Fim dos álbuns de figurinhas? A transição para o digital

Brasil é líder mundial na venda de figurinhas, mas o hábito, de crianças e adultos, está com seus dias contados. Tudo vai virar para o digital, no celular

A geração que está vindo aí, essa molecada a partir dos 10 anos de idade, vai querer ter cada vez menos coisas físicas e ter tudo no celular

Copa do Catar - 2022
Álbum de figurinhas da Seleção Brasileira. Foto: Divulgação Panini

São Paulo, SP, 27 – O lançamento do álbum de figurinhas para a Copa do Mundo de 2022, no Catar, vem superando as expectativas em todo o mundo e sendo um dos assuntos mais comentados nas redes sociais nos últimos tempos. Atletas, influenciadores e personalidades postam sobre os cromos conquistados, aqueles considerados especiais e as trocas para que completem o mais rápido possível.

No entanto, especialistas ligados ao mundo digital observam um cenário que poucos tem se atentado: até quando vai durar o predomínio ‘físico’ deste segmento?

Sylmara Multini, CEO da IDG NFT (Internacional Digital Group) e com expertise de atuação de licenciamento em entretenimento em marcas como Warner Bros, Disney e Mattel, além da linha de produtos e lojas dos Jogos Olímpicos do Rio-2016, defende a teoria que a longo prazo esse consumo deve diminuir.
“Já é fato que estamos migrando para o mundo digital e abandonando cada vez mais as coisas físicas. Essa tendência também vai valer para as figurinhas e os álbuns físicos”, explica.
A TRANSIÇÃO

A IDG, empresa comandada por ela, realiza projetos em NFT com a banda IRA! e também com personalidades do mundo esportivo, como o jogador de futebol Richarlison, do Tottenham (Inglaterra) e da Seleção Brasileira, Giba, ex-jogador e medalhista de ouro olímpico no vôlei com o Brasil, além de outros nomes de modalidades como automobilismo e basquete.

“Eu não tenho dúvida que a nossa geração que está vindo aí, essa molecada a partir dos 10 anos de idade, vai querer ter cada vez menos coisas físicas, e sim armazenar os seus bens no telefone. Acho que será uma transição. Ainda acho que, claro, vai continuar existindo a figurinha física, mas devemos ver, nos próximos anos, uma mudança desse paradigma, quando cada vez mais o digital é aceito e incorporado no cotidiano”, completa Multini.
DO FÍSICO AO DIGITAL

No cenário atual, o mundo está caminhando do físico para o digital, e isso é possível observar em nosso dia a dia, com o surgimento das carteiras digitais, menos gastos com impressão envolvendo papel e serviços que envolvem contratos, por exemplo. De acordo com a Sambatech, empresa de negócios digitais de soluções para instituições, 76,2% das companhias do país estão desenvolvendo projetos de digitalização em suas operações.

“Em curto espaço de tempo, falando especificamente dos álbuns, acredito que o digital pode e deve acompanhar o físico. Porém, vale lembrar que neste período pós-pandemia, o ato de pais, filhos e amigos se encontrarem para a troca de figurinhas virou um presente, ainda mais neste momento tão difícil que passamos”, afirmou Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing esportivo e que vai lançar neste mês de outubro um segmento voltado exclusivamente para tokens e NFT’s.

“Pelo fato do grande porcentual do público consumidor deste produto ser também altamente digitalizado, acredito que a tendência é diminuir e, por isso, acredito que a licenciadora deve se atentar e mesclar o físico, o digital e ações de experiência para engajar o público, e obviamente, monitorar as curvas de consumo e venda de ambos”, acrescentou.
BRASIL É LÍDER

Sylmara, no entanto, faz uma ressalva interessante, e isso tem a ver com números divulgados pela própria Panini, que produz os álbuns. Em pesquisa realizada em 2018 pela empresa, o Brasil foi líder no número de consumo de figurinhas e representou duas vezes o registrado na Alemanha, a segunda colocada.

Segundo matéria veiculada pelo The Guardian, a Panini registrou vendas de US$ 1,4 bilhão (R$ 7,3 bilhões) em 2018 devido à forte demanda por seus adesivos da Copa do Mundo da Rússia. Isso foi mais que o dobro da receita de US$ 613 milhões (R$ 3,2 bilhões) alcançada pela empresa em 2017.

“Ainda acho que no exterior, esse avanço para o mundo digital aconteça de forma mais acelerada. Sabemos o quanto as empresas de figurinhas, como a Panini, são enraizadas aqui no Brasil. O maior mercado da Panini é o brasileiro, e ela tem um pico enorme de vendas a cada quatro anos durante a Copa do Mundo“, explica.

FEBRE DE FIGURINHAS
Para Sylmara, essa febre das figurinhas é devido ao excelente trabalho que a empresa sempre fez no país, dominando o mercado e realmente transformando esse segmento.
“Era algo que lá atrás era muito voltado para as crianças, e hoje vemos os pais colecionando com seus filhos e netos, nas universidades, empresas, adultos trocando figurinhas. Eu não tenho dúvida que no mercado digital, com essa nova geração vindo aí, já totalmente digitalizada, as figurinhas digitais vão encontrar o seu espaço”, complementa.

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