Na torcida pelo filho Eduardo, Nelsinho Baptista embarca para 9ª temporada no Japão

Há mais de 17 mil km, treinador confia no sucesso de Eduardo Baptista no Palmeiras, clube onde também trabalhou em 1991

Na torcida pelo filho Eduardo, Nelsinho Baptista comemora quase uma década no Japão

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Campinas, SP, 09 (AFI) – Nem mesmo a distância de mais de 17 mil quilômetros entre Brasil e Japão impedirão o técnico Nelsinho Baptista, 66 anos, de torcer pelo filho Eduardo Baptista, 46, novo treinador do Palmeiras. Na torcida mesmo que de longe, Nelsinho embarca nesta segunda-feira para o Japão, onde inicia sua nona temporada consecutiva. A terceira pelo atual clube, o Vissel Kobe.

Na Terra do Sol Nascente, Nelsinho pretende manter contatos frequentes com o filho. O próprio Eduardo Baptista já admitiu consultar o pai em diversos momentos da carreira. Dois exemplos clássicos foram quando ele recebeu a oferta para ser técnico efetivo Sport e, agora, para aceitar a proposta do Palmeiras e deixar a Ponte Preta.

“Ele é um pai, um exemplo e uma referência”, já afirmou o filho.

Nelsinho Baptista comandou o Palmeiras no início da

Nelsinho Baptista comandou o Palmeiras no início da “Era Parmalat”

Nelsinho espera que o filho consiga sucesso no Verdão, onde encara o maior desafio da vida. E o clube palestrino é justamente um dos poucos onde o “Baptista pai” saiu sem conquistar um título. Em 1991, o então técnico vice-campeão paulista pelo Novorizontino foi contratado com muita expectativa no início de uma fase conhecida como a “Era Parmalat”.

Ao contrário do que ocorre hoje, em 1991, o Palmeiras não era um exemplo de gestão e não nadava em recursos financeiros. O clube chegava há quase duas décadas sem conquistar um título importante e a troca de treinadores era constante. Mesmo neste cenário, Nelsinho ficou mais de um ano no cargo.

“São épocas diferentes. Meu conselho, hoje, é que ele mantenha a mesma postura que teve nos clubes anteriores (Sport, Fluminense e Ponte Preta). Se ele continuar com esta qualidade e com o time nas mãos, terá sucesso”, destacou. “Fico muito orgulhoso que ele esteja subindo degrau a degrau e que tenha este reconhecimento”, completou.

Juntos no Sport: Eduardo Baptista foi preparador físico do pai por uma década

Juntos no Sport: Eduardo Baptista foi preparador físico do pai por uma década

CAMINHOS IGUAIS
O fato de os dois comandarem o mesmo time, aliás, é fato raro no futebol brasileiro. Acontecer esta coincidência em dois times diferentes é mais raro ainda. Lateral-direito da Ponte Preta no time campeão paulista da Divisão de Acesso de 1969 e vice paulista de 1970, Nelsinho foi três vezes comandante da Macaca. Entre 1991 e 92, dirigiu o Palmeiras. Caminhos trilhados, agora, pelo filho.

“Quando o Eduardo recebeu a oferta para deixar de ser preparador físico e trabalhar efetivamente como técnico, ele veio e me procurou. Eu disse que era um caminho sem volta, mas que se ele se sentia pronto para fazer a mudança deveria fazer. Ele mostrou personalidade e confirmou a qualidade através dos resultados”, afirmou.

NO JAPÃO

Treinador espera fazer história no Vissel Kobe

Treinador espera fazer história no Vissel Kobe

Nelsinho inicia a nona temporada de futebol japonês tentando manter o mesmo sucesso de temporadas anteriores. De 2009 a 2014, o treinador brasileiro comandou o tradicional Kashiwa Reysol. E os resultados foram os melhores possíveis: 6 títulos. Entre os quais, estavam J-League 2 em 2010 (Divisão de Acesso), J-League em 2011, Copa do Imperador (2012), Supercopa Japonesa (2012), Copa da Liga (2013) e Copa Suruga Bank (2014).

O desafio no Vissel Kobe é ainda maior. Afinal, assim como a Ponte Preta, clube que abriu as portas para o Nelsinho jogador, o time não possui um título de grande expressão. Para tentar acabar com o tabu, Nelsinho contará com a ajuda de outros brasileiros. Um é Cristiano Nunes, que vinha atuando como coordenador técnico na Macaca e também é preparador físico. Outros dois são o volante Nilton (ex-Cruzeiro e Inter) e o atacante Leandro (ex-São Paulo e há mais de uma década no Japão).

Por enquanto, a única meta do treinador é tentar conquistar algo grande pelo Ushi, como o clube é conhecido. Um título seria algo histórico. Uma boa companha na J-League e uma possível vaga na Champions League Asiática já seria vista com bons olhos para os próximos dois anos de contrato. Depois… o depois, nem o treinador consegue prever.

“Espero cumprir meu contrato, mas sabemos que o futebol é dinâmico. Quando estou em um lugar, penso apenas em fazer o melhor neste lugar. O futuro pertence a Deus”, finalizou.

CARREIRA

Nelsinho Baptista jogou no Santos entre 1977 e 1981

Nelsinho Baptista jogou no Santos entre 1977 e 1981

Atualmente com 60 anos, Nelsinho é natural de Campinas. Ele foi um lateral-direito de grande destaque entre as décadas de 60 e 70, atuando por Ponte Preta e São Paulo. Além dos dois clubes, ele também vestiu as camisas de Santos e Juventus.

O ex-lateral começou na carreira de treinador em 1985, pelo São Bento. No entanto, Nelsinho começou a ganhar destaque no cenário nacional em 1990, quando levou o pequeno time do interior paulista Novorizontino ao vice-campeonato estadual. Perdeu a decisão para o Bragantino de Vanderlei Luxemburgo.

Em 25 anos de carreira, ele acumula conquistas importantes no currículo, como o Paranaense de 1988, os Paulistas de 97 e 98, o Goiano de 2003, os Pernambucanos de 2008 e 2009, a Copa do Brasil de 2008, o Brasileiro de 90, os Japoneses de 94 e 95 e a Copa da Liga Japonesa de 94. Neste período, ele acumulou passagens destacadas por grandes times como Corinthians, São Paulo e Sport.

Além dos quatro clubes citados, Nelsinho também já trabalhou por Ponte Preta, Inter de Limeira, Atlético-PR, Sporting de Barranquilla (Colômbia), América-SP, Novorizontino-SP (extinto), Guarani, Palmeiras, Al Hilal (Arábia Saudita), Verdy Kawasaki (Japão), Internacional, Cruzeiro, Colo Colo (Chile), Portuguesa, Goiás, Flamengo, São Caetano, Nagoya Grampus (Japão) e Santos.