Patrocínios e regulamentação podem beneficiar o Brasil
A tendência mundial de crescimento vertiginoso das casas de apostas e jogos online acabou refletindo nas grandes ligas europeias há alguns anos
Rio de Janeiro, RJ, 12 (AFI) – Não restam dúvidas de que o esporte nacional no Brasil é o futebol. Contudo, a cada dia mais os clubes brasileiros com raríssimas exceções se afundam em dívidas. Mesmo com novos patrocínios eles não conseguem se manter, seja por más administrações ou outros tantos motivos que não teríamos aqui espaço para descrever.
A tendência mundial de crescimento vertiginoso das casas de apostas e jogos online acabou refletindo nas grandes ligas europeias há alguns anos. Patrocínios milionários fizeram as grandes equipes se estabilizarem financeiramente, possibilitando assim grandes investimentos em contratações.
No Brasil o mercado de apostas esportivas e cassinos online também vem crescendo de maneira clara. As grandes operadoras ofertam em suas plataformas mercados de apostas em futebol e uma variedade imensa de esportes. Na área dos cassinos online os caça-níqueis são as estrelas desses sites e muitas vezes uma mesma empresa une jogos com as apostas esportivas, criando uma grande plataforma de iGaming.
Essas empresas, apesar de terem suas sedes fora do nosso território, também atuam no mercado da bola e podemos observar nos estádios ou nas camisas dos jogadores com mais ou menos destaque as marcas Sportingbet, Bodog, Betano, Casa de Apostas e Netbet entre outras.
Para se ter uma ideia, no ano passado cerca de 14 das 20 equipes da primeira divisão participantes do Campeonato Brasileiro detinham algum tipo de patrocínio de casas de apostas.
Essa também foi uma saída encontrada pelos clubes menores que não possuem grandes patrocinadores e ainda por cima recebem receitas baixas oriundas das cotas de televisão para que possam ao menos sobreviver. Outra solução é a possibilidade de criar clubes-empresas de forma mais clara e eficiente.
O Brasil é um país com grande potencial para as apostas esportivas. Além de o brasileiro gostar de apostar, o jogo está proibido há várias décadas, mas é feito de forma legal devido a uma brecha na lei.
A Inglaterra possui um mercado de apostas em funcionamento há mais de 100 anos, portanto já no seu limite de crescimento. Um movimento que acontece na Europa agora pode beneficiar o Brasil e seu mercado, desde que tudo seja feito de forma inteligente e a legislação pense também no jogo seguro e no tratamento ao vício.
A situação na Inglaterra
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson tem se preocupado com a massiva participação das casas de apostas e cassinos online nas competições daquele país. Seu governo tem estudado uma saída que não prejudique nenhum dos lados e acredita que da maneira que está não é seguro para a população em geral.
Esse apelo constante ao jogo pode se tornar um problema sério para a sociedade e será preciso revisar as leis que já tem mais de 15 anos.
Hoje em dia quase metade das equipes participantes da Premier League possuem patrocínios de casas de apostas e cassinos online.
Situação na Espanha
O governo espanhol pegou pesado e simplesmente proibiu em 3 de novembro de 2020 a publicidade de jogos de azar online na Espanha através do Real Decreto 958/2020. Para quem não seguir a lei estão previstas multas que podem ir de 100.000 euros a 1 milhão e suspensão das atividades em território espanhol.
Estão proibidas a publicidade em uniformes, equipamentos e estádios. Os anúncios das casas de apostas somente poderão ser vinculados em um horário específico que será das 1 às 5 da manhã e não poderão ser feitos por celebridades ou personagens famosas. Isso visa proteger as crianças e os jovens da influência que essas publicidades possam trazer.
Os clubes participantes da La Liga obviamente não receberam bem essas medidas, afinal eles possuem contratos milionários com as casas de apostas. Chegaram a pedir um adiamento e inclusive ameaçaram com a possibilidade de entrar na justiça contra o decreto.
Situação na Itália
A Itália proibiu a publicidade das casas de apostas no futebol italiano através do chamado “Decreto pela Dignidade” em janeiro de 2019. A ideia foi acabar com a invasão de publicidade das casas de apostas que tomaram por completo os uniformes das equipes, os estádios e até mesmo os programas esportivos.
O argumento é que em decorrência dessa publicidade em grande escala o vício do jogo vinha crescendo na sociedade italiana. Será uma perda enorme para os clubes italianos calculada em mais de 100 milhões de euros.
Conclusão
O mercado de apostas cresce no mundo inteiro, com legislações sendo criadas ou já postas em prática em diversos países. O Brasil está um pouco atrás nesse sentido e pode aproveitar que as empresas na Europa estão sofrendo com regulamentações para avançar com sua lei e ganhar com tributos, empregos e geração de renda, sem esquecer a importância do jogo seguro.
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