Piauiense: Técnico iraniano pede demissão do Comercial, após ataques xenofóbicos em sua estreia

Contratado no dia 31 de janeiro, Koosha Delshad pediu demissão nesta quinta-feira, após sofrer ataques xenofóbicos da própria torcida, em sua estreia

Koosha Delshad publicou uma nota sobre sua demissão, onde relatou os xingamentos que sofreu durante os 90 minutos de partida

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Koosha Delshad tinha a Licença A da CBF (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Campo Maior, PI, 02 (AFI) – Durou apenas dois dias a permanência do técnico iraniano Koosha Delshad no Comercial . Contratado no dia 31 de janeiro, o treinador pediu demissão nesta quinta-feira, após sofrer ataques xenofóbicos da própria torcida, em sua estreia. O Bode acabou derrotado para o River por 4 a 0, em duelo válido pela sexta rodada do Piauiense.

Em nota, Delshad afirmou que, desde o primeiro minuto de jogo sofreu diversos ataques por parte da torcida, como ser chamado de terrorista.

“Não acredito que um treinador que assuma um clube na zona de rebaixamento, que não pontua, não marca gols, com apenas dois dias de treinos faça milagre. Nem que ele mereça xingamentos preconceituosos e xenofóbicos, como gritos: ‘Hey, treinador terrorista!’ e etc”, escreveu o iraniano. Segundo ele, os ataques a seu trabalho começaram antes mesmo da primeira partida, ainda nas redes sociais.

O treinador ainda fez criticas ao clube, no qual o chama de “escolinha de futebol”, quando três jogadores anunciaram que não iriam ao campo. Os jogadores do Comercial estão sendo investigados pela Polícia Civil, por manipulações de resultados.

Delshad concluiu a licença A do curso da CBF para treinadores. Chegou ao Comercial-PI por meio de uma parceria que o clube firmou com a JK Sports, grupo de investimento com sede em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Por meio desta parceria, os investidores arcariam com metade das despesas do time durante o Campeonato Piauiense.

Antes mesmo do treinador chegar ao clube, o Comercial já ocupava a zona de rebaixamento da competição, com uma vitória em cinco jogos e três pontos somados.

CONFIRA A NOTA DE KOOSHA DELSHAD

Não acredito que um treinador que assuma um clube na zona de rebaixamento, que não pontua, não marca gols, com apenas dois dias de treinos faça milagre; nem que ele mereça xingamentos preconceituosos e xenofóbicos, como gritos: “Hey, treinador terrorista!” e etc. É inacreditável que essas ações tenham começado um dia antes nas redes sociais e continuado desde o primeiro minuto de jogo pelos torcedores que estavam ao lado do banco de reserva.

Mesmo tendo conhecimento da situação do clube, da falta de equipamentos necessários, assumi a parte técnica, mas não poderia imaginar que no dia do jogo três jogadores anunciariam que não entrariam no estádio! Foi quando percebi que eu não estava em clube profissional e sim em uma escolinha de futebol. Quero falar com torcedores que desde o aquecimento começaram a xingar, se vocês não gostam que eu esteja aí, ao menos gostem do clube.

Eu estava lá para ajudar o futebol da cidade, um clube tradicional que está vivendo uma situação anormal, mas percebi que não existe uma determinação por esse objetivo. Minha intenção foi ajudar, mas pela falta de apoio e pelos crimes de xenofobia durante os 90 minutos no estádio, eu renuncio ao cargo da parte técnica do Clube Comercial de Piauí. Tomara que um dia isso acabe no país do futebol.

COMERCIAL

O Comercial se solidarizou com o treinador e emitiu uma nota de repúdio contra os ataques xenófobos. Ainda na nota, o clube comunicou o fim da parceria com a empresa JK Esportes.

“O Comercial não compactua e repudia veementemente as atitudes de torcedores que tiveram um comportamento incomum em relação às ofensas direcionadas ao ex-treinador, Koosha Delshad, ocorridas na data de ontem após a derrota no jogo contra o River pelo Campeonato Piauiense, reiterando que, apesar do resultado negativo, nada justifica tais atitudes. Aproveitando a oportunidade pra informar que a parceria com a empresa JK Esportes (sic) foi encerrada”, afirmou o clube em nota.

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