Mecenas da Bola: John Textor foi prodígio do skate, pioneiro da internet e 'vencedor' de Oscar

O interesse de Textor pelo futebol se iniciou em 2021, com o investimento no clube inglês, mas ele já tinha uma "veia esportista" em seu corpo.

Textor
Textor não vive um bom momentos em seus clubes (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Rio de Janeiro, RJ, 08 – Líder do Campeonato Brasileiro, com dez pontos de vantagem para o Palmeiras, o Botafogo vive uma transformação desde a última temporada muito graças a um nome: John Textor, dono da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube carioca. Em 2021, quando surgiram os primeiros indícios de que o americano estava interessado em assumir o controle do futebol, o Botafogo disputava a Série B. Hoje, é favorito para conquistar seu terceiro título nacional.

Textor é um dos mais novos Mecenas da Bola. Além do clube brasileiro, o empresário tem controle sobre o Crystal Palace, time da Inglaterra, e também do Lyon, da França. Em 2022, o Botafogo concretizou a venda de 90% de suas ações para o Eagle Holding, fundo de investimentos do divertido magnata americano. O interesse de Textor pelo futebol se iniciou em 2021, com o investimento no clube inglês, mas ele já tinha uma “veia esportista” em seu corpo.

Nascido em Kirksville, pequena cidade no Estado do Missouri, nos Estados Unidos, Textor concluiu seus estudos em um colégio público. Segundo o empresário, ele cresceu em uma família de classe média em Palm Beach, na Flórida. Ainda na adolescência, começou a se aventurar no mundo dos esportes, mais especificamente no skate – cultura que se expandia na costa leste americana.

Em 1978, competiu e venceu o torneio de freestyle – que premiava as melhores manobras e estilo na pista – no “The Pepsi Skateboard Team Challenge”. A competição, patrocinada pela marca de refrigerantes, aconteceu em Tampa, na Flórida. Hoje bilionário, Textor era um dos prodígios no esporte já aos 12 anos. Ele chegou a derrotar o lendário Rodney Mullen em disputa de freestyle e recebeu destaque de revistas especializadas na época.

Entretanto, o jovem americano não conseguiu chegar ao seu auge sobre o skate. Na década seguinte, precisou encerrar sua carreira após uma lesão na cabeça, que o fez ser hospitalizado. De acordo com o próprio Textor, o término precoce fez com que ele decidisse investir no ramo de tecnologia e internet, quando essa área ainda “engatinhava” ao redor do mundo. Eram os primeiros passos para a construção de sua fortuna.

FORTUNA

Foi por meio destes investimentos que Textor ganhou dinheiro. Ele abriu e trabalhou com dezenas de empresas de tecnologia que fizeram com que o empresário fortalecesse seu nome nesse ramo. Não há números concretos sobre quanto ele acumulou financeiramente ao longo de sua carreira, mas ele fez o nome entre os principais investidores americanos – antes mesmo de iniciar sua empreitada no esporte. Seu patrimônio é estimado em US$ 250 milhões.

No início do advento da internet, o americano fundou múltiplas empresas, sites e startups na world wide web (www). Na área da tecnologia, comprou a Digital Domain, empresa de produção de efeitos especiais para o cinema e televisão que havia sido fundada em 1993 pelo diretor James Cameron.

No portfólio, que contou com o apoio do também diretor Michael Bay, estão produções como Piratas do Caribe, Transformers, Vingadores, Homem de Ferro, entre outros, todos sucessos de bilheteria.

Ao todo, a empresa soma sete premiações no Oscar de efeitos especiais. Em 2012, a empresa foi à falência e a Suprema Corte dos Estados Unidos multou John Textor em US$ 80 milhões por, entre outros motivos, entender que o americano utilizou parte da receita e equipamentos da companhia para fomentar a criação da fuboTV, canal de streaming no país.

No ano seguinte, o novo dono do Botafogo fundou a Pulse Technology, empresa especializada em hologramas ultrarrealistas. Foi por meio dela que ele recebeu a alcunha de “Guru da realidade virtual em Hollywood” pela revista Forbes. Entre os feitos, a Pulse “reviveu” Tupac Shakur e Michael Jackson, em apresentações holográficas no Coachella e Billboard, respectivamente, anos após suas mortes.

TORCEDOR

Aos 57 anos, John Textor não poupa esforços para acompanhar o Botafogo. Seja no camarote do Estádio Nilton Santos ou nas arquibancadas do setor de visitantes, ele sofre tal qual um torcedor alvinegro. Já foi visto tremulando bandeira do clube e tomando chuva em dia de partida. Em julho, viajou ao Chile para acompanhar a vitória contra o Patronato, pela Copa Sul-Americana. No Brasil, ele construiu a imagem de investidor de sucesso, mas também de um animado apaixonado pelo time e pelo jogo em si.

Ele provoca essa identificação com o seguidor do Botafogo. Não escapou, no entanto, dos olhares desconfiados dos brasileiros quando chegou ao Rio. Mas tem superado essa condição. O rendimento do time no Brasileirão o ajuda a cair nas graças do torcedor. “Eu gosto de ver o jogo com os torcedores na arquibancada. No Estádio Nilton Santos é mais difícil porque é muito cheio e eu seria uma distração. Hoje, tinha mais de 40 torcedores fanáticos aqui, então foi muito legal. Gosto de assistir assim, sem ser de terno e gravata, como faço na Premier League”, disse.

É preciso olhar para John Textor com essas duas lentes, a de um esportista, mas também a de um cara que investe seu dinheiro para ter lucro e gerar mais receitas para seus negócios. Ele trabalha para fazer o Botafogo ganhar partidas e campeonatos e para que seu dinheiro aumente no futebol brasileiro.

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