Presidente afastado da Federação do MS volta a ser preso

Francisco Cezário volta à prisão por descumprir ordens judiciais

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Gaeco cumpre ordem de prisão

Campo Grande, MS, 28 (AFI) – Presidente afastado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), Francisco Cezário de Oliveira voltou a ser preso na manhã desta quarta-feira. O dirigente de 78 anos estava em sua casa, em Campo Grande, e foi levado por uma viatura do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Francisco Cezário já havia sido preso em maio, mas deixou a prisão após um mal súbito devido à notícia de falecimento de sua irmã. Foi autorizado ele ficar em casa, com tornozeleira eletrônica, desde que fossem cumpridas certas exigências judiciais.

Francisco Cezário volta à prisão por descumprir tais ordens judiciais. Ele fez reuniões em sua casa com dirigentes de clubes, mesmo impedido de exercer qualquer função na FFMS. Também foi cumprido mandado de busca e apreensão no imóvel do ex-dirigente.

“Verificou-se que, a despeito da proibição judicial, o ex-dirigente continuava a participar, nos bastidores, dos rumos da entidade, articulando com aliados e fazendo reuniões em sua residência com presidentes de clubes e dirigentes esportivos, além de acompanhar de perto as reuniões que ocorriam no âmbito da FFMS”, explicou o Gaeco.

REUNIÕES COM DIRIGENTES

No pedido de prisão, foi relatada uma reunião em 6 de agosto, véspera da Assembleia Geral da FFMS. Giovani Jolando Marques, do Operário AC, e Ari Silas Portugal, do Comercial, estiveram presentes.

Luiz Bosco da Silva Delgado, do Corumbaense, e Júlio Brant, executivo da FFMS, também se reuniram com Francisco Cezário após essa data.

PRESIDENTE INTERINO

Com o afastamento de Francisco Cezário, quem preside a FFMS de forma interina é Estevão Petrallas. A data de seu mandato interino iria até 25 de agosto, mas foi prorrogada pela CBF até 23 de novembro.

ENTENDA O CASO

Em maio, o Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MP-MS) deflagrou a ‘Operação Cartão Vermelho’, resultando na prisão do presidente Francisco Cezário de Oliveira. Ao todo, foram desviados mais de R$ 6 milhões entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023.

A operação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), com apoio da Polícia Militar, “com objetivo de desbaratar organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos no âmbito da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”.

O termo peculato é quando alguém usa dinheiro ou bens públicos de forma ilegal para benefício próprio.

INVESTIGAÇÃO DE QUASE 2 ANOS

Durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou na FFMS uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros.

SAQUES EM ESPÉCIE

Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da federação em valores não superiores a R$ 5 mil, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema.

Nessa modalidade, verificou-se que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3 milhões.

DESVIO DE DIÁRIAS DE HOTEL

A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado do MS em jogos do Campeonato Estadual.

Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da FFMS. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações.