Gilson Kleina empolga na oratória, mas no campo...
O técnico conseguiu enumerar chances e chances de gols perdidas pela Macaca.
Técnico 'gasta tudo' na oratória, e poderia ser um bom vendedor...
Treinador Gilson Kleina não tem leitura refinada de jogo e a sequência de jogos da Ponte Preta nesta Série B do Campeonato Brasileiro tem demonstrado isso, embora cabe, sim, reconhecer limitações técnicas do elenco montado, entre outros, pelo coordenador de futebol Fábio Moreno, que goza período de férias.
Em situação como essa aumenta-se a cobrança sobre o treinador, na expectativa que consiga extrair mais do conjunto, do encaixe de peças.
Na prática isso não tem ocorrido, e não há como contrariar o óbvio.
ORATÓRIA
Aos incautos, entretanto, pode impressionar a riqueza de oratória do treinador pontepretano. É coisa de fazer inveja a quem usa a palavra como instrumento de trabalho, como advogados, políticos, comunicadores e vendedores.
Não fosse treinador, de certo Kleina seria bem-sucedido como vendedor, pela fala sequencial e busca de argumentos como observados durante entrevista coletiva pós-jogo contra o Avaí, naquele irritante zero a zero de terça-feira.
Se você avaliou apenas o desperdício de oportunidade nos pés do atacante Richard, como chance real para a Ponte marcar gol, Kleina fez questão de enumerar chances, quando o adequado seria citar apenas bola rondando a área do Avaí.
LANCES CITADOS
Assim, discorrer sobre cabeçada do zagueiro Sanchez com bola para fora, cruzamento do lateral Felipe Albuquerque em que a bola tocou nas costas do atacante João Veras, finalização sem consequência do volante André Luiz, gol impedido de Rodrigão, e lance duvidoso como a queda de Camilo na área, que o árbitro entendeu não ter sido pênalti.
Aí, dá-lhe ‘lambadas’ na arbitragem, e sem restringi-las a esse jogo com o Avaí.
Com retórica de fazer inveja a vendedor que atropela o ‘não’ do interlocutor, Kleina dissertou sobre transição rápida da equipe pontepretana ao ataque durante o segundo tempo, repetiu processo de melhoria de rendimento da equipe, e da maneira como se expressa pode persuadir torcedores menos avisados, com projeção de que dia mais, dia menos esta fase vai passar, e as coisas vão se encaixar.
COBRANÇA
Pior é que sem homem da bola na diretoria do clube, e com executivo de futebol que não disse até agora pra que veio – como Alarcon Pacheco -, presume-se que não haja a devida cobrança sobre o trabalho da comissão técnica.
Quem supõe que haja cobrança sim, eis a questão: por que a insistência com Richard, que mostra apenas correria?
Por que entra dia e sai dia continuam com o argumento de que o meia Renatinho ainda não readquiriu condicionamento físico adequado, para ser aproveitado mais tempo em campo?
Por que contratatam o volante Lucas Cândido, se até agora ele não deu as caras em campo?
Aí escala-se Rodrigão ainda fora do condicionamento físico mínimo, o atleta desafia a lógica e corre mais de que o devido – na tentativa de mostrar serviço – e deixa o gramado com lesão muscular na coxa.
São nestas circunstâncias que a coletividade pontepretana lembra o quão importante foi o tempo em que o clube contava com diretor de futebol que sabia cobrar da comissão técnica, como ocorria outrora com Peri Chaib e Marco Eberlim.
Senhores da diretoria da Ponte, acordem. Do contrário, pode ser tarde.