ESPECIAL PERNAMBUCO EM BAIXA: Da lama ao caos, do caos à lama

Chico Science, se vivo, certamente não gostaria de ver o futebol do seu estado natal ir mal das pernas

Taça campeão pernambucano
Única taça importante erguida durante 2022 em Pernambuco foi a do Estadual (Foto: Rafael Vieira/FPF-PE)

Campinas, SP, 01 (AFI) – Modernizar o passado vai além da evolução musical. Pelo menos para o futebol de Pernambuco, que vem acumulando mais fracassos que êxitos em uma década. As maiores glórias vieram nos títulos do Sport da Copa do Nordeste, em 2014, e do Santa Cruz em 2016, e na campanha memorável leonina ao longo da Série A de 2015; desde então, demônios destruíram o poder bravio da humanidade.

PASSEIO DO NÁUTICO EM DIVISÕES DE ACESSO

Sem dar um tiro certeiro desde 2012, quando estava na Série A do Campeonato Brasileiro e garantiu vaga na Copa Sul-Americana, o Náutico viveu mais dias em que “o de baixo, desce” e fez Pernambuco ter apenas o Sport na elite. Todo o desastre começou ainda em 2013, quando ficou perto de ter a pior campanha na era dos pontos corridos, sendo salvo na última rodada.

A partir daí, até chegou a figurar como candidato a acesso na Segundona por duas vezes — 2015 e 2016 — consecutivas, mas em 2017 acabou rebaixado como lanterna e voltou a disputar a Série C após 19 anos. Lá, passou dois anos seguidos e garantiu o segundo título da história para Pernambuco em 2019, tendo conquistado a classificação à Série B de maneira dramática sobre o Paysandu.

Kieza atacante do Náutico
Timbu amargou novo descenso como lanterna da Série B nesta temporada (Foto: Tiago Caldas/CNC)

Mesmo voltando a jogar a Série B, o Timba fez 2020 e 2021 totalmente opostos em meio a um período pandêmico, com a torcida ausente num ano e voltando aos poucos noutro. Já nesta temporada, por outro lado, o fracasso foi ainda maior apesar do título do Campeonato Pernambucano, pois acumulou eliminação ainda durante a primeira fase frente ao Tocantinópolis e o descenso à Terceirona novamente na última posição.

SANTA CRUZ DESANTENADO

Nas duas vezes que participou da Série A, o Santa Cruz pareceu dar uma esperança de melhora no futebol de Pernambuco, contudo em ambas se mostrou fora de sintonia com o certame e foi degolado como lanterna. Na última, em 2016, pegou ladeira abaixo na escada e foi semelhante a 2006, caindo até chegar à Série D; à época, o Mais Querido inaugurou a Quarta Divisão.

Tocantinópolis x Santa Cruz
Santa Cruz amargou queda nas oitavas da Série D (Foto: Jhorge Alves/TEC)

Amargando rebaixamentos consecutivos e campanhas sem sucesso, o Santa não apresentou bom futebol dentro de campo e voltou a se afundar, sem conseguir dar um tiro certeiro para o ressurgimento. Se afundando junto ao lixo do mangue, passou por rios, pontes e overdrives de Pernambuco, porém foi da lama ao caos e do caos ao lama, sem enganar nenhum torcedor, ainda que tenha ganho a Copa do Nordeste de modo inédito em 2016.

SPORT SEMPRE MAIS OU MENOS

Quando assegurou uma das vagas na Série A em 2014, o Sport se viu como o de cima que sobe e o de baixo que desce. No meio dos momentos de esperteza, até que não foi tão mal, pois brigou na parte superior da tabela. Entre 2016 e 2018, conviveu na luta contra a degola até o fim, tendo a queda decretada no último dos anos citados e tirou representante de Pernambuco na elite nacional.

Sport quase acesso 2022
Sport viu acesso bater na trave durante atual temporada (Foto: Rafael Bandeira/SCR)

No ano seguinte, o acesso à Série A foi centro das ambições leoninas e alcançado até com certa tranquilidade, ao contrário do que foram as duas temporadas subsequentes. Novamente o foco foi a luta para evitar o descenso, fazendo um milagre entre 2020 e 2021; em 2021, no entanto, foi instável durante todo o Brasileirão e terminou rebaixado. Na atual temporada, buscou a saída na Série B, mas manteve Pernambuco na competição mais uma vez.

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