“Eu nunca passei por esse pesadelo”, afirma Jairzinho sobre o atual momento do Botafogo e do Cruzeiro
Em entrevista ao Site de Apostas, o Furacão de 70 falou sobre a volta dos clubes para a elite do futebol brasileiro e a responsabilidade social dos jogadores dentro e fora de campo
Campinas, SP, 21 (AFI) – A afirmação é de quem já foi e sempre será ídolo dos dois clubes, Jair Ventura Filho, mais conhecido como Jairzinho, o Furacão, campeão da Copa do Mundo de 1970.
Jairzinho fez história no Botafogo, onde disputou 413 partidas e conquistou 13 títulos, entre eles o Campeonato Brasileiro de 1968 e o Campeonato Carioca, em 1967 e 1968. No Cruzeiro, mesmo em uma passagem curta, o Furacão deixou sua marca e ajudou a consagrar a Raposa campeã da Copa da Libertadores, em 1976, seu maior título em clubes. Em entrevista ao Site de Apostas, ele comentou sobre “Foram dois clubes que eu valorizei muito! O Botafogo foi quem abriu as portas para mim! E o Cruzeiro me deu também um respeito e uma confiabilidade muito grande”, afirmou.
Atualmente, Jairzinho lamenta o momento pelo qual seus times de coração estão passando na Série B e acompanha a trajetória de ambos na luta para subirem para a elite do Campeonato Brasileiro. “Eu lamento muito pelos dois clubes, hoje, vendo essa tristeza e essa amargura de estar lá embaixo. Então eu vou culpar a todos. A direção, o senhor presidente e a sua diretoria e o corpo administrativo que fica trocando treinador e jogadores toda hora. Essa é a posição que eu tenho”, lamenta o ex-atleta.
“Eu nunca passei por esse pesadelo! Nós éramos tão fortes, não demos chance de viver esse pesadelo. Então, eu imagino hoje o que o grupo está vivendo, que é: ‘será que vamos subir? Será que não vamos subir? Temos potencial para subir?’. Tudo depende do que passa pela cabeça do treinador e de que forma ele se comunica e desenvolve a sua liderança com seu grupo de trabalho. E os jogadores dizendo um para o outro ‘vamos nos unir, ser fortes, nosso objetivo hoje é voltarmos à elite do futebol, só na elite seremos reconhecidos e valorizados’. Não deve ser fácil você estar lá embaixo lutando para subir”. – Jairzinho
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Responsabilidade social dentro e fora de campo
Diferente da época em que Jairzinho era jogador de futebol, hoje é enorme a visibilidade que os atletas conquistaram devido às redes sociais. Neymar, por exemplo, acumula 162 milhões de seguidores em seu perfil do Instagram. Por isso, além de estarem atentos à performance dentro de campo, eles precisam se atentar também aos seus posicionamentos dentro da realidade digital.
No entanto, mesmo com tamanha visibilidade e influência, diferente de alguns anos atrás, são raros os atletas que são mais ativos em discussões políticas e de cunho social. Em sua época, Sócrates, ídolo corinthiano e uma das personalidades mais marcantes do futebol brasileiro, fez parte da Democracia Corinthiana, que reivindicava liberdade e influência para os jogadores em decisões administrativas de seus clubes, e do movimento Diretas Já, nos últimos anos da ditadura no Brasil.
Para o Furacão Jairzinho, infelizmente é muito difícil encontrar jogadores que se destacam em seus posicionamentos fora de campo. “Hoje, a gente não vê os jogadores que estão se destacando no futebol brasileiro com esta personalidade de mostrar para o mundo a importância de ser um atleta. Você não vê pessoas do futebol brasileiro desenvolvendo essa postura. Não vou citar nomes porque não tenho esse direito, nem de ficar cobrando o comportamento de cada um. Então, eu parabenizo o Sócrates porque também é da minha linha mostrar a importância de ser um atleta para o seu país e o mundo. É saber jogar o futebol e colocar a importância do futebol na parte, principalmente, educativa e social”, completou.
“Eu aprendi isso muito cedo porque, na minha época, para se jogar o futebol existia uma barreira terrível da marginalização. ‘Ah, futebol é para vagabundo, para quem não estuda, para quem não trabalha’. Quer dizer, existia essa campanha. E, pouco a pouco, o jogador de futebol foi mudando isso, foi se integrando, foi fazendo com que os próprios clubes recebessem mais pessoas dentro do seu corpo na parte social, principalmente, na parte educativa. E o futebol foi tornando-se também uma grande escola de comportamento para a sociedade brasileira” – Jairzinho.
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