Paulistão: Por que o gramado do estádio do Palmeiras está ruim? Empresa identifica problemas no campo

A Real Arenas, empresa criada pela WTorre para administrar a arena, solicitou a troca total do piso nesta segunda-feira no "menor prazo possível"

A vitória do time alviverde sobre o Santos, por 2 a 1, foi marcada por críticas de ambas as partes ao campo de jogo

Empresa explica motivo do estado do gramado do Allianz Parque
Foto: Fabio Menotti / Palmeiras

São Paulo, SP, 29 – As más condições do gramado do Allianz Parque chamaram atenção no clássico entre Palmeiras e Santos, no domingo, pela terceira rodada do Campeonato Paulista. A vitória do time alviverde, por 2 a 1, foi marcada por críticas de ambas as partes ao campo de jogo, incluindo o técnico Abel Ferreira, que pediu “manutenção urgente”.

A Real Arenas, empresa criada pela WTorre para administrar a arena, solicitou a troca total do piso nesta segunda-feira no “menor prazo possível”.

MOTIVOS

Segundo a Soccer Grass, empresa que fornece a grama sintética ao estádio, laudos laboratoriais indicaram que as temperaturas elevadas das últimas semanas na cidade de São Paulo derreteram o termoplástico utilizado na composição do gramado sintético, transformando o material em uma espécie de pasta. Ainda de acordo com a fornecedora, o acúmulo de gordura causado pela poluição potencializou o efeito. A empresa destaca, ainda, a aprovação da Fifa para o uso do gramado, verificado em visitas anuais da entidade, e diz que está pronta para realizar a manutenção no “menor espaço de tempo”.

O elastômero termoplástico (TPE), mais conhecido como termoplástico, são partículas cilíndricas de até cinco milímetros de comprimento. A base do piso é uma tela de polietileno e propileno. Os tufos de grama são entrelaçados três vezes no suporte, para dar segurança. São necessários cerca de 30 blocos de piso, cada um medindo cerca de quatro metros de largura por 78 metros de comprimento.

POLÊMICA

Após a partida entre Palmeiras e Santos, circularam nas redes sociais imagens das chuteiras dos jogadores com a sola coberta com o termoplástico derretido. Um vídeo de um funcionário ajudando Weverton a retirar os resíduos das travas também foi compartilhado. Em comunicado após o clássico, o Palmeiras anunciou que não jogará mais no seu estádio até que o gramado sintético receba melhorias.

Como a parceria do Palmeiras com a WTorre prevê a utilização do Allianz para shows e eventos, a diretoria transformou a Arena Barueri na segunda casa do time. O estádio é gerenciado pela Crefipar, empresa de Leila Pereira, presidente do clube alviverde, ligada à Crefisa e a FAM, que venceu disputa para administrar o local pelos próximos 35 anos. O local foi utilizado na reta final do Campeonato Brasileiro, quando o Allianz recebeu uma maratona de apresentações internacionais.

PREOCUPAÇÃO

A principal preocupação do Palmeiras é de que o gramado ruim do Allianz Parque cause lesões em seus atletas. Neste domingo, o meia Giuliano, do Santos, foi substituído com poucos minutos em campo após se machucar sozinho. Na quarta-feira, o recém-contratado Bruno Rodrigues sofreu uma lesão no joelho direito na vitória por 3 a 2 sobre a Inter de Limeira. O atacante vai precisar passar por cirurgia e ficará cerca de cinco meses afastado.

“Quando cheguei em 2020, nunca reclamei ou falei nada do (gramado) sintético. É uma opção válida e temos de entender que um estádio como este pode ser mais do que um estádio”, disse Abel Ferreira, em coletiva após o clássico com o Santos. “Entendo perfeitamente, mas há uma coisa que se chama manutenção. E não altero uma vírgula do que disse há um mês e meio e só há uma forma de melhorar: grama sintética e nova”, cobrou.

Abel já havia reclamado do gramado do Allianz Parque em dezembro, na vitória por 1 a 0 sobre o Fluminense, última partida da equipe em casa no ano passado. O treinador reclamou de “coisinhas” espalhadas pelo campo após as três apresentações da cantora americana Taylor Swift no estádio. A queixa levou a WTorre a realizar uma limpa minuciosa dos apetrechos deixados no campo de jogo.

PALMEIRAS X WTORRE

Em abril deste ano, veio à tona desavenças entre Palmeiras e WTorre por causa de dinheiro. O clube afirma que a Real Arenas, empresa criada pela construtora para gerir o Allianz Parque, não faz repasses das receitas pelo uso da arena palmeirense desde 2015 que somam quase R$ 130 milhões. A presidente Leila Pereira afirmou que a parceria é um “péssimo negócio” para o clube e detonou mais de uma vez a gestora, que contesta a versão. Em junho, a Justiça de São Paulo suspendeu a execução solicitada pelo Palmeiras contra a WTorre cobrando o valor milionário.

Apesar do imbróglio, a WTorre continua fazendo negócios com outros clubes. Recentemente, o São Paulo firmou um acordo com a construtora visando a reforma do Morumbi. A expectativa é de que a modernização do estádio seja concluída em 2030, ano do centenário do tricolor paulista. A empresa vai ser a responsável por captar 100% dos recursos financeiros do estádio. A obra prevê a ampliação da capacidade do estádio para 85 mil pessoas em jogos de futebol, e 100 mil em shows.

Além do acerto com o São Paulo, a WTorre assinou contrato com o Santos, em setembro, para a reforma da Vila Belmiro. A futura arena terá capacidade para receber 30 mil torcedores, quase o dobro da atual, que é de 16 mil. A previsão é que a reconstrução do estádio dure de 24 a 30 meses. O acordo segue o formato de direito de superfície, similar ao contrato celebrado com o Palmeiras pelo Allianz Parque. Assim, o clube cede o local à empresa por 30 anos, com prazo contando a partir da inauguração da nova arena. O clube continua sendo dono do terreno e do estádio e a empresa tem o direito de uso do local.

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