Mais copeiro, Palmeiras pode repetir Santos e São Paulo na Copa Libertadores

Treinador português chega a sua segunda final de Libertadores em menos de um ano comandando o Alviverde

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Abel Ferreira chega a sua segunda final e Libertadores. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

São Paulo, SP, 29 – A chegada a mais uma final de Copa Libertadores depois de eliminar o Atlético-MG no Mineirão nesta terça-feira fez o Palmeiras atingir um feito relevante no futebol nacional. A equipe de Abel Ferreira, cada vez mais “copeira” na competição, alcançou a decisão do torneio mais importante da América do Sul em duas edições seguidas pela segunda vez na história, repetindo o que fizera em 1999 e 2000. Agora, tentará em Montevidéu ser campeã de forma consecutiva, o que somente Santos e São Paulo conseguiram entre as equipes brasileiras.

Apenas São Paulo e Palmeiras, entre os clubes do País, avançaram em mais de uma ocasião a duas finais consecutivas da Libertadores. Tricampeão continental, o time tricolor jogou as decisões de 1992, 1993 e 1994 e também as de 2005 e 2006. É a única equipe brasileira que conseguiu disputar três finais consecutivas do torneio sul-americano, sagrando-se campeã em 1992, 1993 e 2005 e vice em 1994 e 2006. Não é pouco.

Santos (1962 e 1963), Grêmio (1983 e 1984) e Cruzeiro (1976 e 1977) são os outros times do Brasil que jogaram duas decisões em sequência da Libertadores. Os paulistas e os gaúchos são tricampeões e os mineiros somam duas taças. O Santos, assim como o São Paulo, venceu duas vezes seguidas o campeonato.

EM BUSCA DO TRI

O Palmeiras levantou o troféu mais desejado do continente pela primeira vez em 1999 e voltou a erguer a taça na temporada de 2020 que só terminou em janeiro de 2021, com a consagração do herói improvável Breno Lopes, autor do gol palmeirense na final contra o Santos no Maracanã. “O Palmeiras sempre soube jogar a Libertadores, mas acho que tem se tornado cada vez mais copeiro. Vinha sempre chegando nas semifinais, batendo na trave, e agora aprendeu o caminho para chegar mais vezes à final”, diz o ex-goleiro Sérgio ao Estadão. Ele fez parte do elenco campeão em 1999 e foi vice também em 2000.

O Palmeiras de hoje e o de duas décadas atrás reúnem mais diferenças do que semelhanças, mas o ex-jogador aponta um aspecto em comum importante: a capacidade de se unir para passar por adversários considerados favoritos. “Vejo semelhança na garra, na união dos atletas. Aquele time era muito unido, o Felipão sempre priorizou a união do grupo, e vejo isso nesse time também. Na nossa época, conseguimos derrubar favoritos, principalmente o Corinthians, em 2000. E esse Palmeiras fez isso agora contra o Atlético”, observa Sérgio. O ex-goleiro fez 333 jogos pelo clube e participa de eventos ligados ao Palmeiras até hoje.

PSICOLÓGICO GANHOU O JOGO

O controle mental dos jogadores durante o duelo com o Atlético-MG, algo que o técnico Abel Ferreira trabalha exaustivamente, também foi essencial para o time sair de campo classificado. O treinador foi visto pedindo calma e concentração aos atletas depois que o Atlético-MG abriu o placar com Vargas no início do segundo tempo. Os atletas seguiram o plano e a estratégia deu certo.

“São duas coisas que fazem a diferença: você olhar para os jogadores e ver que eles estão bem e olhar para o técnico e ele te passar calma nesse momento adverso. Além disso, o Abel mexeu muito bem e o time reagiu”, opina Sérgio.

Atual titular da meta palmeirense, Weverton afirmou que as recordações da campanha vitoriosa de 2020 foram outro componente que fez parte da estratégia e ajudou a equipe a garantir presença em mais uma final de Libertadores. A taça, inclusive, foi levada ao vestiário no Mineirão como objeto de motivação.

“Ter a taça naquele momento significou lembrar a oportunidade que tínhamos de voltar a uma decisão de Libertadores e o quanto isso é importante. Trouxe à memória a chance que temos de disputar outra final e marcar mais uma vez nosso nome na história do clube. Foi uma inspiração e motivação a mais”, resumiu Weverton, segundo goleiro que mais defendeu o Palmeiras em Libertadores e o que mais venceu pelo clube na competição.

ABEL PODE SER BICAMPEÃO

Criticado por muitos pela excesso de cautela da equipe no jogo de ida da semifinal no Allianz Parque, o técnico Abel Ferreira deu a resposta aos críticos com uma estratégia bem desenhada e que foi determinante para a classificação palmeirense. Poderia ter sido diferente, mas não foi. Com isso, ele está a um passo de fazer história. O português já integra um seleto grupo de técnicos históricos do torneio sul-americano e tenta ser bicampeão, o que nenhum treinador consegue na Libertadores desde que o argentino Carlos Bianchi levantou as taças de 2000 e 2001 com o seu épico Boca Juniors.

“O destino desta equipe, e deste treinador, é fazer história. Já fizemos, nunca ninguém tinha feito 3 a 0 lá no River Plate, ganhamos o título 21 anos depois”, disse o predestinado Abel na entrevista pós-jogo. Ele não abriu mão de seu plano para conduzir a equipe à decisão.

HISTÓRICO

Abel tornou-se o quarto técnico de uma equipe brasileira a chegar a duas finais seguidas de Libertadores. Os outros são Lula (Santos), Telê Santana (São Paulo) e Luiz Felipe Scolari (Palmeiras). Dos três, Lula e Telê foram bicampeões. Felipão ganhou em 1999 e ficou com o vice no ano seguinte.

O último técnico a emplacar duas decisões em sequência, como Abel Ferreira, foi Marcelo Gallardo, com o River. O argentino conquistou o torneio em 2018, mas perdeu a oportunidade de faturar a competição duas vezes seguidas ao ver sua equipe ser derrotada pelo Flamengo na decisão de 2019.

Abel também é o primeiro europeu a ser finalista do maior torneio de futebol de clubes da América do Sul em duas edições seguidas. Atrás do tricampeonato, o Palmeiras jogará contra Flamengo ou Barcelona de Guayaquil a final em Montevidéu, no Uruguai, marcada para 27 de novembro, em partida única.

Ricardo Magatti

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