Natação: Após cirurgia para retirada do baço, Ana Marcela Cunha inicia nova vida
"Estou 100%. Já fiz vários exames de rotina, todos os outros órgãos estão funcionando normalmente e isso é mais importante"
"Estou 100%. Já fiz vários exames de rotina, todos os outros órgãos estão funcionando normalmente e isso é mais importante"
Campinas, SP, 31 – Ana Marcela Cunha é adepta dos cabelos curtos, mas o último corte não foi só uma questão de estilo e sim de recomeço. A atleta da maratona aquática prometeu que, se a cirurgia de retirada do baço fosse bem-sucedida, rasparia as madeixas. E cumpriu a palavra. “Tudo começa agora, é uma nova vida. Vamos de novo à luta”, contou.
A baiana iniciou 2017 correndo atrás do tempo depois de pausa forçada na carreira. Na reta final da preparação para a Olimpíada do Rio, Ana Marcela vinha tomando uma medicação à base de corticoide – ao custo semanal de R$ 2 mil – desde que, em um exame de rotina, descobriu ter PTI, doença autoimune que causa destruição das plaquetas.
O tratamento a longo prazo seria prejudicial para sua saúde. Diante disso, a hematologista Audrey Zeinad aconselhou a paciente a passar pelo procedimento chamado esplenectomia. Assim, teve o órgão retirado em outubro. Foram 45 dias de recuperação e de muito mimo da família. Repouso, alimentação balanceada e muita televisão ao lado da mascote Sophie viraram rotina. Sobraram quatro pequenas cicatrizes.
“Estou 100%. Já fiz vários exames de rotina, todos os outros órgãos estão funcionando normalmente e isso é mais importante, mas a gente sabe que o cuidado tem de ser redobrado”, afirmou. A ausência do baço exige atenção quanto à imunidade do corpo, e Ana Marcela está ciente da necessidade de prevenção. Festeja também o fato de não precisar tomar medicamentos que prejudicariam sua performance na água.
Apesar do momento turbulento que enfrentou durante os Jogos Olímpicos do Rio, a atleta da Unisanta descarta que isso tenha interferido em seu desempenho. Apontada como favorita à medalha de ouro, a maratonista terminou na décima posição e com lágrimas no rosto. Para ela, o resultado não foi condizente com sua dedicação. Por outro lado, acredita que, pela falta de hidratação, não teria concluído a prova de 10km se não tivesse treinado tanto e garante estar de cabeça erguida.
As dificuldades vieram para lhe mostrar que ela pode ir além e a motivação hoje é ainda maior. Planeja até novidades para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. “Já estou falando com meu técnico que a gente pode pensar em algo diferente na estratégia de prova”, explicou. Além disso, quer intensificar sua preparação física.
A retomada tem data marcada. No próximo sábado, Ana Marcela encara uma etapa da Copa do Mundo, na Patagônia Argentina. Esse é só o primeiro objetivo de sua nova vida.