Grupo de Trabalho para Desenvolvimento da Várzea é instalado no Pacaembu
Alguns dos principais objetivos são o tombamento dos campos e o debate e sugestão de políticas públicas
Alguns dos principais objetivos são o tombamento dos campos e o debate e sugestão de políticas públicas
São Paulo, SP, 16 (AFI) – Está lançado o Grupo de Trabalho Destinado ao Estudo de Ações e à Identificação de Medidas que Visem a Valorização e Proteção Sociocultural do Futebol de Várzea. A instalação do projeto aconteceu na manhã desta terça-feira, no Auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol do Estádio do Pacaembu, em São Paulo-SP.
Alguns dos principais objetivos são o tombamento dos campos e o debate e sugestão de políticas públicas que busquem preservar o espaço utilizado e formas de cooperação com os municípios e instituições privadas como forma de incentivo e expansão da modalidade. Segundo a Liga Paulistana de Futebol Amador, somente na capital de São Paulo existem aproximadamente 400 campos e 1.440 times registrados. Após 180 dias de trabalhos, será apresentado relatório de conclusão. O evento desta manhã contou com a participação de importantes figuras do cenário esportivo e político do país.
A mesa teve Aldo Rebelo, secretário-geral da Casa Civil do Estado de São Paulo; Cacá Camargo, secretário de Esporte, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo; Romildo Campello, secretário da Cultura do Estado de São Paulo; Gilberto Nascimento Júnior, secretário de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo; Rodrigo Goulart, presidente em exercício da Câmara Municipal de São Paulo. Além deles, estiveram ainda: Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF); Aline Pellegrino, coordenadora de Futebol Feminino da FPF; e Artur Verder, presidente da Liga Paulista de Futebol Amador.
COMO FOI?
O evento começou por volta das 10h30, mostrando fotos da várzea metropolitana de São Paulo som da música ‘É uma partida de futebol’, do Skank. Na sequência, o diretor executivo do Museu do Futebol, Eric Alexander Klug, fez a abertura.
“Aqui é a casa do futebol feminino, indígena, de várzea, é a casa do futebol. Temos presenças ilustres, como o Reinaldo Carneiros Bastos, presidente da FPF, e o Mauro Silva, nosso conselheiro. O Museu do Futebol tem um conhecimento muito grande do futebol de várzea, então, desejo sucesso a esse grupo de trabalho que se inicia hoje”, afirmou.
O QUE ELES DISSERAM?
Artur Verder: “A várzea iniciou porque era na várzea mesmo, em terrenos baldios. Hoje, mudou muito. Melhorou muito a estrutura, mas perdeu-se muitos campos. Acho que é uma nova era se iniciando. Eu chamo de futebol armador, pela infraestrutura envolvida. Muitos têm campo sintético, alambrados, vestiários. Porém, um dos principais problemas do futebol várzea é a expansão imobiliária. Precisamos criar espaços para que ele seja preservado. Aldo, parabéns mesmo pela iniciativa! Muito obrigado pelo convite”.
Reinaldo Carneiro Bastos: “A minha vida começou no futebol de várzea. Eu jogava no segundão do Apolo, em Taubaté, com uns 16 anos. Mas eu era melhor organizando, então, formamos um time, o Grêmio Esportivo Farrapos, para jogar o amador de Taubaté. Se a gente não se unir para olhar para a várzea, essa forma de jogar futebol será cada vez menor. Essa iniciativa do nosso novo governador Márcio França é muito importante, temos que tratar desse assunto. A FPF já se colocou à disposição para ajudar no que for preciso”.
Gilberto Nascimento Júnior: “Espero que a gente possa ter uma visão social para esse assunto. Parabéns a todos”.
Romildo Campello: “A gente precisa da capacidade de unir, respeitar a diferença. É o que nosso governador Márcio França pede e prega, essa integração do diferente e respeito à nossa história. Sucesso a todos e bom trabalho”.
Cacá Camargo: “Muita alegria estar aqui, muito simbólico estarmos no Museu do Futebol. Esse grupo que a gente está formando aqui visa envolver todas as secretarias, como o governador Márcio França pede: muita integração de todos os setores e muita união. Buscamos revitalizar os sonhos de jogadores, muitos deles saem da várzea. Nossa ideia é envolver todas as secretarias em torno do futebol de várzea, que se tornou uma questão social. Vamos fazer um inventário dos campos e propor o tombamento dentro da lei”.
Rodrigo Goulart: “Tenho certeza de que, na mão do Aldo, vamos ter grandes frutos”.
Aline Pellegrino: “A demanda feminina existe, é real. É preciso que esse espaço seja também das mulheres. Espero contribuir muito para esse grupo, para ajudar com essa questão. As mulheres querem e precisam também deste espaço.
Aldo Rebelo: “Qual o sentido deste grupo? Valorizar social e historicamente o futebol de várzea. Quando ele for visto como uma expressão da memória do nosso país, ele será também materialmente reconhecido. Aí, os recursos, proteção jurídica, dos estados, dos governos e os demais mecanismos vão aparecer consequentemente. Precisamos fazer um inventário para descobrir onde estão os campos por toda São Paulo, criar mecanismos para que as prefeituras protejam os campos varzeanos. Queremos tornar o futebol de várzea um assunto de Estado”.
SABIA?
Conta a história que, em 1885, Charles Miller organizou a primeira partida de futebol no Brasil, em um terreno no bairro do Brás, em São Paulo. O terreno, baixo, plano e alagável pelas cheias do rio Tamanduateí, conhecido como a “Várzea do Carmo”.
Desde o ato pioneiro daquele que trouxe o futebol para o Brasil, até hoje, o esporte cresceu, assim como os times de várzea. Segundo a Liga Paulistana de Futebol Amador, somente na capital de São Paulo existem aproximadamente 400 campos e 1.440 times registrados na entidade.
FONTE DE CRAQUES
Campeonatos famosos, como a Copa Kaiser e Desafio ao Galo, foram grandes reveladores de talentos para os clubes profissionais e seleção brasileira. Elias (Atlético Mineiro), Ricardo Oliveira (Atlético Mineiro), Zé Roberto (ex-jogador da Seleção Brasileira), César Sampaio (ex-jogador da Seleção Brasileira), Seginho Chulapa (ex-jogador da Seleção Brasileira), Cafu (ex-jogador da Seleção Brasileira), Denílson (ex-jogador da Seleção Brasileira) e Casagrande (ex-jogador da Seleção Brasileira) são alguns dos que saíram da várzea.
ALÉM DAS QUATROS LINHAS
E os jogadores não foram os únicos revelados pelos campeonatos. Narradores, comentaristas e repórteres esportivos saíram dos campos de “terrão” para as grandes emissoras de televisão e rádio do país. Nomes como: Fausto Silva “Faustão”, Tiago Leifert, Elias Skaf, Randal Juliano, Raul Tabajara, Joseval Peixoto, Samuel Ferro, Vital Bataglia e Adalberto Helena Júnior, também marcaram a várzea.