F1: No GP da Rússia, Hamilton busca igualar recorde de vitórias de Schumacher
É bem provável que até o fim do ano possa vencer outras etapas, chegar ao 7º título e superar o alemão nos principais recordes
É bem provável que até o fim do ano o inglês possa vencer outras etapas, chegar ao sétimo título e superar o alemão como dono dos principais recordes
Campinas, SP, 27 – O inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, larga neste domingo no GP da Rússia de Fórmula 1 com a grande chance de avançar rumo ao posto de maior piloto de todos os tempos. Líder do campeonato e grande favorito ao título, o hexacampeão tem 90 vitórias na carreira e vai igualar o alemão Michael Schumacher se ganhar a prova em Sochi. E não deve parar por aí. É bem provável que até o fim do ano o inglês possa vencer outras etapas, chegar ao sétimo título e superar o alemão como dono dos principais recordes da categoria.
Se aos 35 anos o piloto parece imbatível, quem o conheceu no início da carreira sabe como nos bastidores o ainda garoto Lewis Carl Davidson Hamilton foi preparado minuciosamente para se tornar um grande campeão desde cedo. O Estadão conversou com brasileiros que competiram e conviveram com Hamilton nos tempos de kart e em categorias inferiores. Os relatos apontam que o grande cotado ao posto de maior da nome da história começou se materializar aos 13 anos.
Foi com essa idade que o então destaque do kart inglês entrou para o programa de talentos da McLaren como uma aposta do então chefe da escuderia, Ron Dennis. Desde cedo o talento dele passou a ser lapidado como piloto, dentro e fora da pistas. “O Hamilton sempre foi muito diferenciado e mais preparado fisicamente do que a maioria. Sempre trabalhou muito forte”, relembrou o hoje coach de pilotos Roberto Streit, contemporâneo de Hamilton no kart e na Fórmula 3 Europeia.
A participação no programa da McLaren instruiu Hamilton em outros segmentos. Desde cedo ele teve acompanhamento psicológico, passou a ter aulas sobre como se relacionar com a imprensa e com os engenheiros e a orientação para construir laços com patrocinadores. Desde cedo Hamilton chamava a atenção nas categorias por ser o único negro no grid, além dos ótimos resultados. A escuderia o acompanhava de perto em todas as provas e cuidava de todos os detalhes, desde logística até hospedagem.
“Ele foi doutrinado e construído passo a passo para ser campeão. Cuidaram muito bem da carreira dele e o Hamilton teve a chance de se preocupar apenas em lapidar o talento”, disse, o brasileiro Sérgio Jimenez, atualmente piloto do Jaguar I-Pace eTrophy. Os dois competiram no kart e foram companheiros de equipe na Fórmula Renault, em 2003.
Jimenez relembra que na época do kart, enquanto todos do grid dividiam a mesma tenda improvisada para acertar os carros, Hamilton levava para as provas uma estrutura extra. O inglês tinha à disposição mais mecânicos e peças novas. Os trabalhos eram sempre feitos em um espaço exclusivo.
Atualmente na Stock Car, o piloto Átila Abreu se tornou amigo do inglês e ouviu dele uma confissão. “O Hamilton me contou que tinha recebido um ultimato da McLaren. Se não fosse campeão da temporada, ele seria dispensado. Mas ele era tão autoconfiante que conseguiu ganhar”, relembrou.
Um exemplo marcante dessa segurança de Hamilton, ainda com só 20 anos, viria em uma corrida na França. O inglês era líder da temporada, seria pole position e foi alvo de uma brincadeira dos concorrentes. Pouco antes da largada, Hamilton entrou em um banheiro químico. Ao perceberem isso, alguns pilotos tiveram uma ideia cruel.
“Nós pegamos um monte de fita adesiva e passamos do lado de fora para tentar trancar o Hamilton lá no banheiro e fazer ele se abalar um pouco, ficar nervoso. Não adiantou. Ele sempre foi muito forte mentalmente e aprendeu desde cedo a lidar com a pressão”, contou.