PF faz busca em casa de ex-treinador do Palmeiras, que garante: 'Nunca fui chamado de corrupto'

Estevam Soares conversou com o Portal Futebol Interior no início da tarde desta quarta-feira e garantiu nunca ter caído em tentação

Indícios dão conta que apostadores sabiam que o Patrocinense sofreria dois ou mais gols durante o primeiro tempo contra a Inter, o que ocorreu

ESTEVAM
Estevam Soares no comando do Palmeiras

Campinas, SP, 26 (AFI) – Quarto colocado do Campeonato Brasileiro com o Palmeiras, em 2004, no primeiro ano após o retorno do time para a elite do futebol nacional, o técnico Estevam Soares precisou abrir as portas de sua casa para a Polícia Federal nesta quarta-feira. O treinador está sendo investigado por causa da suspeita de manipulação de resultados em um jogo da Série D entre Patrocinense e Inter de Limeira, pela sexta rodada. A partida em questão foi vencida pelo time paulista por 3 a 0 e teve o comandante como técnico da equipe mineira.

“A polícia me visitou para dar minha versão sobre o caso, mas fui pego totalmente de surpresa. Fiquei dois meses no Patrocinense e fiz o meu melhor. Trabalhei honestamente, como faço há 52 anos dentro do futebol, como treinador e jogador. Fiquei surpreso com essas denúncias”, disse o treinador, em entrevista exclusiva ao Portal Futebol Interior.

Estevam Soares desafiou alguém a provar que seu nome está envolvido no esquema de manipulação de resultados e revelou já ter sido tentado em várias oportunidades, como jogador e como treinador. “Não tenho medo de nada. Eu fico triste por meu nome estar envolvido. Eu sei o que eu fiz lá e na minha carreira inteira. Eu sei o quanto fui tentado como treinador e jogador a fazer coisas erradas. Já fui chamado de perna de pau, de craque, de gênio, de burro, mas nunca de corrupto. Isso é uma coisa minha e vou bater no meu peito. Quero ver alguém provar ao contrário.”

O treinador garantiu não aceitar esse tipo de conduta seja de quem for e, mais uma vez, afirmou não ter envolvimento e se colocou à disposição das autoridades. “Durante esses 52 anos, image o quanto já fui tentado e não tem acordo comigo sobre isso. É duro ver seu nome exposto nisso tudo. Eu estava coincidentemente no lugar errado e no momento errado”, finalizou.

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Estevam Soares comandou o Patrocinense em seis jogos, com quatro derrotas e dois empates. Deixou o clube ao sentir que não havia evolução no torneio. O Patrocinense é o lanterna do Grupo A7, com cinco pontos, e acabara d demitir outro treinador, Toninho Cobra.

Com 68 anos, Estevam Soares foi um ex-jogador com passagens por Guarani, Bahia, Ponte Preta, Sport, dentre outros. Como treinador, iniciou no Primavera, seu último clube como atleta, e viveu o seu auge em 2004, quando assumiu o Palmeiras.

Ele é um nômade do futebol brasileiro, tendo dirigido Portuguesa, Guarani, XV de Piracicaba, Grêmio Barueri, Ceará, São Caetano, Coritiba, Botafogo e muitas outras equipes.

O CASO!

A Polícia Federal iniciou, nesta quarta-feira, a Operação Jogo Limpo, que apura possível manipulação de resultado de uma partida válida pela Série D do Campeonato Brasileiro, disputada no interior de São Paulo no início de junho. Não foram divulgados mais informações do jogo, como times envolvidos, data e local exatos do evento.

Policiais federais cumpriram 11 mandados de busca e apreensão em Patrocínio (MG), São Paulo e São José do Rio Preto (SP) e Rio de Janeiro, Tanguá e Nova Friburgo (RJ). A investigação teve início depois de um ofício da CBF encaminhando relatório da Sportradar, empresa especializada em detecção de fraudes relacionadas a apostas com sede na Suíça.

O documento reportou movimentação anormal de apostas que indica que determinado time perderia o primeiro tempo da partida por ao menos dois gols. Segundo a empresa, 99% da movimentação de mercado para “totais de gols do primeiro tempo” na partida foram para esse resultado.

A equipe visitante sofreu três gols no primeiro tempo, um deles contra, da partida. Integrantes e ex-integrantes do time são alvos da operação. As investigações mostram que o clube contratou vários jogadores agenciados por uma empresa após acertar uma parceria. Se comprovados, os crimes contra a incerteza do resultado esportivo podem resultar em pena de dois a seis anos de reclusão pela Lei Geral do Esporte.

A PF divulgou que firmou parceria com a CBF para combater a manipulação de resultados. A entidade se comprometeu a compartilhar informações com a Polícia Federal sobre possíveis casos de manipulação identificados pela Sportradar, com quem a PF também acertou acordo para troca de informações.

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