Paulista A2: Conheça a história de Erison, atacante do XV de Piracicaba

O jovem atacante alvinegro conta sua passagem no futebol amador até se tornar jogador profissional

O jovem atacante alvinegro conta sua passagem no futebol amador até se tornar jogador profissional

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Piracicaba, SP, 26 (AFI) – Em suas carreiras, milhares de jogadores de futebol carregam histórias de superação além das quatro linhas, levando exemplos de inspiração não só para os amantes do esporte mais popular do mundo, mas também para todos que anseiam por relatos de vida que dariam belos filmes. A história de Erison, atacante de 20 anos do XV de Piracicaba, se encaixa perfeitamente.

Utilizando o árduo e difícil caminho do futebol, o atleta conseguiu ‘driblar’ as adversidades durante sua ainda curta vida. Nascido em Cosmópolis, pequena cidade de aproximadamente 70 mil habitantes do interior paulista, Erison começou a jogar futebol na várzea do município, onde desde jovem já tinha consciência de que deveria trabalhar firme para se sobressair.

“Tem muitas coisas que passei nesse período de várzea. Comecei a jogar o amador, na minha cidade (Cosmópolis), com 14 anos. Era muito novo, mas já tinha participado de algumas escolinhas de bairros do próprio município. Estudava de manhã, aí, quando chegava em casa, almoçava, descansava e ia treinar”, conta Erison.

“Treinava todos os dias depois da aula, mesmo não estando em nenhum clube. Tinha a consciência que para chegar em algum lugar, precisava trabalhar duro”, ressaltou.

Naquele período, o jogador via no futebol mais do que um caminho para alçar uma vida melhor, mas uma forma de minimamente sobreviver, jogando muitas vezes em troca de uma cesta básica, ou caixas de leite para seus irmãos mais jovens, sendo ele o mais velho de cinco: dois garotos e duas garotas.

“Todos os finais de semana tinham partidas do amador. Jogava aos sábados na minha cidade e aos domingos ia para outra cidade, jogar o amador de lá. Os donos dos times me ajudavam, para que continuasse jogando para eles. Eles pagavam a conta de energia de casa, às vezes davam cesta básicas, caixa de leite para os meus irmãos mais novos, e por aí vai. Mas não jogava por isso, jogava por amor ao futebol. Porém, é claro que aceitava a ajuda”, confessa.

Foto: Michel Lambstein/XV de Piracicaba

Foto: Michel Lambstein/XV de Piracicaba

PAIXÃO E APRENDIZADOS
Ponta de velocidade, Erison começou sua relação com a bola de futebol ainda criança, e apesar da família não ter sido fator primordial para a paixão pelo esporte, o apoio da sua mãe, Aparecida Braga, foi importante para que continuasse buscando o sonho de se tornar jogador profissional.

“Minha paixão pelo futebol começou muito cedo. Sempre amei futebol. Desde os meus primeiros aninhos de idade. Minha mãe me conta que quando eu ia com ela no mercado ou no centro da cidade, tinha que levar minha bola de futebol, senão não queria ir ou chorava”, lembra aos risos. “Não é influência familiar. Na minha família ninguém tentou ser jogador profissional, e também são uns e outros que gostam de futebol. Prefiro dizer que foi amor pelo futebol mesmo. Era um sonho meu e da minha mãe também. Mesmo ela não entendendo muito de futebol, ela sempre me acompanha, incentiva, me dá forças e acredita em mim. Isso, na época, era o suficiente para eu querer me tornar um jogador profissional”, enaltece.

Jogando até os 18 anos em campeonatos amadores, Erison destaca que a passagem pela várzea foi muito importante por lições aprendidas que levará para o resto da vida, além de ressaltar que muitos jogadores de renome também tiveram passagens pelo amadorismo antes de fazerem sucesso.

“Aprendi muitas coisas jogando no amador. Foi importante para mim. Jogava com os caras com o dobro da minha idade. Uma das coisas que aprendi é que perder é muito chato, o clima fica ruim, porque, mesmo sendo amador, era importante para nós. Então, sempre queria vencer. Muitos atletas famosos, que estão em atividade atualmente começaram jogando bola em campos de várzea e conquistaram experiência disputando campeonatos regionais e amadores. Aos poucos, eles foram se destacando nesse período, até que um dia tiveram a oportunidade de mostrar o talento para os grandes clubes. Hoje me vejo como um deles, mas é claro que sei que tenho muito que aprender e a conquistar ainda, por isso vou estar sempre trabalhando forte, todos os dias, para atingir meus objetivos”, comentou.

