Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, diz que Tite deu trabalho

Mário Gobbi comandou o Corinthians de 2012 a 2015. Ele foi antecedido por Andrés Sanchez e deu lugar a Roberto de Andrade

"O Tite é muito bom, mas tem um outro lado que vocês não conhecem. Ele não viria para o Corinthians porque precisaria reformular", disse Gobbi

Mário Gobbi
Ex-presidente do Corinthians detona Abel Ferreira (Foto: Alan Morici)

São Paulo, SP, 27 – O ex-presidente do Corinthians Mário Gobbi fez revelações sobre os bastidores do clube paulista durante a sua gestão, no triênio 2012-2015. Em entrevista no podcast “Tomando Uma Com”, o ex-mandatário comentou sobre a relação com Tite, inclusive fazendo críticas ao treinador. Ele também disparou contra Abel Ferreira, atual técnico do rival Palmeiras.

Em um dos trechos, Gobbi fez declarações sobre problemas de gestão do Tite. Segundo o ex-dirigente, ele “deu trabalho” quando era necessária uma reformulação no elenco e venda de atletas jovens para melhorar o caixa do clube, em 2013. “O Tite é bom para remar para frente. Quando ele precisa fazer uma reformulação, ele não é bom. Ele é 100% coração e ele ia ter lá oito jogadores do tempo que ele treinou em 2012. Ele é 80% coração e 20% profissional”, apontou Gobbi.

Um dos problemas envolvia o apego de Tite a jogadores que já não rendiam tanto no time titular e evitavam que jovens como Felipe e Marquinhos pudessem ter a vitrine para negociações. Depois da eliminação na fase preliminar da Copa Libertadores de 2013, para o Boca Juniors nas oitavas de final, o Corinthians estava “sem dinheiro”, nas palavras do ex-dirigente.

FALA, GOBBI!

“Depois de três meses ele não colocou ninguém, e perguntei a ele sobre a reformulação. Ele disse ‘não consigo, eles são meus filhos, meus parceiros, me deram títulos’. Eu falei: ‘Tite, não estou pedindo. Eu estou mandando’. (Ele) Me deu muito trabalho”, relembra o dirigente.

Ainda segundo Gobbi, Tite avaliou que Marquinhos, na época com 18 anos e hoje no Paris Saint-Germain, não seria um bom zagueiro. Isso motivou que a direção vendesse o jogador à Roma por 5 milhões de euros (R$ 11 milhões, na época). Na época, contudo, chegou a ser noticiada a insatisfação de Tite com a venda. O PSG pagou 31 milhões de euros (R$ 102 milhões no momento da transação) em 2013 pelo zagueiro. O próprio Tite o convocou para defender a seleção brasileira para as Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Gobbi também revelou que Tite foi convidado para voltar ao Corinthians três vezes em 2023, quando já havia deixado a CBF. O técnico recusou todos os chamados. “O Tite é muito bom, mas tem um outro lado que vocês não conhecem. Ele não viria para o Corinthians porque precisaria reformular, e ele não faria isso com o Cássio, Fábio Santos, Gil, Fagner, Paulinho…”, avaliou.

As críticas do ex-presidente do Corinthians também sobraram para o rival Palmeiras. Mais especificamente, para Abel Ferreira, treinador alviverde. O ex-dirigente reclamou do comportamento do técnico. “Aí vem um português aqui, que tem um nível superior, e manda no árbitro, agride jogador do São Paulo, ofende o árbitro, c*** na cabeça da Federação, da CBF, e todo mundo baba ovo para ele. Ele é competente, mas aqui tem uma cultura, tem futebol…”, comentou.

Uma das referências é o episódio entre Abel e Calleri, durante um clássico entre São Paulo e Palmeiras, quando ambos se encararam à beira do gramado. Para Gobbi, isso influencia outros técnicos a desrespeitarem árbitros e jogadores.

“Ele empurra o jogador adversário, ele pensa que é o quê? E os presidentes dos clubes estão quietos. Ele apita jogo. Se você não gosta daqui, vai embora, vai treinar o Almería, quem ele queira. Está uma vergonha. E ataca a imprensa, agride, ofende, é desrespeitoso. Ofende e ninguém fala nada, está tudo bem”, complementou Gobbi, que antes de direcionar suas críticas ao português, refletiu sobre o momento do futebol brasileiro, defendendo a manutenção dos treinadores.

MANDATO DO EX-PRESIDENTE

Mário Gobbi comandou o Corinthians de 2012 a 2015. Ele foi antecedido por Andrés Sanchez e deu lugar a Roberto de Andrade. Gobbi trabalhou como vice-presidente e diretor de futebol do clube. Ele participou ativamente da contratação de Ronaldo, em 2009. Sua trajetória no Corinthians também guarda um episódio de tensão com torcidas organizadas. Ele chegou a ser agredido com uma cadeira e afastou-se da equipe em 2010. Retornou como presidente e era mandatário do Corinthians nos títulos da Libertadores, Mundial, ambos em 2012, e Recopa Sul-Americana e Campeonato Paulista de 2013.

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