Mbappé: entenda polêmica com KFC e como funciona direitos de imagem dos atletas
O atacante do PSG afirma que cada profissional deveria poder escolher quais marcas quer usar
Kylian Mbappeé fez questionamentos em relação ao contrato de direito de imagem dos jogadores
Kylian Mbappé se envolveu em mais uma polêmica. O atacante do Paris Saint-Germain fez um duro questionamento em relação ao contrato dos direitos de imagem dos jogadores franceses ao decidir ficar fora de uma sessão de fotos. O craque afirmou que a Federação Francesa de Futebol explora de “maneira desigual” a imagem individual de cada atleta e que cada profissional deveria ter o poder de escolher quais marcas quer usar.
Um exemplo dado pelo estafe de Mbappé é que ele não quer estar relacionado a empresas de casas de apostas e fast food (KFC), por exemplo, que estão entre os patrocinadores da seleção da França. O jogador acrescentou ainda que essa posição não é apenas dele.
“Desde o início, foi um movimento coletivo. É que não tenho problema nenhum de subir ao palco para lutar pelos meus companheiros. Não é grande coisa receber críticas. Estou acostumado”, afirmou o atacante. “Isso não vai mudar minha maneira de viver e conseguir ajudar os meus companheiros a alcançar o que querem é o principal”, completou.
Advogado e professor de pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho, Flávio Ordoque elogia o comportamento de Mbappé. “Se, por um lado, o gesto do Mbappé parece um ato de rebeldia, por outro pode ser um paradigma na relação entre atletas e federações, pois exige uma maior transparência tanto na escolha dos parceiros comerciais quanto dos profissionais envolvidos. No entanto, o tema não é novo, apesar de não ser muito comum: Cruyff fez isso quando se negou a usar a roupa da patrocinadora da seleção holandesa na época, e era o único a usar camisa e calção com apenas duas listras”, explicou.
O posicionamento não é novidade por parte de Mbappé, já que em março deste ano ele também havia se recusado a participar de uma sessão de fotos em evento realizado com patrocinadores da seleção francesa.
Para Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e responsável por cuidar dos contratos de patrocínio e gerenciamento da carreira do atacante Endrick, promessa de apenas 16 anos do Palmeiras, os atletas precisam entender que as negociações nas seleções são feitas de forma coletiva.
“Ele deve ceder a imagem de forma coletiva ao patrocinador para as empresas que investem na seleção. Quando estiver negociando um contrato pessoal, de maneira individual, é outra história. Se cada atleta se rebelar sempre por questões que envolvam os contratos de uma federação ou confederação, os acordos comerciais deixarão de existir”, apontou.
CONTRA-ATAQUE DO KFC
Um dia depois da recusa, o vice-presidente do KFC França, Alain Beral, contra-atacou e deu uma dura declaração contra o jogador. Ele disse que a rede de fast food deve tomar medidas legais pela recusa do atacante em participar de compromissos de patrocínio assinados com a seleção francesa. “Nós pagamos por algo. Se necessário, reivindicaremos nossos direitos”, disse, em entrevista ao site Sport Business Club.
“É um problema entre a Federação e Mbappé, que está com um capricho próprio da revolta da juventude. Não temos nada a ver com isso. O que eu sei é que nós pagamos por algo que foi negociado de forma muita clara e vamos fazer valer os nossos direitos. Se os jogadores se vão recusar, então temo que as empresas privadas deixem de financiar os campeonatos e Federações”, prosseguiu o executivo do KFC.
“Uma questão importante é que as relações comerciais entre as federações e os jogadores se alteram. Primeiro, porque eles vão ter que escolher melhor os parceiros, já que a convocação dos jogadores também é um contrato. Eles são remunerados por isso, e podem escolher, em tese, do que querem ou não participar. Acho que isso gera uma nova forma de se posicionar, seja das federações e confederações com os patrocinadores, seja das confederações com os jogadores e esses patrocinadores também”, acrescentou Flávio Ordoque.
O advogado também é didático ao explicar como funciona os modelos contratuais de direitos de imagem envolvendo atletas e clubes. “É um contrato onde o atleta cede ao clube contratante o direito para usar também a imagem dele de forma institucional. A grosso modo, o contrato de trabalho cede a força física/habilidade do jogador, mas não o direito ao uso da imagem. Com isso, se convencionou separar esses dois momentos: o jogador e a imagem dele. Então a imagem do jogador é diferente da imagem pessoal. O contrato de jogador é celebrado entre clube e pessoa física; o contrato de imagem normalmente é feito entre uma empresa que detém o direito do uso de imagem do jogador e o clube contratante”, finalizou.
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