Paulista A2: Alex Reinaldo busca acesso em jogo centenário pelo São Caetano
No clube desde 2017, lateral avalia carreira, diz que se sente em casa no clube do ABC e elogia o técnico Gallo
No clube desde 2017, lateral avalia carreira, diz que se sente em casa no clube do ABC e elogia o técnico Gallo
São Paulo, SP, 28 – Trocar de clube é quase uma rotina para os futebolistas, ainda mais para os que jogam pelos times que disputam as divisões de acesso. Em São Caetano do Sul, porém, o torcedor já sabe que a escalação tem nome certo na lateral direita: Alex Reinaldo. No clube desde 2017, ele deve completar 100 jogos com a camisa azulina exatamente no jogo que vale o acesso para a elite estadual.
Baiano de nascimento, Alex Reinaldo se mudou para Ubatuba aos dois anos. E foi na cidade litorânea que iniciou no futebol, embora tenha se arriscado também em esportes mais radicais.
“Tudo que uma criança pode fazer quando é mais nova eu fiz. Eu surfei, andei de skate, joguei bola, soltei pipa… brinquei de tudo que podia”, diz.
O futebol, porém, foi uma escolha natural.
“Tinha influência dentro de casa. Todo mundo jogava: meu pai, minha mãe, meu irmão… Meu pai não chegou a ser profissional. Quando ele jogava na Bahia, jogou nos amadores. Minha mãe jogou também pela seleção da cidade”, revela.
Sem clube profissional em Ubatuba, o atleta foi até o Espírito Santo para iniciar sua carreira.
“Tinha um amigo meu chamado Tande. Ele foi fazer um teste em um clube formador chamado Jaguaré, que era muito tradicional lá. Ele falou de mim e acabei indo para lá. Me profissionalizei lá no Espírito Santo e disputei o Campeonato Capixaba”, recorda.
O destaque, porém, aconteceu mesmo no Estado de São Paulo.
“Eu vim para o União Barbarense. Foi quando ingressei no futebol paulista. Eu joguei sub-20 lá e em 2011 joguei dois jogos da Copa São Paulo. Nem cheguei a terminar a competição. O Paulo Roberto me viu e me puxou para o profissional. No ano seguinte subimos com o Claudemir Peixoto. Depois fui para o Bragantino e em 2013 voltei para jogar o Paulistão”, conta Alex.
Mesmo com o União Barbarense rebaixado no Paulistão, Alex Reinaldo se destacou marcando quatro gols, o que lhe abriu portas.
“Tive sondagem do Palmeiras. Escutei do Gilson Kleina, que era o treinador da época, que ele ia me levar para lá. Se o treinador fala, o que você pensa? Até hoje não sei porque não fui. Foi alguma burocracia com quem dirigia a minha carreira. Eu já escutei de várias pessoas que poderia jogar a Série A, mas sou um cara muito feliz com minha profissão. As coisas acontecem. Não tenho do que reclamar não”, revela ele, que acabou se transferindo para o Avaí-SC.
Após deixar o clube catarinense, Alex Reinaldo voltou para São Paulo e passou a se tornar um ‘andarilho’, passando por Atlético Sorocaba, São Bento, Red Bull Brasil, Mogi Mirim e Mirassol, antes de chegar ao São Caetano.
Afirmação
Após passar por vários clubes, a chegada ao São Caetano foi diferente, como define o próprio Alex Reinaldo.
“Eu brinco até hoje que quando eu cheguei, falei na época para o presidente, diretoria, que cheguei para ser vencedor. A maioria que chega no clube fala que chega para somar, mas quando cheguei vi a ideia e a ambição de conquistar várias coisas. Coloquei na minha cabeça que ia marcar no clube. Tenho um carinho e respeito muito grande, gosto muito do clube e acho que o ambiente é muito bom. Tudo ajuda para as coisas fluírem bem. O São Caetano é minha casa, eu amo esse clube”, declara o atleta.
Logo em seu primeiro ano vestindo a camisa azulina, o São Caetano conquistou o título da Série A2 e ele foi eleito o melhor lateral da competição. Pelo clube ainda disputou o Paulistão de 2018 e 2019, além da Copa Paulista – foi campeão em 2019 – e Série D do Campeonato Brasileiro, acumulando 99 jogos realizados. O centésimo jogo será o que vale mais um acesso e Alex Reinaldo não esconde a expectativa.
“Fazer 100 jogos é muito difícil para um jogador de time do interior. Estamos pagando um preço enorme para que as coisas possam acontecer. Para minha carreira vai ser maravilhoso”, diz.
Cobrador oficial de faltas da equipe, ele é um candidato a fazer o gol do acesso.
“Sou muito pé no chão. Acho que jogador tem que sonhar, mas tem que trabalhar. Se isso acontecer, vai ser um sonho sendo realizado”, completa ele que marcou duas vezes no campeonato.
Embora já tenha algumas conquistas com o clube, Alex Reinaldo crê que se o acesso deste ano vier, será especial.
“Acho que na vida de qualquer jogador, um acesso, um título, não tem preço. Mas, por tudo que se passou esse ano, pela pandemia, várias dificuldades para treinar. Só quem está no dia a dia sabe. Só tenho a exaltar a força do nosso grupo. Esses jogadores são profissionais ao extremo. Eu tiro o chapéu para o nosso elenco. Temos muitos jovens com personalidade para estar em time grande. Nosso grupo é muito forte e com fé em Deus vamos coroar esse trabalho com esse acesso”, disse.
Além do bom futebol, Alex Reinaldo chama a atenção pelo visual. O cabelo mais comprido do início da carreira deu lugar a um corte baixo e descolorido no mata-mata da A2. Apesar disso, ele garante que não teve nenhum problema com o técnico Gallo, que durante a passagem pela base da Seleção Brasileira chegou a vetar brincos e ‘cabelos exóticos’.
“Esse lado ‘sargentão’ eu nunca vi não. O Gallo que conhecemos é exigente com relação ao trabalho, profissional e muito parceiro. Ele dá oportunidade para o pessoal da base. É só ver a quantidade de jogadores que ele usou (o São Caetano usou 42 atletas no campeonato). De todos os treinadores, o Gallo para mim é o melhor que já peguei até agora. Um cara muito inteligente, que estuda o adversário. Ele e o staff dele são fenômenos”, elogia.
Após o empate sem gols no primeiro jogo, o São Caetano recebe o XV de Piracicaba no Anacleto Campanella, na quarta-feira (30), às 16h30. O vencedor garante o acesso para a elite paulista. Em caso de novo empate, a vaga será definida nos pênaltis.
Por Ruben Fontes Neto