Líder da Série B, Cuiabá mantém visão de crescimento sem pressão pelo acesso
O Dourado tem seis vitórias, três empates e apenas uma derrota neste início de campeonato
O Dourado tem seis vitórias, três empates e apenas uma derrota neste início de campeonato
Cuiabá, MT, 21 – Líder da Série B do Campeonato Brasileiro com seis vitórias, três empates e apenas uma derrota, classificado para o mata-mata do Campeonato Mato-Grossense com a melhor campanha da primeira fase e atual campeão da Copa Verde, o Cuiabá vive uma boa fase.
Ainda assim, todos na equipe procuram manter os pés no chão, focando em um processo de construção e melhora gradual do clube em vez de já mirar voos mais altos.
“Acho que esse bom começo é principalmente por conta do bom planejamento, a diretoria montou o time de maneira estudada, foi bastante pesquisado todos os jogadores que iriam trazer e o clube já tinha feito uma campanha boa o ano passado.
Mantiveram o treinador, que já conhece a competição e já conquistou acesso, trouxeram atletas já familiarizados com a Série B e que são experientes”, afirmou o volante Auremir.
O técnico Marcelo Chamusca concorda com essa avaliação.
“O time vem se estruturando, fazendo aquilo que eu acredito que seja o planejamento ideal para o crescimento de uma equipe.
E, devido a isso, consegue dar boas condições de trabalho, tem organização interna, paga em dia, tem condição de logística e condição financeira para montar uma equipe competitiva para um campeonato tão difícil como a Série B”, opinou.
DENTRO DE CAMPO
Já sobre os aspectos táticos, Chamusca explica como trabalha a equipe e aponta caminhos para possíveis melhoras.
“Eu procuro ter um conceito de jogo com cada uma das três fases bem trabalhadas. Eu tenho uma ideia bem definida para cada fase e vou alinhando ali com eles, dependendo também do adversário, o espaço que ele me proporciona.
Acho que a gente pode melhorar um pouquinho a nossa fase ofensiva do jogo, saber enfrentar melhor adversários que jogam com as linhas mais baixas. A gente ainda tem essa dificuldade de construção e nisso podemos evoluir”, analisou o treinador.
Ainda assim, o técnico elogia a postura da equipe em jogos fora de Cuiabá.
“A gente não difere de jogo em casa para jogo fora, procuramos sempre manter a mesma postura. A gente acredita que o campo é de quem vai lá e joga; o estádio pode até ser do adversário, mas o campo é de quem vai e se dispõe a buscar a vitória”, comentou.
DIFICULDADES
Tanto treinador quanto atleta ressaltam as dificuldades extras trazidas pela pandemia do novo coronavírus: enquanto Auremir se preocupa com lesões e viagens em um curto espaço de tempo, Chamusca destaca a importância do setor de análise de desempenho para o Cuiabá na tentativa de evitar problemas físicos entre os jogadores, dando descanso assim que sinais de fadiga muscular são detectados.
PÉS NO CHÃO
Cristiano Dresch, vice-presidente do Cuiabá, alerta que se passaram apenas 10 rodadas e que é cedo para saber se o time vai brigar pelo acesso à elite do futebol brasileiro.
“A gente tem que ser muito pé no chão. Quem conhece a Série B sabe que é muito difícil, é uma competição equilibrada e esse ano está mais equilibrada ainda. Acreditar a gente acredita desde o início, mas sabemos da dificuldade, não vamos ser marinheiros de primeira viagem.
O Cuiabá está pensando em ser um dos quatro para subir para a Série A sim e estamos dispostos a fazer o investimento para isso”, afirmou o dirigente.
Chamusca faz coro com o discurso de Dresch.
“Para seguir brigando, o time precisa manter esse espírito competitivo que vem demonstrando nos jogos, continuar trabalhando sempre pensando no próximo jogo, não ficar fazendo muitas projeções a médio e longo prazo, ainda mais em um campeonato atípico como está sendo esse.
Também precisa ter o entendimento que a competição é extremamente nivelada e ficam muitos clubes se alternando no G-4. No mais, é continuar fazendo o que fizemos até essa rodada”, disse o treinador.
HISTÓRIA
O Cuiabá foi fundado em 2001, como um projeto do ex-jogador Gaúcho como um clube-empresa, e começou a jogar campeonatos profissionais em 2003 – já nas duas primeiras temporadas foi campeão mato-grossense. Em 2007 e 2008, por problemas financeiros, não conseguiu disputar torneios profissionais e em 2009 foi comprado pela família Dresch.
Empresários do ramo de borracha para recapagem de pneus, os Dresch já haviam patrocinado o clube anteriormente em 2003 e se interessaram em comprá-lo após a confirmação de que Cuiabá seria uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.
Sob o controle da família, o time foi sete vezes campeão estadual e bicampeão da Copa Verde – no último título regional, em 2019, já tinha Marcelo Chamusca como técnico – e subiu até a Série B.
Segundo o vice-presidente do clube, ainda há previsão de mais investimentos, como um gramado sintético para a Arena Pantanal e um hotel para a base. As categorias inferiores, inclusive, são um dos pontos nos quais o clube considera que precisa desenvolver melhor.
OBSTÁCULOS
Sobre a torcida, o clube espera que volte a empolgar os torcedores da cidade.
“O Cuiabá já chegou a ter 4 mil sócios ativos. Hoje a gente está com 500, reduziu muito. A presença da torcida depende muito da fase do time, se a gente tivesse o público liberado, tenho certeza que os jogos teriam mais de 20 mil pessoas.
Mas o sócio-torcedor, dentro do nosso orçamento, tem uma participação pequena, a maior parte do dinheiro vem mesmo de patrocínios e da televisão”, relatou Dresch.
Outro obstáculo que o clube considera é a ausência de adversários locais de bom nível – após a pandemia, por exemplo, viajou para enfrentar Goiás e Atlético Goianiense em amistosos e poder retomar o ritmo de jogo contra times de maior qualidade.
Mas, caso o clube de fato conquiste o acesso para a Série A nesta ou em outras temporadas, a primeira meta é bem clara: se consolidar na primeira divisão, evitando ser rebaixado logo na sequência, e somente então pensar em objetivos maiores.