Médico brasileiro é o responsável por exames de atletas lesionados no Catar
O brasileiro é chefe do departamento de radiologia e responsável pelos laudos de todos os exames de imagem
Foi Bordalo que deu o laudo dos exames de imagem de Neymar, Danilo, Alex Sandro, Gabriel Jesus, Alex Telles
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No hospital Aspetar, em Doha, o médico Marcelo Bordalo, 50 anos, é protagonista. O brasileiro é chefe do departamento de radiologia e responsável pelos laudos de todos os exames de imagem a que são submetidos os atletas que sofrem alguma lesão ortopédica nos jogos da Copa do Mundo.
Foi Bordalo que deu o laudo dos exames de imagem de Neymar, Danilo, Alex Sandro, Gabriel Jesus, Alex Telles, além de jogadores de outras seleções, como o francês Theo Hernández, o português Nuno Mendes e o saudita Yasser Al-Shahrani, que levou uma joelhada no rosto contra a Argentina e teve de ser operado.
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ele trabalhava no Hospital Sírio-Libanês até que em março foi chamado para chefiar o setor de radiologia do Aspetar, situado ao lado do Estádio Khalifa. “O que me seduziu foi a estrutura e a possibilidade de atender esses atletas de ponta”, explica Bordalo ao Estadão. “E, claro, o fato de trabalhar com os jogadores da Copa do Mundo.”
O centro médico especializado em medicina esportiva é o único credenciado pela Fifa para examinar lesões ortopédicas no Catar. Outras contusões, como as provocadas por choques de cabeça, são tratadas no Hospital Hamad. Bordalo trabalha de forma integrada com os médicos de todas as seleções. O conteúdo dos exames é sigiloso, e foi montada uma estrutura no local para que não haja vazamento de informações. “Eles não conseguem nem saber qual jogador está no hospital fazendo exames”, diz.
O Aspetar importou um software de tecnologia brasileira que permite que o radiologista narre de forma clara o resultado do exame. Em vez de um relatório, ele entrega aos médicos das equipes um vídeo com uma explicação mais didática. “Fica mais fácil para o atleta entender a lesão dele. Ele consegue, com isso, fazer um tratamento melhor”.
INVESTIMENTO
Para a Copa do Mundo e outros eventos, o Catar injetou recursos em infraestrutura, e aplicou muito dinheiro em ciência e medicina, buscando profissionais especializados em outros países, como o médico brasileiro. “São mais de 90 nacionalidades no hospital”, conta Bordalo. Com ele trabalham outro brasileiro, um espanhol e um americano.
“Os médicos e jogadores das seleções se sentem mais confortáveis quando conseguimos falar a língua deles”, diz. “Essa multinacionalidade faz com que possamos atender melhor aos atletas.”
O Mundial faz parte de uma estratégia para tornar o Catar um país influente em cenário adverso, depois de ficar isolado no Golfo Pérsico ao ser alvo de um boicote liderado por seus maiores vizinhos, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, imposto sob a alegação de Doha apoiar o terrorismo por causa da relação com o Irã. O bloqueio só foi encerrado no início do ano passado.
O Aspetar foi inaugurado em 2007. Trata-se do primeiro hospital especializado em ortopedia e medicina esportiva na região do Golfo Pérsico e que se tornou centro de referência mundialmente. Ele fornece tratamento de ponta para lesões relacionadas ao esporte em uma instalação de última geração, composta por alguns dos principais profissionais e pesquisadores de medicina esportiva do mundo.
Já passaram por lá mais de 20 mil atletas de diferentes países, como Neymar, o argentino Di María e os ex-jogadores Paolo Maldini e Roberto Carlos. Fora do futebol, o camaronês Joel Embiid, astro da NBA, e o fundista campeão olímpico Mo Farah também usaram as instalações do hospital catariano. Todos escreveram depoimentos elogiosos que estampam as paredes dos corredores do centro médico.
O Catar banca o tratamento de atletas nacionais federados por meio de um sistema público de saúde. Durante a Copa do Mundo, porém, o Aspetar atende apenas jogadores das seleções e dirigentes da Fifa.
O Aspetar, diz Bordalo, recebeu solicitação de centros dos Estados Unidos para compartilhar a experiência pensando na Copa de 2026, que terá como sede, além das cidades americanas, Canadá e México.
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