Messi: ausência de gerenciamento financeiro de alto nível
O Barcelona já está perto desse buraco e os regulamentos impediram a continuação dessa “marcha em frente”
Campinas, SP, 07 (AFI) – Como explicar a tão surpreendente saída de Messi do Barcelona? Algo vai muito mal no clube catalão. O próprio caso foi quase incompreensível, mas no fim todos compreendemos que a Liga espanhola tem regulamentos para impedir os times de se jogarem para buracos financeiros irrecuperáveis. O Barcelona já está perto desse buraco e os regulamentos impediram a continuação dessa “marcha em frente”. Mas como foi possível o time chegar a essa situação e o que poderia ter sido feito diferente?
O responsável pelos problemas seria… Messi?
Alguns apontam que o próprio Messi, ou pelo menos seu pai Jorge, seria o responsável pela desgraça financeira do time. Seus altíssimos salários fizeram com que os outros jogadores exigissem também pagamentos elevados, o que teria levado o clube à ruína. Isso porque o Barcelona não poderia recusar tudo o que Jorge Messi pedisse.
Em um artigo especializado no jornal Financial Times, o bilionário, ex-jornalista e investidor Michael Moritz explica porque esta ideia está errada. Ele olha do ponto de vista do investidor financeiro, defendendo precisamente isso: que toda a questão deveria ser tratada como um problema de visão a longo prazo, e não como um simples negócio de contrato e de salário. Moritz defende que o pai de Messi estava apenas defendendo seus interesses, que não deve ser moralmente censurado por isso e que não era responsabilidade sua cuidar das finanças do time ‘blaugrana’.
Faltou gerenciamento financeiro
Moritz aponta que faltou visão aos responsáveis do Barcelona e que a tendência é comum a muitos outros clubes. É como se o futebol fosse mais capaz de encontrar novas formas de financiamento do que de cuidar de seu patrimônio. E isso, especialmente, em certos times. Passaram despercebidas as palavras de Karl-Heinz Rummenigge, ex-CEO do Bayern Munique, que por mais de uma vez lançou fortes críticas ao gerenciamento financeiro dos grandes clubes de Espanha, mas também aos valores monetários gigantescos nas transferências que vêm sendo feitas.
A UEFA criou regras de “fair play” financeiro, mas claro que a entrada de investidores ultrabilionários, vindos dos Estados Unidos, da Rússia e do Médio Oriente, veio inflacionar os preços em toda a indústria. E os times estão atentos às oportunidades; outro terreno de crescimento é o das apostas esportivas. Veja-se que são já 85% os times da Série A patrocinados por casas de apostas, reproduzindo o que vem acontecendo na Europa, fazendo com que seja fácil encontrar promoções como o código de bônus Bet365 online.
Durante muitos anos, essa expansão contínua permitiu esconder os erros de gerenciamento, por via do crescimento. Mas se o crescimento parar, vem uma hora em que a despesa começa ultrapassando a receita e não dá mais para esconder.
Pagar uma parte do salário em ações
A solução que Moritz apontou parece bem simples: o Barcelona deveria ter pago uma parte do salário de Messi em ações, e não pagar tudo em dinheiro. Essa solução é desconhecida no futebol, mas adotada em outros setores; por exemplo, em Silicon Valley.
Presidentes, CEO e donos de clubes deveriam, segundo o investidor, ver seus jogadores como ativos financeiros que podem desvalorizar. Sabendo que seu tempo de carreira é curto, e que a renda que podem trazer por via de seus gols e resultados é imensa, faz sentido que seus prêmios estejam de alguma forma associados aos resultados de seus times. Como uma parceria, mais que como uma relação de patrão e trabalhador. Dessa forma, o clube se protege e a suas finanças.
E isso não resulta pior para o jogador. Moritz fez as contas, apontando à valorização do Barcelona desde que Messi chegou até a atualidade (ele calculou, estimando com risco, que o valor do clube passou de 400 milhões de dólares para quase 5 bilhões) e conclui que Messi estaria bem melhor se parte de seu salário estivesse em ações. Não só estaria rico, como ainda estaria em Barcelona.
Mais: o clube teria mais meios financeiros para construir um time que não sofresse goleadas de 8-2 do Bayern de Munique.
Conclusão: o futebol precisa se profissionalizar
Do título acima parece que estamos afirmando que o futebol é uma indústria amadora. Claro que não, pelo contrário. Muitos torcedores, em especial os mais antigos, lamentam o alto nível de profissionalização, a perda do “amor à camiseta” e da ligação dos jogadores a seus times. Os exemplos de ligação pessoal são altamente estimados pela torcida; mais do que os 21 anos de Messi em Barcelona, são veneradas situações como as de Gianluigi Buffon e de vários companheiros que não abandonaram a Juventus após seu rebaixamento e ajudaram o time a voltar ao mais alto nível. Mas é fato que o dinheiro, hoje, fala mais alto.
E essa é exatamente a questão: se o dinheiro fala mais alto, é preciso olhar a indústria como um verdadeiro negócio, cuidando de sua sustentabilidade, e não apenas como uma mina de ouro que é abandonada quando a jazida termina.
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