Jogo de abertura tem assentos vazios, festa equatoriana e protesto por cerveja

Um grupo de equatorianos fez a festa nas arquibancadas no Estádio Al Bayt

Houve protesto na torcida enquanto Catar e Equador duelavam pela partida de estreia

Jogo de abertura tem assentos vazios, festa equatoriana e protesto por cerveja
Equador venceu o primeiro desafio da Copa diante dos anfitriões (Foto: Divulgação)

Enquanto Catar e Equador duelavam em campo na partida inaugural da Copa do Mundo de 2022, neste domingo, torcedores equatorianos protestavam nas arquibancadas do Estádio Al Bayt, na cidade de Al Khor: “Queremos cerveja”, gritavam fãs da seleção do Equador situados atrás de um gols. Eles saíram felizes ao ver seu país derrotar o anfitrião por 2 a 0, mas, antes disso, mostraram-se indignados por não poderem consumir cerveja dentro da arena e em seus arredores.

Era um grupo pequeno de equatorianos, mas barulhento e chamativo. Eles emularam o clima de Libertadores, cantando em boa parte do jogo, sobretudo na primeira etapa, quando viram, do lado oposto em que estavam, o capitão Enner Valência brilhar com dois gols, de pênalti e de cabeça.

A festa só não foi completa porque deixaram de consumir cerveja. A bebida passou a ser proibida dentro dos estádios e nos arredores na quinta-feira, 18, antevéspera da abertura da Copa do Mundo. O governo do Catar, um país de regime autocrático governado pela mesma família desde o século 19, pediu e a Fifa vetou a comercialização.

Foram vendidas apenas latas de cerveja sem álcool no Al Bayt. A venda foi baixa, segundo constatou a reportagem ao conversar com funcionários dos bares instalados dentro do estádio. “Vendi mais Coca-Cola e água”, relatou um deles, que preferiu não se identificar.

Bebidas alcoólicas são permitidas apenas nas fan fests oficiais da Fifa, com restrição de horário e limite de copos por torcedor. Também são liberadas em lugares frequentados pela elite financeira e social do Catar, um dos países mais ricos do mundo graças às reservas de petróleo e gás natural, como hotéis de luxo e restaurantes.

Um copo de meio litro de cerveja custa quase R$ 75. Trata-se da cerveja mais cara da história das Copas. Uma dose de uísque passa dos R$ 200.

A retirada da bebida dos estádios poderá acarretar uma indenização milionária a ser paga pela Fifa à Budweiser, famosa marca de cerveja e uma das patrocinadoras do Mundial que foi pega de surpresa com a proibição.

Jogo de abertura tem assentos vazios, festa equatoriana e protesto por cerveja
Equador venceu o primeiro desafio da Copa diante dos anfitriões (Foto: Divulgação)

CONTRASTE


A empolgação dos equatorianos contrastou com o desânimo dos torcedores locais. Boa parte dos catarianos deixou o estádio durante o intervalo da partida, abatidos com o resultado. Frágil tecnicamente, a seleção do Catar, sem tradição em Copas e apenas disputando o seu primeiro Mundial, já havia levado dois gols àquela altura.

Os mais animados compunham uma espécie de torcida organizada catariana. O grupo, com centenas de pessoas, vestia camisas em tom de vinho, batucava e entoavam cantos árabes num setor atrás do gol oposto ao que estavam os equatorianos. O comportamento era muito distinto em relação ao da maioria dos fãs do Catar, primeira nação do Oriente Médio a receber um Mundial.

Mesmo quando os catarianos estavam no estádio, era possível notar um grande clarão nas arquibancadas. Havia muitas cadeiras vazias no Al Bayt, arena com capacidade para 60 mil torcedores e que terá parte dos assentos removidos depois do Mundial. A Fifa não divulgou o público e renda da partida, mas é sabido que o estádio não teve sua lotação máxima.

O estádio, uma réplica do Bayt al sha’ar, as tendas usadas historicamente pelos povos nômades do Catar, também receberá partidas das oitavas, quartas e semifinais. Ele fica distante da região central de Doha. Está situado na cidade de Al Khor, a 35 km da capital.

Cercado por areia e um gigantesco estacionamento, o Al Bayt é, junto do Al Janoub, o estádio mais distante da Copa, a mais compacta da história. Os dois estádios são separados por 70 km.

Para chegar ao palco de abertura da Copa, houve congestionamento, filas e desorganização na entrada. O trânsito não fluía a algumas horas do início da partida e vários dos ônibus com torcedores e jornalistas tiveram de estacionaram distante da entrada. Um trajeto percorrido normalmente em uma hora foi concluído em quase duas.

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