Bauru, SP, 23 (AFI) – Nesta quarta-feira, se estivesse vivo, Pelé completaria 84 anos. Falecido desde 29 de dezembro de 2022, a memória do maior jogador de futebol de todos os tempos ainda necessita das devidas homenagens em Bauru, cidade onde passou toda a infância e metade da adolescência. Inclusive, foram as ruas Sete de Setembro, Gerson França, Rubens Arruda e Quintino Bocaiúva, todas ainda em paralelepípedo, que “viram” o menino Edson Arantes despontar como gênio e ganhar o apelido de Pelé.

Poucos no país sabem, mas Pelé foi fazer história no Santos após amistosos pelo Noroeste em 1954, com 14 anos de idade, logo depois de ser destaque no futebol de salão (hoje futsal) e no Baquinho, time júnior do Bauru Atlético Clube (BAC) onde seu pai, Dondinho, jogou profissionalmente após vir com toda a família de Três Corações (MG).

De acordo com pesquisas do departamento de comunicação do Noroeste, feitas com noticiários da época e memorialistas da cidade, é possível afirmar que Pelé treinou por diversas semanas no antigo estádio do Norusca, situado na rua Quintino Bocaiúva. Isso porque o Alfredão foi inaugurado apenas em 5 de junho de 1960, devido a sua antiga casa pegar fogo em 23 de novembro de 1958.

Na época em que treinou no Noroeste, ainda franzino, mas muito atrevido com a bola, ele fez trabalhos físicos, coletivos e realizou até amistosos. Os registros são escassos, mas, em um dos jogos, o garoto marcou quatro gols na goleada por 8 a 2 sobre um selecionado de Ibitinga (90 quilômetros de Bauru), em 29 de abril de 1954.

Naquele mesmo ano, mas pouco antes de ir para o Norusca, Pelé ficou ainda mais conhecido em toda a cidade ao ser campeão pelo Radium Futebol Clube, no Campeonato de Futebol de Salão de Bauru. Ele marcou 40 gols em 12 jogos, foi artilheiro e eleito craque do campeonato.

FOTO HISTÓRICA DE PELÉ

A raríssima foto de Pelé com a camisa do Noroeste, tirada em Ibitinga, foi trazida até Bauru em setembro deste ano, na 1ª Norusca Run, e presenteada à diretoria do Alvirrubro por Robinson Pinheiro (ator que interpreta Jesus Cristo há 40 anos na Via Sacra) e Euclides de Oliveira. Na imagem, a equipe noroestina está com uniforme todo branco, e Pelé é o terceiro agachado, da esquerda para a direita.

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CURIOSIDADES DO REI

Segundo Luciano Dias Pires, memorialista e editor do extinto Bauru Ilustrado, o pai de Pelé tinha até acertado o salário do menino com o Noroeste, mas queria mostrar o futebol do filho no CT do Santos. A promessa era de que ele voltaria a Bauru, ao Norusca, mas isso não aconteceu porque o time da Vila Belmiro fez uma proposta irrecusável para Dondinho e a mãe, Celeste. A torcida do Alvirrubro, na época, não perdoou, mas décadas depois o episódio foi considerado uma página virada, afirma o clube.

O jornalista Erlinton Goulart, do Futebol Bauru, destaca que onde havia bola rolando na cidade, lá estava Pelé. “Ele jogou no Baquinho, no Noroeste, no São Paulinho de Curuçá (Vila Dutra) e no timaço do Radium (antiga rádio AM). Foi Waldemar de Brito, que foi técnico de Dondinho no BAC, que resolveu ajudá-lo e levou Pelé ao Santos. Na época, o presidente do Peixe era Athiê Jorge Coury. E logo no primeiro treino, ele encantou a todos”, comentou um dos decanos da crônica esportiva bauruense.

O também jornalista Leonardo de Brito complementa que a primeira partida de Pelé pelo Santos contra o Noroeste foi em 1958, quando o Peixe sagrou-se tetracampeão paulista. Naquele ano, Pelé foi artilheiro e anotou absurdos 58 gols.