Araraquara, SP, 19, (AFI) – O programa ‘Balanço Geral dos Campeões da Bola’, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 18h05 pela Rádio Cultura, teve um convidado ilustre nesta segunda-feira. O volante Leandro Donizete, atleta revelado pela Ferroviária e que hoje defende o Atlético-MG, esteve em Araraquara reencontrando amigos e aproveitou para visitar o estúdio da rádio, onde respondeu perguntas sobre o início de sua carreira, polêmicas e sonhos.

Início turbulento
Nascido em 18 de maio de 1982 em Santa Lúcia, Leandro Donizete Gonçalves da Silva começou a se destacar muito jovem, em campeonatos amadores, e integrou as categorias de base da Ferroviária, que naquela época vivia o momento mais complicado de sua história, na quarta divisão do futebol estadual. As questões financeiras do time também passavam por um período dramático, o que fez o atleta, por várias vezes, pensar em desistir . Mas o incentivo de seus pais e de um treinador serviram como combustível para ele continuar perseguindo seu sonho.

“A Ferroviária me acolheu bem, mas não tinha verba e a gente não ganhava praticamente nada. Eu vivia uma situação difícil e mesmo assim meu pai e minha mãe não me deixavam trabalhar para que eu pudesse somente jogar futebol. Muitas pessoas me criticavam, dizendo que eu não estava no caminho certo. Não é fácil chegar em casa, com a esposa grávida e não ter condições para ir aos treinos. Comecei a faltar em alguns treinamentos e o Douglas Neves (técnico da base na época) quis saber o motivo. Ele tirou dinheiro do próprio bolso para que eu pudesse continuar. O que ele fez por mim é algo que não esquecerei nunca”, relembrou Leandro, visivelmente emocionado.

Sucesso com o ‘manto grená’
Leandro integrou um time de juniores da Ferroviária que se destacava nas competições que disputava, o que resultou no acesso de vários jovens atletas para o time principal. O planejamento deu resultado e a equipe subiu para a Série A3 e posteriormente para a Série A2. Leandro Donizete foi também uma das peças mais importantes do time afeano de 2006, que faturou a Copa FPF (atual Copa Paulista), último título conquistado pela Locomotiva.

Polêmica com o presidente
Leandro classifica sua passagem pelo time grená como “maravilhosa”, mas confessa que sua saída não foi da maneira como gostaria. “Naquela época, o presidente Juninho falou em uma entrevista que eu estava simulando uma contusão para não jogar e não foi o que aconteceu. Eu não conseguia sequer colocar o pé no chão e só de passar a mão já doía. Muitas vezes eu joguei no sacrifício e sempre dei o meu melhor pela Ferroviária. Mas não saí com nenhuma mágoa.

Agradeço a Ferroviária por ter me colocado na vitrine. É bom demais quando você sai de algum lugar e deixa saudades. Eu fico muito feliz por receber o carinho das pessoas aqui em Araraquara e espero um dia voltar a jogar aqui”, destacou.

Volta por cima no Coritiba
Leandro chegou ao Coritiba em 2008, por indicação do técnico araraquarense Dorival Júnior. Ele conta que chegou desacreditado, pois o Coritiba era um time que disputava o Brasileirão e ele acabava de chegar de um clube da segunda divisão paulista. “Cheguei lá bem cru, mas aprendi muito com o Dorival. Ganhamos três títulos estaduais, mas caímos em 2009, quando a torcida quebrou o estádio inteiro. Foi um episódio muito triste, eu tive a oportunidade de sair, mas tinha um carinho muito grande pelo clube e decidi ficar. Fomos campeões da Série B no ano seguinte e desde então fizemos campanhas marcantes”, salientou o volante.

Confirmação no Atletico-MG
O ex-afeano integrou o elenco do Atlético-MG no ano passado, a convite do próprio técnico Cuca. “Cheguei lá e o time não vinha em um bom momento. Mas chegou o Ronaldinho, muito badalado e o time foi encorpando até chegar ao que é hoje”, diz. Leandro Donizete conta que é bom conviver diariamente com Ronaldinho Gaúcho, que é um dos grandes nomes do Futebol mundial.

Segundo ele, o astro é brincalhão o entrosamento já é total entre os atletas do Galo Mineiro. “Só pelo olhar já sabemos como cada um vai se posicionar. Nosso time tem uma defesa boa que permite os jogadores de frente atacarem com mais tranquilidade. Tentamos jogar cinco jogos de maneira defensiva e perdemos os cinco. O torcedor cobra um time ofensivo e é essa a nossa maneira de jogar”, garante.

Tudo pela Libertadores
Leandro Donizete é titular do Atlético-MG, que foi o melhor time da primeira fase da Libertadores e agora é a única equipe brasileira viva na competição. O Galo enfrentará o Newell’s Old Boys da Argentina nos dias 3 e 10 de julho. “A Libertadores gerou uma expectativa muito grande no torcedor, que chora e ajoelha a cada jogo. No jogo contra o Tijuana, naquele momento do pênalti, vimos o desespero da torcida e aquilo nos comoveu muito. Queremos dar esse título a ela”, assegura.

Ele destaca que sua família e amigos também servem de inspiração. “Fazia cinco meses que eu não visitava Santa Lúcia e é maravilhoso reencontrar todo mundo. Muita gente de lá me encontra e diz que passou a assinar canais de esporte por minha causa. Por isso, quando vou entrar em campo, lembro dessas pessoas e a concentração é ainda maior. Jogo por eles e espero trazer esse título da Libertadores para Santa Lúcia e Araraquara”, confirma.

Desafio lançado!
O meiocampista aceitou um desafio proposto pela torcida durante a transmissão do programa: tirar uma foto do craque Ronaldinho Gaúcho com a camisa da Ferroviária. “Assim que chegar ao treino no Atlético, levarei a camisa para cumprir esse desafio e mando para vocês postarem nas redes sociais”, garantiu.

Por Carlos André de Souza