Quem quiser ficar com tocha dos Jogos Olímpicos do Rio tem de pagar R$ 2 mil

A cobrança já ocorreu em outras edições da Olimpíada, mas o que chama atenção é o alto preço da versão brasileira

A cobrança já ocorreu em outras edições da Olimpíada, mas o que chama atenção é o alto preço da versão brasileira

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São Paulo, SP – Boa parte das 12 mil pessoas que vão carregar a tocha olímpica pelo Brasil, no revezamento que começa nesta terça-feira, não vão conseguir ficar com o símbolo dos Jogos como lembrança. Para subsidiar o custo de produção, está sendo cobrado R$ 1.985,19 para cada tocha. Alguns patrocinadores já avisaram que vão presentear seus convidados com ela, mas muita gente terá de gastar para levar o souvenir como lembrança.

A cobrança já ocorreu em outras edições da Olimpíada, mas o que chama atenção é o alto preço da versão brasileira. A tocha é fabricada na Recam Làser S. L., da Espanha, que também fez o símbolo dos Jogos de Barcelona, em 1992. É uma indústria de médio porte, que ganhou uma concorrência por ter experiência no assunto e bom preço.

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Em uma fábrica desse porte, um molde para fazer uma peça de resina pode chegar a R$ 200 mil. Multiplique esse valor por dezenas de moldes e chega-se a um número milionário para confeccionar as tochas. Por isso, o Comitê Rio-2016 optou por cobrar por cada unidade, a fim de subsidiar todos os custos de fabricação.

Para o COI (Comitê Olímpico Internacional) não existe problema na cobrança e a entidade não interfere no processo, que é sempre de responsabilidade do Comitê Organizador Local dos Jogos. A explicação é que essa é uma prática autorizada e que cabe a cada comitê decidir como proceder. Nenhuma taxa vai para o COI e a entidade também não estabelece regras para os preços.

Nos Jogos de Londres em 2012, por exemplo, os valores cobrados eram de 495 libras esterlinas, o equivalente hoje a R$ 2,5 mil. O que o COI não permite é o comércio das vagas para levar a tocha. Em 2012, alguns casos foram descobertos de pessoas que, depois de receberem o convite para carregar o símbolo olímpico, tentaram lucrar vendendo seu lugar.

Como está trabalhando com o orçamento apertado, o Comitê Rio-2016 não vai presentear seus convidados com as tochas, ou seja, quem carregar o símbolo olímpico a convite do comitê terá de pagar se quiser ficar com a tocha como lembrança. Isso vale também para muitos convidados de prefeituras e de comitês olímpicos internacionais que estarão no revezamento. Os convidados do Bradesco (1.718 pessoas) e da Coca-Cola (2.400) vão poder levar a tocha de presente para casa. Já a Nissan, que terá 1.770 pessoas no revezamento, ainda está definindo como fará.

“Desde quando foi lançado o layout da tocha, que tem esse mecanismo que abre, a gente já tinha uma ideia do custo. A gente tem um plano de comunicação com os nossos condutores e vamos presentear todos com a tocha, isso estava previsto no nosso planejamento. É super relevante, é emocional. A tocha queimada vale mais que a nova, a gente sempre brinca com isso”, disse Fabio Dragone, superintendente executivo de marketing do Bradesco e responsável pelo projeto olímpico.

A Coca-Cola também avisou todos seus condutores que vai bancar os custos da compra das tochas. “A Coca-Cola desenvolve há alguns anos um programa de relacionamento com os seus condutores, com uma forma de prover uma experiência que não dure apenas cinco minutos. Por isso, presenteamos cada um dos nossos 2.400 condutores com esse símbolo único que é a Tocha Olímpica Rio 2016”.