Prefiro o treinador que saiba melhorar a condição técnica do atleta

Corinthians e São Paulo mostraram futebol bem aquém de suas tradições na vitória são-paulina

Prefiro o treinador que saiba melhorar a condição técnica do atleta

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Percebi que os parceiros da coluna, como torcedores passionais de Ponte Preta e Guarani, são avessos à discussão sobre trabalhos de treinadores.

Claro que os criticam, quando os resultados não aparecem. Todavia, ou há falta de sabedoria para detalhamento, ou evitam se expôr.

Vou debater a contratação do treinador Doriva e o futebol praticado pelo XV de Piracicaba – adversário do Guarani na semifinal do Paulista da A2 – em edições subsequentes.

O foco da coluna não é necessariamente o desenrolar da vitória do São Paulo sobre o Corinthians por 1 a 0, no Estádio do Morumbi, neste domingo, para um público de quase 44 mil pessoas, até porque o jogo foi ruim, mas tão ruim que até deu sono.

O fraco futebol de duas das principais agremiações do futebol brasileiro deveria abrir discussão sobre como se comporta a nova safra de treinadores comparativamente aos veteranos, já aposentados.

NOVO E O VELHO

Dias atrás um amigo jornalista defendeu veementemente o novo, com argumento que a safra é estudiosa, que busca subsídios em universidades e se atualiza com informações dos europeus.

Infelizmente ele e essa molecada que integra torcidas organizadas não vivenciaram a capacidade da treinadorzada da velha guarda de aprimorar a condição técnica dos jogadores.

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Mesmo desfalcado, o Corinthians é bem superior ao São Paulo, correto?

Ora, então por que o seu treinador, Fábio Carille, opta pela escalação de seu time com três volantes?

Por que deixa na reserva o driblador Pedrinho, um dos raros atletas de sua equipe capazes de penetrar na defesa são-paulina?

Dos pés de Pedrinho o Corinthians organizou as duas melhores jogadas da equipe, quando entrou na metade do segundo tempo.

Há treinadores que trabalham até razoavelmente o pré-jogo, mas quando a bola rola nem de longe engraxam o sapato da treinadorzada do passado.

TELÊ SANTANA

Já ilustrei aqui alguns exemplos de treinadores que melhoravam a condição técnica do atleta, com ênfase para o saudoso Telê Santana.

Na década de 90, sabendo que o atacante Palhinha não era cabeceador e precisava de opção no jogo aéreo no time são-paulino, o que fez Telê?

Adicionou ao meia Raí a característica de cabeceador. Exigiu que ele treinasse exaustivamente o cabeceio, e o resultado foi extremamente satisfatório.

Raí também não era cobrador de faltas, até que Telê o aconselhou a usar dois estilos nas definições das cobranças: bater com força na bola de longa distância e tirar da barreira perto da área.

Sucesso total.

Meses atrás encontrei o ex-treinador Wanderlei Paiva, que igualmente definiu como atribuição principal do comandante melhorar a condição técnica do atleta, em vez de se debruçar em mirabolantes esquemas táticos.

Eis aí um sugestivo tema para discussão. Bem melhor de que dispensáveis alfinetadas de um parceiro contra outro neste espaço, mesmo sendo torcedores de mesma equipe.