada. Isso explicaria a movimentação, mas ainda faltaria o contrato da terceirização e os moldes da transação.
A conta Direitos Econômicos que tinha no fim de 2020 R$ 22,9 milhões, sendo R$ 12 milhões de atletas contratados e R$ 10,9 milhões de atletas formados simplesmente sumiu, não aparecendo no balancete.
“O Guarani perdeu os direitos econômicos de todos os jogadores? Tem a listagem dos jogadores formados e contratados que compunham esse valor que sumiu de um ano para o outro?”, questiona o relatório.
2022 SEM DIREITOS ECONÔNICOS
A conta Direitos Econômicos não teve movimentação, seguindo zerada. Os adiantamentos feitos a fornecedores saltou de R$ 156 mil para R$ 698 mil, sem anexar os contratos feitos para saber os prazos de entregas dos serviços e/ou mercadorias compradas.
2023 – RETIFICAÇÃO EM BALANCETES
A desorganização ainda fez com que documentos fossem retificados em 2023. A conta Direitos Econômicos de Atletas Contratados. Após uma movimentação de R$ 200 mil, o saldo foi zerado e seguiu assim até setembro. Depois, no balancete de outubro, é apontado um saldo inicial de R$ 450 mil. Depois, foram retificados para saldo inicial em janeiro zerado, findando o ano com R$ 500 mil.
Houve ainda outro aumento nos adiantamentos a fornecedores, batendo R$ 1,6 milhão, sem contratos dos serviços e/ou mercadorias compradas.
2024 – VALORES EXPLODEM NO GUARANI
Neste ano, em apenas quatro meses disponibilizados, os adiantamentos a fornecedores aumentaram para R$ 4,3 milhões. Para uma categoria “participantes diversos”, o valor é de R$ 852 mil.
“Qual o motivo de o Guarani ter tantos Fornecedores que solicitam adiantamento pelo serviço e mercadorias a serem entregues? Existem contratos de prestação de serviços e/ou de fornecimento de mercadorias, onde pode ser auditado o que foi contratado e o prazo de entrega?”, questiona o contador.
A conta Direitos Econômicos iniciou com R$ 500 mil e permanece com o mesmo saldo, levantando outro questionamento:
“Em 2024 (janeiro a abril) o Guarani não contratou nenhum atleta para a disputa do Paulista?”, questiona.
AUDITORIA INDEPENDENTE? NADA DISSO!
No fim do relatório, o contador Edivalmir Massa afirma que a “contabilidade do Guarani tem algumas movimentações estranhas, que precisam ser esclarecidas”. Afirmou ainda que “fica claro a deficiência da gestão e controles do clube”.
Ele não encontrou nenhum parecer de auditores independentes. Encontrou apenas um parecer da auditoria BDO sobre os dados de 2020. Entretanto, o auditor independente não emitiu opinião, pois encontrou limitações, pois não recebeu nenhuma das informações solicitadas.