Jogo do Brasil suspenso. Agora decisão é da FIFA
Na verdade, a Anvisa nos fez sentir vergonha de ser brasileiro. Ou estou errado nesta ?
Assunto foi muito debatido. A medida parece ter sido certa, porém, aplicada no momento errado
O assunto mais discutido na tv, rádio, jornais e internet no último final de semana foi a suspensão do jogo entre Brasil e Argentina, na Arena Corinthians, domingo à tarde. O maior clássico do futebol sul-americano começou e alguns minutos depois representantes da Anvisa e da Polícia Federal invadiram o gramado.
Motivo: quatro jogadores argentinos deveriam ter cumprido uma quarentena antes de viajarem para o Brasil e não o fizeram. Passaram pelo controle de passaportes de Cumbica, em São Paulo e foram para o hotel que a AFA lhes reservou bem perto do estádio do Corinthians, em Itaquera.
Nós todos, jornalistas ou torcedores, fomos surpreendidos de repente pela paralisação do jogo entre brasileiros e argentinos e não entendemos bem os motivos para que aquela ação fosse realizada com bola correndo, ao invés de ter sido providenciada três dias atrás, quando a delegação portenha chegou a São Paulo.
MUITOS DEBATES
O assunto já foi dissecado pela imprensa, foi debatido à exaustão pelos internautas e nos textos ou comentários e matérias especiais feitas pelos profissionais de imprensa. Houve quem aprovasse a atitude da Anvisa, quem não aprovasse e a maioria pediu uma apuração detalhada do acontecido para saber quem foi o maior culpado por tudo o que aconteceu.
Eu, como sempre, não tomo partido. Apenas analiso os fatos. No caso, se há um culpado real pela suspensão do jogo esse culpado prá mim foi a Anvisa, auxiliada pela PF. Por que? Porque a Argentina chegou ao Brasil três dias antes.
Como todo mundo já sabia disso, também a Anvisa e a PF já deveriam saber disso e tomado as providências necessárias para que o pior (a suspensão do jogo) não acontecesse.
MOMENTO ERRADO
Seria possível impedir a entrada dos quatro jogadores argentinos que vieram da Inglaterra, (onde moram e jogam) e que passaram pelo guichê de recepção da PF no aeroporto de Cumbica.
Quando passaram por ali já devia haver uma solicitação da Anvisa para que os quatro atletas fossem barrados e colocados numa sala até que o problema fosse resolvido. Mas ninguém disse nada. Na verdade, a PF do aeroporto permitiu a entrada de toda a delegação argentina.
Delegação que foi de ônibus até o hotel onde ficariam hospedados perto da Arena de Itaquera. Também lá não foram importunados na sexta- feira pela Anvisa ou pela PF.
TREINO NA FAZENDINHA
No sábado, os jogadores argentinos treinaram na Arena corintiana e, também ali nada foi feito pela agência ou pelos integrantes da PF. No domingo cedo, dia do jogo, diz a Anvisa, que mandou gente sua até o hotel para evitar que os quatro jogadores fossem para o estádio onde o jogo seria disputado.
Os argentinos, por sinal, chegaram quatro horas antes ao estádio e fecharam as portas de seus vestiários como sempre ocorre com as delegações de futebol visitantes. Ainda assim, a Polícia Federal tinha recursos para exigir uma conversa direta com o comando da delegação argentina, mas evitaram tomar essa providência naquele momento..
A partir daí, as duas seleções entraram em campo, ouviram seus hinos e o árbitro apitou para que o jogo fosse iniciado. Passados alguns minutos e senhores de terno e gravata ou vestidos com o uniforme da PF, entraram no gramado e obrigaram o árbitro a paralisar o jogo.
A partir daí uma lambança geral começou. Coisa de país de oitavo mundo. Os argentinos então resolveram deixar o gramado e acabaram indo para o aeroporto para voltarem ao seu país.
MÃOS DA FIFA
Relatórios já foram feitos e enviados à FIFA, dona do futebol mundial, que vai dar a palavra final sobre o assunto. Entre outras coisas ela pode dar vitória ao Brasil (porque quem saiu de campo foi a Argentina).
Pode punir o Brasil (porque quem causou a interrupção do jogo foram autoridades brasileiras). Pode ignorar tudo que aconteceu e marcar um novo jogo. E pode manter o empate sem gols, dar um ponto para cada equipe e encerrar de vez o problema.
Como percebem há muitas alternativas. Eu seria pela marcação de um novo jogo. Mas volto ao que comentei no começo deste texto: “não teria sido melhor que a Anvisa tivesse resolvido todo esse problema na sexta-feira, no sábado ou até no domingo pela manhã?
DE PROPÓSITO ?
Houve tempo de sobra para isso. Então por que invadir o gramado e criar toda aquela agitação? Representantes da Anvisa e da PF fizeram isso de propósito para aparecer? Não sei.
Mas que foi um vexame e tanto para nosso País, não resta nenhuma dúvida. Nunca vi nada parecido acontecer. Cobri seis Copas do Mundo, muitos jogos de Eliminatórias Sul-Americanas, decisões de campeonatos ou torneios.
E em nenhum deles apareceu uma Anvisa para suspender o jogo. Culpa da pandemia? Não. Foi culpa da Anvisa, que se equivocou em todas as posições que tomou em todo este episódio.
Na verdade, ela nos fez sentir vergonha de ser brasileiro. Ou estou errado???
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