Quanta mudança na forma de fazer o jornalismo

Em vez de perguntar, o entrevistador afirma. Por vezes, a pergunta é mais alongada de que a resposta. O que tenho visto de uns tempos é estarrecedor.

Aquela liberdade do repórter esportivo exercer a sua função em clube foi pro espaço, e o reflexo disso foi o comodismo da maioria

Palmeiras-Abel-Ferreira
Abel reclama de mudança de final. (Foto: SEP - Oficial)

Campinas, SP, 23 (AFI) – Na minha escola prática de jornalismo aprendi com os mestres que o entrevistador tem que saber perguntar e, com habilidade, arrancar do entrevistado coisas que supostamente ele pretende esconder.

Todavia, o que tenho visto de uns tempos a essa parte é estarrecedor.

Em vez de perguntar, o entrevistador afirma.

Por vezes, a pergunta é mais alongada de que a resposta.

Quando eu ‘batia cartão’ e fazia reportagem ou editava, por princípio ouvia os dois lados do fato.

Isso era questão imprescindível.

Essa postura foi implantada por um jornal da capital paulista no início da década de 80 e copiada, então, pela maioria.

Logo, com versões dos envolvidos, jamais havia motivo para se curvar às intimidações de poder público ou de instituição civil em geral.

MUDANÇA

‘O tempo passa’, dizia o saudoso locutor Fiori Gigliotti. E as coisas foram mudando.

Aquela liberdade do repórter esportivo exercer a sua função em clube foi pro espaço, e o reflexo disso foi o comodismo da maioria, que admite com naturalidade subserviência às informações repassadas pelo assessor de imprensa.

Graça ao bom Deus, com aposentadoria de vários anos, não preciso me submeter a esse indesejado papel.

Confira também: