França se reconstrói e vai da perda de oito jogadores a favorita ao título
O técnico Deschamps atribui a recuperação da seleção à calma e paciência
Apesar dos desfalques, a França mantém favoritismo por tricampeonato no Catar
Atual campeã mundial, a França era apontada como uma das favoritas para buscar seu tricampeonato no Catar há alguns meses. Aí, começaram a surgir os problemas. Astros como Kanté, Pogba e, por fim, Benzema, o melhor jogador da Europa na última temporada, sofreram lesões de diferentes tipos e ficaram fora da Copa. Eles se juntaram a Nkunku, Kimpembe, Kamara e ao goleiro Maignan, que também se machucaram às vésperas do Mundial. O golpe foi duro.
Como se não bastasse, na estreia da Copa o zagueiro e lateral-esquerdo Lucas Hernández sofreu ruptura de ligamento e foi cortado. Sem quase um terço do grupo, era pouco crível acreditar que a seleção francesa se manteria firme no Catar por muito tempo. Não só se manteve como chega forte para a disputa do título.
O time é comandado por Didier Deschamps, capitão da seleção francesa na primeira conquista mundial, em 1998, quando a França derrotou o Brasil por 3 a 0 na decisão. A equipe de agora guarda algumas semelhanças com aquela. Há um conjunto que funciona e um craque que desequilibra.
Não que Mbappé seja semelhante a Zidane no estilo de jogo – definitivamente, não é. Ocorre que, tal qual o classudo meia de 1998, o veloz e driblador atacante de 2022 é decisivo em lances-chave. Foi assim, por exemplo, no primeiro gol da França sobre a Inglaterra no sábado, pelas quartas de final. Mbappé recebeu a bola pelo meio, se livrou da marcação com um drible rápido e abriu a bola na direita, iniciando a jogada que acabaria com uma assistência de Griezmann e um belo gol de Tchouaméni.
Com cinco gols marcados nos primeiros cinco jogos, ele também lidera a artilharia. Joga ao mesmo tempo com leveza e comprometimento. “Esta é a competição dos meus sonhos”, disse Mbappé. “Meu único objetivo é ganhar a Copa do Mundo. Esse é o meu sonho, meu único sonho. É por isso que estou aqui.”
CONJUNTO
Aquele gol diante da Inglaterra ilustra como a França superou os desfalques formando um time, na essência da palavra. Mbappé é, sem dúvida, o grande diferencial, mas a seleção não joga por ele ou para ele. A bola circula pelo meio de campo, e há variações de lado e de jogadas.
Griezmann, que fora um dos grandes nomes na conquista do bicampeonato na Rússia, em 2018, voltou a ser decisivo dando as duas assistências para a vitória sobre a Inglaterra – ele já havia dado um passe para gol na vitória por 2 a 1 sobre a Dinamarca. E Giroud, o reserva de Benzema, vive talvez sua melhor fase na carreira. Até aqui, são quatro gols na Copa, mesma quantidade de Messi e um a menos que Mbappé.
O meio-campo é um setor que funciona bem, mesmo que não seja formado por grandes craques. A questão é que ele parece vivo; não há engessamento. “Sofremos, mas mostramos que podemos nos unir e sermos solidários”, declarou Rabiot após o jogo de sábado. No segundo tempo, logo após o gol de empate dos ingleses, o jogador quase colocou a França à frente em um chute da entrada da área. “Sofremos, mas, quando estamos em dificuldade, nada nos abala.”
No entanto, são a calma e a paciência de seu técnico que resumem bem a reconstruída França desta Copa. “Apenas quatro anos depois de nossa última vitória na Copa, estamos nas semifinais. Vamos nos concentrar na quarta-feira (jogo com o Marrocos). Não estou pensando em mais nada no momento”, disse Deschamps.
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