Luxemburgo coleciona declarações polêmicas e engraçadas no comando do Corinthians; veja

A vitória ainda não veio - são sete jogos sem triunfo -, mas as falas ríspidas e, por vezes, engraçadas se fazem presente em quase todas as coletivas de imprensa do treinador

O Corinthians ocupa a zona de rebaixamento do Brasileirão, no 18º lugar

Luxemburgo Corinthians 2

Rio de Janeiro, RJ, 27 – Sempre polêmico e de pavio curto, o técnico Vanderlei Luxemburgo assumiu pela terceira vez o comando do Corinthians no começo de maio, aos 71 anos. A vitória ainda não veio – são sete jogos sem triunfo -, mas as falas ríspidas e, por vezes, engraçadas se fazem presente em quase todas as coletivas de imprensa do treinador.

Luxemburgo assumiu uma equipe instável, sendo contratado após a saída conturbada de Cuca, condenado por estupro em 1989 e alvo de inúmeros protestos da torcida corintiana. Com trocas constantes no comando, o experiente técnico foi chamado para apagar o incêndio em Itaquera. Tem feito pouco, por ora, mas acredita estar no caminho certo. O Corinthians ocupa a zona de rebaixamento do Brasileirão, no 18º lugar.

Ao longo de sua carreira, são inúmeros os episódios de falas controversas. Se as frases de Luxemburgo já fazem parte do folclore do futebol nacional, as respostas atuais talvez não sejam tão valorizadas. Algumas ainda são capazes de tirarem gargalhadas, mas outras acabam irritando o torcedor, que já começa a perder a paciência com ele.

A reportagem separou as maiores “pérolas” de Luxemburgo em sua terceira passagem pelo Corinthians. Confira:

“EU TRAGO A MODERNIDADE PARA O FUTEBOL”

Luxemburgo estava desde de 2021 sem comandar uma equipe de futebol. Seu último trabalho foi no Cruzeiro, onde evitou que o clube fosse rebaixado para a Série C. Em sua coletiva de apresentação, o treinador foi questionado sobre seu tempo fora do esporte e teve de responder as perguntas sobre se está atualizado em relação ao futebol da atualidade.

“Gosto que existe a modernidade, mas que não prostitui o atleta brasileiro. Não brigo contra a modernidade. Eu trago a modernidade para o futebol”, afirmou o técnico, que sempre se coloca como um profissional de vanguarda. “O que mudou no futebol? A terminologia? ‘Marcação-pressão’, ‘time reativo’, sei todos os nomes. Mas temos uma essência. Qual diferença tática? Nenhuma. O que mudou foi a estrutura. A modernidade é ter um atleta mais bem preparado em campo”.

“O CAMPO DE FUTEBOL AUMENTOU 16 METROS”

Na mesma coletiva de apresentação, o treinador foi perguntado se planejava comandar os treinos da equipe alvinegra. Em oportunidades anteriores, o técnico já havia dado a entender que não tinha mais paciência para tal atividades. Irritado, a resposta de Luxemburgo foi ríspida. “Hoje vocês enaltecem os assistentes porque dão treino. Por que não posso deixar meus assistentes trabalharem e olhar outras coisas? (Alex) Ferguson (lendário técnico do Manchester United) ficava na sala dele e quem dava treino era o outro. Trago mais pessoas que podem participar. Não estou brigando. Eu acho que são coisas desnecessárias.”

O técnico emendou a resposta em um rompante sobre o futebol moderno, fazendo uma curiosa análise sobre o tamanho do campo de futebol. “O campo de futebol aumentou 16 metros. Por quê? A marcação deixou de ser compactada. Goleiro sai e atrai o time rival. Atrai e sai jogando com um espaço maior. Jogadores precisam de intensidade para ocupar mais rápido o campo”, finalizou.

“SE A GENTE SAÍSSE APLAUDIDO, ALGO ESTARIA ERRADO”

A estreia do Corinthians sob o comando de Luxemburgo não foi das melhores. Em casa, o time perdeu a partida por 2 a 1 para o Independiente Del Valle e saiu de campo vaiado. Na coletiva de imprensa, Luxemburgo foi direto ao ponto. “Se a gente saísse aplaudido, algo estaria errado. Não tem como sair aplaudido. Não é novidade para nós perder e sair daqui com o pessoal reagindo assim.”

