Morre Dito Brás, mas suas histórias sempre serão lembradas

O repertório de histórias trabalhando no futebol parece interminável, uma delas a coragem para assistir à um treino no campo da Ponte Preta, às vésperas de um dérbi

Há seis anos, quando tivemos o último contato, por telefone, para produção na coluna Cadê Você, eu perguntei: Cadê você, Dito Brás?

Dito Brás - Guarani
Dito Brás, à direita, em homenagem no Guarani

Campinas, SP, 2 (AFI) – A morte de Dito Brasil nesta quinta-feira – ex-massagista do Guarani -, me leva a interagir com bugrinos das antigas e repassar informações sobre ele à nova geração.

A morte ocorreu de causa natural, aos 97 anos de idade, e completaria 98 no dia 26 de fevereiro.

Há seis anos, quando tivemos o último contato, por telefone, para produção do texto publicado na coluna Cadê Você, eu perguntei: Cadê você, Dito Brás?

A resposta foi curta e grossa:

“Estou firme e forte, graça a Deus, e morando na mesma Vila 31 de Março, em Campinas”.

O entrevistado trabalhou nada menos que 28 anos no Guarani, e naturalmente teria muitas histórias para contar, a mais doída foi enterrar o próprio filho Felipe, 60 anos de idade, que o acompanhava seguidamente no Estádio Brinco de Ouro.

Abaixo, a reprodução textual do material publicado em 2016.

No tempo dele de Guarani, a partir de 1954, massagista saía na foto posada, sempre agachado do lado esquerdo.

O repertório de histórias trabalhando no futebol parece interminável, uma delas a coragem para assistir à um treino no campo da Ponte Preta, às vésperas de um dérbi, que supõe ter sido realizado na década de 70.

“O (Armando) Renganeschi era técnico do Guarani e me pediu para assistir ao treino. Aí passei-lhe as coordenadas e deu certo: empatamos aquele dérbi no (Estádio) Moisés Lucarelli.

INSTRUÇÕES

Treinadores ainda aproveitam invasões de massagistas no gramado para o envio de orientações aos jogadores, mas Dito Brás disse que não se prendia às ordens.

“Quando via o atleta machucado, saía correndo para socorrê-lo. E aproveitava para dar instruções de minha cabeça”, confessa com a sabedoria de quem jogou futebol no Paulista de Guaiçara e Linense.

“A linha média do Linense era de Frangão, Goiano e Dito Brás. Jogamos juntos de 1948 a 50”, fala com lucidez, apesar de nonagenário.

A carreira de lateral-esquerdo de Dito Brás foi interrompida precocemente devido à lesão no joelho. Na época, recorreu ao massagista Alfeste Comucci, em Campinas, para tratamento.

Se a cura não foi possível, pelo menos iniciou amizade com o massagista, trabalhou como motorista dele, e, curioso, aprendeu noções básicas da atividade, o suficiente para se motivar e realizar curso na área.

GUARANI

Assim, quando surgiu a chance de trabalhar como massagista do Guarani, na categoria juvenil, a abraçou.

Se já se contentava com a reintrodução no futebol, sentiu-se plenamente recompensado quando assumiu a função no profissional.

Dito Brás rasga elogios ao saudoso diretor de futebol bugrino Volpe Penteado, o Volpão, por considerá-lo profundo conhecedor do futebol.

“Ele descobria rapidamente artimanha de jogador”.

O futebol permitiu que o massagista conhecesse países sul-americanos como Colômbia, Peru, Argentina, Paraguai e Chile. E das incontáveis histórias folclóricas presenciadas, recorda de um jantar para o elenco bugrino no Restaurante Rosário – a convite do antigo dono -, ocasião em que o saudoso meio-campista Tião Macalé pediu ao garçom que trouxesse um bife à cavalo sem ovo.

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