Após a histórica vitória sobre o ABC-RN por 1 a 0, que garantiu ao Olaria a classificação para a segunda fase da Copa do Brasil pela primeira vez, o clube da Zona Norte do Rio de Janeiro vive um misto de euforia e apreensão. O motivo? A possibilidade de não receber a tão aguardada premiação da CBF por causa de dívidas acumuladas ao longo dos anos.

EXPECTATIVA PELO “PIX”

A vitória sobre o ABC-RN garantiu ao Olaria um acumulado de R$ 1,83 milhão em premiações – sendo R$ 830 mil pela vaga na Copa do Brasil e R$ 1 milhão pela classificação à segunda fase. Contudo, o pagamento pode não chegar aos cofres do clube.

A situação financeira do Olaria é delicada, e a expectativa pela chegada do valor é alta entre os jogadores. A cena protagonizada pelo goleiro Victor e outros atletas pedindo “pix” à CBF na transmissão do sportv ganhou grande repercussão, mas o dinheiro pode ser bloqueado antes mesmo de ser repassado ao clube.

RISCO DE PENHORA

Em 2024, o Olaria já teve a premiação de R$ 750 mil da Copa do Brasil penhorada por conta de dívidas trabalhistas. E o cenário não mudou muito desde então. O clube acumula uma dívida ativa de R$ 5.665.165,38 junto à Procuradoria Geral do Ministério da Fazenda, a maior parte relacionada a débitos de Previdência Social e FGTS de funcionários, gerados por gestões anteriores.

O atual gerente de futebol do clube, Wellington Caluta, admitiu que os atletas seguem perguntando sobre a premiação. “Tem novidade, Caluta?”, perguntam os jogadores. Mas a resposta é sempre a mesma: “A gente também está esperando”.

O clube está tentando negociar na Justiça para evitar a penhora total do valor da premiação. A ideia é utilizar parte do dinheiro para saldar as dívidas, enquanto o restante seria investido no planejamento da equipe e em melhorias na infraestrutura do clube.

Atualmente, o Olaria disputa o Carioca A2 e a Copa Rio, além da Copa do Brasil, mas não tem vaga em nenhuma divisão do Campeonato Brasileiro. Com uma folha salarial de R$ 150 mil mensais, incluindo atletas e funcionários, o valor acumulado na Copa do Brasil seria suficiente para cobrir os custos da equipe por todo o ano de 2025.

IMPACTO DA GESTÃO ATUAL

A gestão do futebol do Olaria é realizada pela Rics, empresa do empresário Ricardo Gonzaga, que assumiu o clube em 2020. Desde então, o Olaria saiu da Série B1 (terceira divisão do Carioca) para a Série A2, batendo na trave do acesso à elite estadual por três vezes consecutivas, sempre ficando com o vice-campeonato.

O Olaria não disputa nenhuma competição estadual desde o vice-campeonato da Copa Rio, em 2024, e iniciou a preparação para a Copa do Brasil em dezembro, realizando amistosos para ganhar ritmo de jogo. A falta de competições oficiais fez com que o elenco fosse rotulado como um “catadão” por parte da torcida, o que incomodou o grupo.

Agora, com o foco voltado para a segunda fase da Copa do Brasil, o Olaria se prepara para enfrentar o Brusque, da Série C do Campeonato Brasileiro, em data a ser definida pela CBF. Caso avance, o clube poderá garantir um novo “pix” para dar fôlego ao planejamento da temporada.