Quando a Libertadores virou brasileira
Brasil e Argentina são disparados os países que mais vezes foram campeões da Libertadores da América
A década de 1990 foi a primeira em que os brasileiros realmente foram os donos da Copa Libertadores. De 10 anos, cinco times do Brasil foram campeões
Campinas, SP, 29 (AFI) – Brasil e Argentina são disparados os países que mais vezes foram campeões da Libertadores da América. Os hermanos estão na frente nessa contagem, com 25 títulos contra 21 dos brasileiros. No entanto, houve um breve período em que a Libertadores realmente virou brasileira – foi praticamente concentrada aqui.
A década de 1990 foi a primeira em que os brasileiros realmente foram os donos da Copa Libertadores. Em um período de dez anos, cinco times do Brasil foram campeões seis vezes: São Paulo (1992 e 1993), Grêmio (1995), Cruzeiro (1997), Vasco (1998) e Palmeiras (1999). Os outros títulos ficaram com argentinos (Vélez e River), chilenos (Colo-Colo) e paraguaios (Olimpia).
Acontece que, com exceção de Cruzeiro, Palmeiras e Vasco, que foram os campeões em uma só sequência, não houve uma hegemonia tão grande. Geralmente, um título vinha para cá, o outro ia para outro time da América Latina. E assim seguiu a Libertadores, até o início dos anos 2010, quando o país viveu uma “seca” de títulos na competição.
A Libertadores nos anos 2000
Se nos anos 90 o Brasil realmente dominou os títulos da Libertadores, em 2000 foi justamente ao contrário. Por mais que muitos times do país tenham se destacado e formado grandes elencos nesse período, apenas duas equipes em específico conseguiram ser campeãs: São Paulo e Internacional.
Em 2005, o São Paulo se tornou o time brasileiro com maior número de títulos da Libertadores em uma campanha simplesmente histórica que culminou com o título do Mundial. O Tricolor Paulista avançou em primeiro na fase de grupos, bateu o Palmeiras pelo agregado de 3 a 0 nas oitavas, o Tigres por 5 a 2 nas quartas, o River Plate por 5 a 2 nas semis e, na final, contra o Atlético Paranaense, fez 4 a 0 no jogo de volta da final – após um empate em 1 a 1 na ida.
Já em 2006, foi a vez do Internacional de Porto Alegre fazer história. O clube nunca havia sido campeão da Libertadores, nem mesmo nos anos de ouro de Falcão e companhia. Ainda assim, se impôs ao continente e, assim como o Tricolor Paulista, se coroou também campeão do mundo no fim do ano.
Na Libertadores de 2006, o Colorado também terminou a fase de grupos em primeiro. Nas oitavas, passou pelo Nacional em um agregado de 2 a 1. Nas quartas, venceu a LDU por 3 a 2. Nas semis, venceu o Libertad por 2 a 0. Já na final, encarou um embaladíssimo São Paulo, mas terminou vencedor com um agregado de 3 a 4.
Ali foi o único resquício de vitória do Brasil naquele período de dez anos. No entanto, foi o próprio Internacional que pôs fim a esta “seca” e, inclusive, inaugurou o período em que a Libertadores foi muitíssimo brasileira.
Pouco mais de uma década sob domínio brasileiro
A década de 2010 foi muito, mas muito brasileira na Libertadores. A começar pelo fato de que quatro times brasileiros foram campeões seguidos, de 2010 à 2013. Após isso, depois de três anos sem vencer, voltaram a erguer o título continental e fecharam um período de dez anos com seis taças da América levantadas.
Tudo começou em 2010, quando o Internacional de Porto Alegre, em um dos elencos mais memoráveis do clube nos últimos anos, voltou a ser campeão. Comandado por D’alessandro, Kléber, Tinga, Índio, Giuliano, Alecsandro e companhia, o Colorado fez uma excelente campanha e se tornou bicampeão da América.
Em 2011, foi o ano dos meninos da Vila brilharem e levarem o Santos, depois de quase 50 anos, ao título da Libertadores da América. Neymar, Ganso, Robinho, André, Pará e companhia compuseram um dos elencos mais memoráveis de toda a história do Peixe, o qual encantou o Brasil com um futebol moderno e moleque de se jogar.
No ano seguinte, em 2012, foi a vez do Corinthians colocar um fim na tradicional piada de que “não tinha Libertadores”. O Timão, sob o comando do Tite e com Emerson, Ralf, Paulinho, Cássio, Danilo Guerreiro e outros, foi não apenas campeão como não perdeu uma única partida ao longo de toda a competição.
O fim desse período de vitórias brasileiras seguidas foi em 2013. Novamente, teve um peso simbólico: o Atlético Mineiro, que nunca havia conquistado a Libertadores em sua história, levou o título continental para casa. Isso, novamente, em um memorável elenco com Ronaldinho, Jô, Diego Tardelli, Bernard, Marcos Rocha, Luan e outros.
Hegemonia também nos últimos anos
Pode-se dizer que já faz mais de 10 anos que os clubes brasileiros mantêm uma hegemonia na Libertadores. Isso porque, por mais que tenham ficado três anos sem ganhar na década passada (2014, 2015 e 2016), desde 2017 a América é, praticamente, pintada de verde, amarelo, azul e branco praticamente todos os anos.
Em 2017, foi a vez do Grêmio ser novamente campeão da Libertadores, depois de pouco mais de duas décadas de seu primeiro título. Em 2019, com uma campanha também histórica, foi o Flamengo quem levou a taça para casa – em um dos melhores anos da história recente do clube.
Já em 2020 e 2021, quem fez a dobradinha e garantiu o título da Libertadores foi o Palmeiras. Campeão em cima do Santos e, depois, do Flamengo. O mais curioso disso tudo é que, novamente, um brasileiro estará na final da Libertadores de 2022 – que pode, inclusive, voltar a ser disputada entre dois clubes do Brasil.