Livro conta história de campeão com Inter que faz sucesso na Medicina

Dr. Marcos Dall'Oglio resolveu usar sua bela história de vida de ex-jogador aposentado aos 24 anos para mostrar àqueles meninos que batem na trave em peneiras e testes de futebol, que podem desenvolver suas habilidades como médico, dentista, advogado, jornalista

Recém-lançado, o livro Da Bola ao Bisturi, do ex-volante Marquinhos, campeão como o Internacional, é um estímulo para quem não obteve êxito com a bola a não desistir e buscar se destacar em outras áreas

Inter Marquinhos
Livro conta história de campeão com Inter que faz sucesso na Medicina

Porto Alegre, RS, 26 – Muitos jovens não conseguem realizar o sonho de se tornar um jogador profissional. Mas há, também, aqueles que desistem da carreira para buscar algo sólido para toda a vida. Recém-lançado, o livro Da Bola ao Bisturi, do ex-volante Marquinhos, campeão como o Internacional, é um estímulo para quem não obteve êxito com a bola a não desistir e buscar se destacar em outras áreas. Hoje um conceituado cirurgião urologista e professor da USP, o Dr. Marcos Dall’Oglio resolveu usar sua bela história de vida de ex-jogador aposentado aos 24 anos para mostrar àqueles meninos que batem na trave em peneiras e testes de futebol, que podem desenvolver suas habilidades como médico, dentista, advogado, jornalista…

“Tenho muitos pacientes e amigos que me estimulam a contar histórias, pedem para eu revelar algo a mais todo dia. Surgiu a ideia do livro, mas eu quis mostrar a jovens guris que não conseguiram chegar ao profissional, que eles têm condições de se destacar em outras profissões, basta buscar. É um estímulo, uma mostra que experiência em uma profissão ajuda na outra”, afirma o doutor Marcos.

Hoje referência no País, com consultório privado e ainda atendimentos em grandes hospitais, como Sírio Libanês, Clínicas e Santa Marcelina, além de aulas de cirurgia para docentes, nem tudo foram flores na vida deste gaúcho de 56 anos.

Os primeiros passos foram no nanico 14 de Julho, que depois mudaria de nome para Passo Fundo, disputando a Segunda Divisão do Gauchão. Jogos duros, campos esburacados, pouca torcida. Persistente, o volante se destacava entre os companheiros e ainda atacava em outra de suas paixões, o curso de medicina. Dividia o escasso tempo em duas áreas conflitantes com a mesma seriedade. A dedicação nos gramados o fez entrar no radar do gigante Internacional.

A transferência para Porto Alegre ‘atrapalhou’ seus planos na universidade. Conciliar era difícil. Não por acaso, foram 10 anos para a conclusão de um curso que dura 12 semestres entre estudos e matrícula trancada. “Mas foi um grande aprendizado”, garante o médico, que também concluiu o doutorado e precisou fazer uma dura escolha com somente 24 anos “sozinho, o que não foi fácil.”

Marquinhos ganhou holofotes no Inter, conquistou o estadual de 1984, se firmou entre 85 e 86 e terminou como vice na Copa União de 87, perdendo a decisão para o Flamengo. Nesta época, já sem espaços, o pensamento não era o mesmo dos 18, 19 anos, nos quais só dizia “que nada era melhor do que jogar futebol”. Ainda ‘insistiu’ com o futebol até 1990, com passagens por Figueirense e Athletico-PR,. Sempre jogando ao lado de grandes nomes, até hoje tem ótimas recordações com Taffarel, Mauro Galvão, Roberto Dias, Milton Cruz, Eriberto, Tita, Valdir, entre tantos ex-companheiros, com as histórias contadas em Da Bola ao Bisturi, publicado pela Editora Sulina, com prefácio de Paulo Roberto Falcão, ídolo do time colorado.

Apesar de sempre estar aparecendo na TV, programas de rádio, revistas e jornais, do reconhecimento da torcida nas ruas, Marquinhos já não estava plenamente feliz e resolveu, com aperto no coração, escolher apenas um lado para seguir a vida.

“Amava a medicina, um curso difícil, com residência. Fiz uma análise dos melhores momentos e os que não foram tão legais na carreira. As cicatrizes da vida já faziam eu não sonhar mais com seleção, não estava prontamente feliz e resolvi buscar uma profissão sólida”, conta.

Usar seu entusiasmo apenas na parte física, como jogador, deixou de ser a prioridade. E veio a precoce aposentadoria dos gramados. Já sem vislumbrar grandes conquistas com camisa, calção e chuteira, sabia que tentar a medicina somente após os 30 anos seria arriscado. “Não teria a mesma condição e entusiasmo. Fiz no momento ideal. Olhando para trás, vejo que fiz a escolha certa.”

Começou investindo nas áreas de ortopedia e traumatologia, auxiliando muitos amigos que fez nos campos, sobretudo no Inter, o clube de coração dele e agora também da mulher e dos filhos. Acabou conhecendo a cirurgia e se “apaixonando”. No livro, boas histórias contam essa evolução e sucesso de 30 anos ajudando pacientes com câncer do sistema urinário e de outros problemas urológicos.

Dr. Marcos Dall’Oglio hoje tem uma jornada muita mais desgastante que as viagens, concentrações e partidas de quarta e domingo, diz que jogador reclama sem razão e, mesmo assim, não consegue deixar de lado sua paixão pelo futebol. “Não tem como desligar.”

Ele encontra momento livre na rotina corrida dos ambulatórios para “bater uma bolinha” com amigos médicos e está sempre acompanhando as partidas na televisão. Torcedor do Internacional, segundo colocado do Brasileirão, reconhece que tirar o título do Palmeiras está bastante difícil, mas como persistente que é, garante: “Dá para sonhar.”

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