Foto: Michel Lambstein/XV de Piracicaba

Foto: Michel Lambstein/XV de Piracicaba

INÍCIO NO PROFISSIONALISMO E MOTIVAÇÃO
Antes de conseguir uma vaga na base do XV de Piracicaba, o cosmopolense tentou, sem sucesso, vaga em times como a Ponte Preta e Mogi Mirim. Na equipe piracicabana, o jovem teve início avassalador, sendo que dez dias depois da aprovação no clube, ele já era titular do time que jogou a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2018.

“Na época que fiz o teste no XV, fui aprovado pelo Diego Favarin, que era o treinador do Sub-20, e sim, já tinha feito alguns testes em outros clubes, mas não deu certo. Fiquei muito feliz em ser aprovado. Naquele momento pensei comigo que treinaria forte e daria meu máximo todos os dias. Fiquei feliz em saber que iria ser titular, mas não pense que foi fácil. Trabalhei muito para conquistar essa vaga. Todos os dias me concentrava ao máximo para poder treinar bem”, enaltece Erison, que foi artilheiro da equipe nos Campeonatos Paulistas Sub-20 de 2018 e 2019 –com 10 e 8 gols, respectivamente.

Apesar de se tornar jogador para conseguir melhores condições de vida, o esportista não esconde que a sua principal motivação é o filho Pietro Miguel, de apenas um ano.

“Sempre cito ele nas minhas entrevistas, porque ele é o motivo de tudo isso que está acontecendo na minha carreira e na minha vida. O nome dele é Pietro Miguel. Sem dúvida nenhuma, ele sempre será minha maior motivação. Quando descobri que ia ser pai, fiquei muito feliz, de verdade, porque um filho nas nossas vidas é uma benção, e também por ser meu primeiro filho. Então, o amor por ele só aumenta. Vou fazer de tudo para dar o melhor para ele, não só em relação às coisas materiais, mas como melhores escolas, alimentação, amor, carinho e atenção. Serei para ele o pai que nunca tive”, salienta.

MOMENTO ATUAL
Pelo Paulistão A2 Sicredi, Erison vem ganhando oportunidades pelo técnico Tarcísio Pugliese, atuando em 12 partidas e sendo um dos artilheiros do time, com dois gols, ao lado dos companheiros Caio Mancha e Gilberto Alemão.

“Estou tendo mais oportunidades esse ano, e estou muito feliz por isso. Fico muito contente pelo professor Tarcísio Pugliese ter confiança em mim. Sempre estou me concentrando ao máximo para poder ajudar. Minha temporada está boa, mas sei que tenho que melhorar muito ainda. Sempre coloco metas na minha carreira.”

Foto: Élcio Fabretti/XV de Piracicaba

Foto: Élcio Fabretti/XV de Piracicaba

Atualmente na quinta colocação, com 19 pontos, o XV de Piracicaba teve um início ruim no estadual, com dois empates e duas derrotas nas quatro primeiras rodadas. A sequência negativa foi quebrada na quinta rodada, contra o Atibaia vencida por 1 a 0, com o gol de Erison nos minutos finais, que tiraram o time piracicabano da zona de rebaixamento. O gol também ficou marcado por ter sido o primeiro como profissional.

“Começamos mal o campeonato, mas ao decorrer da competição nós fomos nos recuperando. Para ser sincero, não sei dizer o motivo, no entanto posso dizer que tudo estava dando um pouco errado para nós. Acredito que a subida de produção veio de nós mesmos. Começamos a nos cobrar mais, a acreditar mais em nós e focar 100% na competição, principalmente nos unindo ainda mais naquele momento. Sabemos do potencial de cada um e temos a consciência que nosso grupo é muito forte. Temos totais condições de conseguirmos o acesso e conquistarmos o título”, concluiu.

Natanael Oliveira, Especial para o site da FPF, Sob supervisão de Raoni David