“TINHA UMA NUVEM NEGRA, CONSEGUIMOS TIRAR ESSA NUVEM”

Após o empate contra o Fortaleza pelo Brasileirão, Luxemburgo afirmou que o clima no Parque São Jorge estava melhorando. Em nenhum momento ele citou as polêmicas e protestos envolvendo Cuca, mas disse que as coisas estavam mais leves. “Temos muita coisa pra melhorar, mas houve um progresso. Não só de jogar futebol. Tem certas coisas invisíveis para a parte externa, mas que pra nós são importantes. Tinha uma nuvem negra. Conseguimos tirar essa nuvem”.

“A MOTIVAÇÃO? EU TÔ COM ELA APONTADA PARA O CÉU”

No Rio de Janeiro, o Corinthians foi atropelado pelo Botafogo e perdeu de 3 a 0. Mais uma vez, o treinador de 71 anos foi questionado sobre sua capacidade de acompanhar os novos conceitos táticos e estratégicos do futebol. Luxemburgo não titubeou e respondeu a pergunta de forma pouco elegante. “Muitas mudanças aconteceram, e eu acompanhei todas elas. Só que eu discordo de algumas, concordo com outras. A motivação é que eu tô com ela apontada para o céu. Você não quer ver ela, né?”

“QUEM TIVER QUE SE FERRAR QUE SE FERRE”

Ainda na coletiva da derrota para o Botafogo, Luxemburgo foi questionado sobre sua opinião em relação ao esquema de apostas no Campeonato Brasileiro. Ele foi enfático. “Eu estou achando ótimo isso acontecer. Quem tiver que se ferrar que se ferre. Essa é a grande realidade. Não tem como preservar ninguém que faz coisas erradas e prejudica todo um processo do futebol onde esse dinheiro está chegando.”

“UM TRABALHO QUE NÃO É TÁTICO, MAS É UM POUCO TÁTICO, QUE NÃO É TÉCNICO, MAS É UM POUCO TÉCNICO”

Após o empate contra o São Paulo na Neo Química Arena, o treinador se enrolou um pouco ao definir o tipo de esforço realizado por sua equipe no jogo. A frase confusa ganhou as redes. “Eu consegui fazer um trabalho que não é tático, que é um pouco tático, que não é técnico, mas é um pouco técnico, não é físico, mas o mais importante é que eu consegui trazer o time de uma derrota por 3 a 0 para ter condições para jogar um clássico com condições de poder ganhar, empatar ou até perder”.

“TODO MUNDO ENALTECEU O FLUMINENSE, QUE FICOU 45 MINUTOS FECHADO ALI ATRÁS PASSANDO A BOLA DE CÁ PRA LÁ”

A derrota para o Atlético-MG na Copa do Brasil foi bastante sentida pela torcida corintiana. Com uma postura passiva, a equipe de Itaquera viu o rival dominar o jogo. Irritado, Luxemburgo se defendeu ao ser questionado sobre a estratégia defensiva adotada por seu time.

“É estratégia, cara. Flamengo x Fluminense todo mundo enalteceu o Fluminense, que ficou 45 minutos fechando ali atrás, a bola passava pra cá e passava pra lá. São coisas parecidas, você vê muito defeito de um lado e esquece de ver do outro. O Flamengo teve no segundo tempo no jogo lá, muitos minutos de posse de bola. Agora, eu não posso fazer isso, e tendo possibilidade de fazer o gol?”, disse.

“SE NA TUA CASA TIVER DOIS BANHEIROS E VOCÊ FICAR NA DÚVIDA EM QUAL VOCÊ VAI, VAI FAZER NAS CALÇAS”

Apesar da derrota, Luxemburgo considerou que o Corinthians fez uma boa partida contra o Flamengo pelo Brasileirão. Segundo o veterano, foi determinante para a mudança de comportamento dos atletas a atitude, o que ele explicou por meio de uma analogia insólita. “Eu usei uma palavra: atitude. É fundamental. Se na tua casa tiver dois banheiros e você ficar na dúvida em qual você vai, vai fazer nas calças. Tem que tomar a atitude. Time teve atitude com bola e sem bola, e uma coisa muito importante”, comparou.

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