Ex-jogador faz documentário para resgatar talentos das comunidades

Zé Roberto jogou na Portuguesa, Flamengo, Bayern de Munique, Santos, Grêmio e Palmeiras

Em vez de bola, chuteira e um campo para jogar, desta vez o ex-jogador Zé Roberto vai ter o microfone como material de trabalho

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Ex-jogador Zé Roberto (Foto: Reprodução)

Campinas, SP, 15 – Luz, câmera, ação, gravando! Em vez de bola, chuteira e um campo para jogar, desta vez o ex-jogador Zé Roberto vai ter o microfone como material de trabalho. A transformação se explica pelo seu novo papel: o de fazer parte do documentário “Lapidando Joias na Periferia”.

No projeto, o ex-jogador da seleção brasileira vai ser repórter, produtor e ainda interagir com os garotos em campo. A atração, que está saindo do forno, tem intenção de resgatar jovens talentos das ruas a fim de integrá-los com o mundo do futebol. A exibição acontecerá no seu canal do YouTube e vai ser dividida em oito episódios.

Comunidades carentes do Rio de Janeiro e de São Paulo estão no radar para as filmagens. O primeiro programa, no entanto, tem local e personagem definidos para conduzir a atração: Jardim Peri, bairro onde cresceu o atacante Gabriel Jesus, é a localidade escolhida para abrir a série.

“O Lapidando Joias na Periferia vai ser um documentário feito nas comunidades. No fim de agosto, vamos gravar no Jardim Peri. Dali saiu Gabriel Jesus. Sei de muitas pessoas que começaram a jogar bola nas ruas do bairro com ele. Teremos relatos desses personagens para saber como foi esse início. A mãe do Gabriel Jesus também está na nossa pauta. Dela, vamos saber dos primeiros passos e como foi a sua transição até ele se tornar jogador”, afirmou Zé Roberto ao Estadão.

Acostumado a estar em todos os setores do campo nos tempos de atleta, Zé Roberto vai manter essa pegada no projeto. Sua ideia é acompanhar minuciosamente as fases de execução dos episódios. Assim, ele deve acumular as funções de produtor, repórter e auxiliar na captação de imagens.

“Vou estar junto com a equipe de filmagem e pegar informações. Serei entrevistador e vou conduzir a reportagem. Quero interagir com os meninos, seja nas entrevistas ou participando com eles no campo.”, disse.

Cada episódio deve ter até dois adolescentes aprovados. Ao fim da série, um grupo de jogadores será formado para integrar um plantel que vai jogar contra várias equipes do Brasil. Após esse período, amistosos contra times da categoria de base da Europa também serão realizados.

O trabalho feito nessas gravações do documentário é comparado pelo ex-jogador como a de uma peneira realizada nos clubes. “É como um funil. Você tira o menino da periferia e o leva para um time. O segundo passo é a avaliação dele em alguns jogos. Por fim, têm os amistosos fora do Brasil”, disse. O projeto dá oportunidades, mexe com a comunidade e coloca até um objetivo no futebol para muitos garotos.

O Rio também já possui uma comunidade definida para servir de locação: a favela do Vidigal. Além de dar espaço aos meninos carentes, uma outra preocupação é abrir o leque para as meninas.

“As garotas estão tendo bastante incentivo no futebol e queremos seguir essa tendência e dar abertura. Vamos gravar com uma atleta profissional, mas ainda estamos pesquisando o nome. O futebol feminino está numa crescente. Queremos inserir as mulheres no projeto.”

MIDIÁTICO NA FASE PÓS-CARREIRA

Aos 48 anos e com uma imagem consolidada de jogador vitorioso, o ex-atleta de Portuguesa, Flamengo, Bayern de Munique, Santos, Grêmio e Palmeiras utiliza tanto as redes sociais quanto as plataformas de comunicação para mostrar suas habilidades fora do campo, falar de seus projetos e também contar um pouco da sua trajetória.

No seu canal do YouTube, por exemplo, no quadro “Resenha com o Zé”, ele entrevista o atacante Dudu, do Palmeiras. Em outro vídeo, que remete à sua infância na comunidade, o convidado é o ex-volante Wendel. Ali, ele é desafiado numa partida de futebol. O palco é uma rua de asfalto, os gols são pequenos, e cada time tem três integrantes. A gravação faz parte de um quadro em seu canal que se chama “Donos da Rua”. Uma outra inscrição ainda traz a mensagem “CONTRINHA RAIZ!!”.

O mesmo quadro trouxe o ex-lateral Kléber, ex-Corinthians, Santos e seleção brasileira, para participar de um bobinho junto com moradores da comunidade. Em meio à disputa da brincadeira, o ex-jogador foi entrevistado e comentou sobre suas raízes.

PROJETO SOCIAL E PALESTRA DIVERSAS

Voltado às causas sociais, Zé Roberto se diz inclinado a usar seus conhecimentos e sua bagagem em favor dos menos favorecidos. E o esporte é a ferramenta que ele mais utiliza. “Tenho meu instituto que é ‘Bom de bola e bom na escola’. Oferecemos a prática do futebol, mas com acompanhamento escolar. A alimentação também é um fator importante e esse projeto também ajuda quem tem dificuldade.”

Constantemente requisitado para marcar presença em feiras no mercado corporativo, Zé Roberto também se especializou em ministrar palestras que são voltadas tanto para o lado motivacional quanto para os atletas de alto rendimento. “No campo esportivo, temos cinco pilares de uma carreira vitoriosa e também as estratégias de alta performance. Temos uma outra iniciativa voltada para os jogadores que ainda estão nas categorias de base.”

Essa necessidade de trabalhar a cabeça de garotos que ainda não chegaram ao profissional foi detectada pelo ex-jogador no período em que ele defendeu a camisa do Palmeiras, entre 2015 e 2017, portanto, quase no fim de sua carreira. “São mentorias que ajudam os jovens talentos nas suas dores, necessidades e dificuldades dentro de um clube. Esse trabalho funciona de forma individualizada. Procuro aplicar a metodologia para ajudar os garotos no seu desenvolvimento e potencializar o seu talento.”

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