ESPECIAL ANO DO FORTALEZA: Da lanterna à Libertadores
Praticamente dado como rebaixado ao longo do primeiro turno, Leão do Pici supera adversidades no segundo e se garante na competição continental
Campinas, SP, 31 (AFI) – Com roteiro digno de cinema, o Fortaleza marcou seu nome na história do futebol brasileiro em grande estilo. Na Série A de 2022, não apenas evitou o rebaixamento que parecia certo, mas também garantiu classificação memorável à Copa Libertadores da América de 2023 fazendo melhor campanha de nordestino em um turno; vaga foi na fase preliminar.
INÍCIO RUIM
Uma semana depois do bicampeonato da Copa do Nordeste, o Leão do Pici começava a saga no Brasileirão ainda em paralelo às disputas do Cearense, Copa do Brasil e Libertadores. Logo de cara, derrota em plena Arena Castelão frente ao Cuiabá. O que tinha para ser um 2022 histórico por ser a estreia no continental, foi se tornando um desastre ao Fortaleza. Ao menos por ora.
A primeira vez das 14 como lanterna na elite nacional foi na 4ª rodada, na derrota para o Corinthians, a terceira seguida no campeonato; Clássico-Rei pela 3ª rodada havia sido adiado. E assim a sequência negativa foi se estendendo, sendo quebrada apenas na 9ª rodada ao vencer o Flamengo, por 2 a 1, dentro do Maracanã. Foram seis derrotas e somente dois empates, deixando o Fortaleza com cinco pontos à época.
TENTATIVA DE RESPIRO
Depois de somar a primeira vitória, o Tricolor tentou aproveitar a crista da onda alta para surfar na boa fase, acumulando dois empates consecutivos, mas ambos em casa. Depois de perder para o Avaí num 3 a 2 eletrizante, voltou ao caminho dos triunfos ao superar o América-MG diante de sua torcida; em seguida, venceu o arquirrival na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil com dois de Pikachu.
Apesar da classificação às quartas de final eliminando o Ceará, o Fortaleza voltou a ficar instável no Brasileiro. Dos últimos seis jogos do primeiro turno, apenas dois foram como mandante e somente uma vitória, fora de casa, foi conquistada; empate sem gols diante do Santos fechando a primeira metade do torneio fez o time voltar à última posição, porém pela última vez.
SEQUÊNCIA POSITIVA
Se tudo estava caminhando para uma das piores campanhas da história do clube, o returno foi totalmente diferente. Foram conquistadas cinco vitórias consecutivas, a primeira visitando o Cuiabá; em seguida, Internacional, Vozão, Corinthians e São Paulo foram as vítimas, levando a equipe à 12ª colocação e a superação de Juan Pablo Vojvoda passou a tomar forma.
Na sequência, vieram três jogos sem vencer, com derrotas para Botafogo e Fluminense, além de um empate contra o Juventude. Nem isso foi capaz de abalar o emocional leonino, já que o time até conseguiu demonstrar o mínimo de empenho dentro de campo. Mas ainda faltava um quê a mais para agradar tanto ao treinador argentino, quanto à torcida.
RESSURREIÇÃO
Como uma fênix, o Leão ressurgiu e foi sedento em busca dos triunfos. Demonstrando vontade e qualidade técnica nas quatro linhas, jogou cada jogo como se fosse o último, fazendo cada rodada de final de Copa do Mundo. Dessa maneira, o Fortaleza alcançou sua melhor série na competição, passando oito partidas sem ser derrotado.
O terceiro e último revés durante todo o returno veio, por uma ironia do destino, no dia de Finados, quando teve uma atuação apática em meio ao título do Palmeiras nos 4 a 0 sofridos no Allianz Parque. Restavam três duelos pelo milagre da Libertadores. O primeiro deles, empate diante da torcida por 1 a 1 com o Atlético-GO, que ainda brigava contra o rebaixamento. Logo depois, goleada acachapante sobre o Bragantino por 6 a 0 e a disputa pela pré-Libertadores ficou frente ao América-MG.
A 38ª rodada reservou muitas emoções pela vaga no continental, já que era a única em aberto no campeonato inteiro. Campeão e rebaixados já haviam sido definidos antecipadamente. E o drama foi até o fim. Apesar de ter feito sua parte, batendo o Santos na Vila Belmiro por 2 a 0, o Leão torceu e conseguiu que o Coelho também ficasse no empate diante dos goianos, muito por conta de um gol anulado de Conti no último lance.