ESPECIAL! Há 19 anos, o Paulista de Jundiaí conquistava a Copa do Brasil
O Galo do Japi venceu o Fluminense na grande final, além de ter eliminado clubes como Cruzeiro e Internacional
O Paulista foi o campeão da Copa do Brasil de 2005, protagonizando uma campanha histórica
Por Filipe Saochuk
Jundiaí, SP, 03 (AFI) – Nos 115 anos de história do Paulista de Jundiaí, o capítulo mais bonito e marcante do Galo do Japi sequer aconteceu no estado de São Paulo. No dia 22 de junho de 2005, o Paulista enfrentava o Fluminense no jogo de volta da final de uma das mais inacreditáveis edições de Copa do Brasil. Com um empate sem gols, o maior título da história do clube foi confirmado, para nunca mais ser esquecido.
19 anos depois, o Portal Futebol Interior traz este material super especial para relembrar a trajetória e os grandes personagens daquela campanha. Relembre o Paulista de Jundiaí que entrou para a história do futebol brasileiro com o FI!
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COMO CHEGAVA O PAULISTA NA COPA DO BRASIL?
Apenas um ano antes, outro clube do interior de São Paulo escreveu uma história com final improvável. O Santo André conquistou de maneira épica a Copa do Brasil de 2004, sendo o primeiro a conseguir tal feito estando na Série B do Brasileirão. Com a inspiração estando há alguns quilômetros de distância, foi a vez de um time de Jundiaí sonhar com o ‘impossível’.
Sem grande destaque na Série B ou no estadual de 2005, o foco do Paulista era total na Copa do Brasil. Porém, aquele time contava com uma base sólida, afinal, na temporada anterior o Galo do Japi foi vice-campeão do Campeonato Paulista, perdendo para o São Caetano na decisão, em uma final tão inesperada quanto.
Sob o comando de Vágner Mancini, aquele fatídico Paulista tinha alguns nomes que se tornaram conhecidos do no futebol brasileiro, como o meia Cristian, o zagueiro Réver, o meia Márcio Mossoró e o goleiro Victor.
E FOI DADA A LARGADA!
Na 1ª fase daquela Copa do Brasil, o Tricolor Jundiaiense enfrentou o Juventude. A ida no Jayme Cintra terminou com vitória do time da casa por 1 a 0, e a volta acabou empatada em 1 a 1 no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Com o agregado de 2 a 1, o Paulista estava classificado para a fase seguinte.
Logo na 2ª fase, estava no caminho um gigante brasileiro: o Botafogo. Em Jundiaí, Márcio Mossoró fez o gol do Galo no empate em 1 a 1 do primeiro duelo. Na volta, um emocionante 2 a 2 no Maracanã confirmou a classificação inesperada do Paulista para as oitavas, com os gols tricolores sendo marcados por Cristian e Léo.
O adversário agora seria o Internacional comandado por Muricy Ramalho, com a base do time que conquistaria a Libertadores e o Mundial no ano seguinte. A primeira partida aconteceu no Beira-Rio, e foram os donos da casa que levaram a melhor, vencendo por 1 a 0, com o Paulista segurando ao máximo a pressão colorada.
Em Jundiaí, os papéis se inverteram. Juliano saiu do banco de reservas no fim do jogo para dar a vitória ao Galo no tempo normal, levando a decisão para os pênaltis. Nas penalidades, a estrela do goleiro Rafael brilhou mais forte e o time da casa venceu por 4 a 2, chegando às quartas de final pela primeira vez em sua história.
RESTAM TRÊS PELO CAMINHO
Nas quartas, o adversário do Paulista era o Figueirense, mais um time de primeira divisão em 2005. No Orlando Scarpelli, o Alvinegro Catarinense levou a melhor e venceu por 1 a 0. O segundo duelo, no Jayme Cintra, teve um roteiro semelhante ao que aconteceu na fase anterior. Lucas fez o gol da vitória levando a decisão para os pênaltis, onde novamente, o goleiro do Paulista foi diferencial.
Rafael brilhou mais uma vez, o Galo venceu por 3 a 1, e se classificou para a semifinal, onde enfrentaria um gigante brasileiro. Desta vez, o forte Cruzeiro era o próximo Golias que o Davi de Jundiaí precisaria enfrentar… e novamente, foi Davi quem venceu a batalha.
A ida aconteceu na casa do Paulista, e aqueles noventa minutos foram um dos mais impressionantes da história do clube. Um sonoro e dominante 3 a 1, com gols de Cristian, Márcio Mossoró e Jefferson Batista, deu a vantagem para o Galo do Japi perder por até um gol de diferença no Mineirão.
Em Belo Horizonte, liderado pelo artilheiro Fred, a Raposa venceu, mas não pelo placar necessário. Graças à dois gols de Cristian, o placar final mostrava 3 a 2 para o Cruzeiro, resultado que classificou o Paulista para a primeira final nacional de sua existência.
Na grande decisão da Copa do Brasil de 2005, a batalha era entre Jundiaí e Rio de Janeiro, entre o azarão Paulista e o todo poderoso Fluminense.
E NAQUELE DIA, O PAULISTA CONQUISTOU O BRASIL
Para a partida mais importante da história do clube, o técnico Vágner Mancini mandou o Paulista à campo com: Rafael; Lucas, Dema, Réver e Julinho; Juliano, Fábio Gomes, Cristian e Márcio Mossoró; André Leonel e Léo.
A primeira perna da decisão foi disputada na casa do Tricolor. A jovem estrela daquela equipe, Márcio Mossoró, abriu o placar logo aos dois minutos da segunda etapa, com um chute forte e no alto do goleiro Kléber. Aos 38 minutos, Léo invadiu a área e deu um leve toque por cima do goleiro para fazer o 2 a 0 e incendiar de vez um Jayme Cintra em êxtase. Faltava pouco para a glória eterna.
No dia 22 de junho, a finalíssima aconteceu no estádio de São Januário completamente lotado. Em 90 minutos, o Paulista se defendeu bravamente a não deixou o Fluminense balançar as redes uma única vez. O apito final de Leonardo Gaciba encerrou o jogo em 0 a 0, e deu início àquela que seria a maior noite da história do futebol jundiaiense.
Contra todas as previsões e possibilidades, o Paulista de Jundiaí protagonizou uma das maiores zebras do futebol brasileiro, que mesmo 19 anos depois, não perdeu nem uma fração de sua magia. Aquele 22 de junho foi apenas mais um exemplo do porque o futebol é tão encantador.
Em uma noite marcada para a eternidade no esporte nacional, o Galo do Japi conquistou o Brasil.
OS HERÓIS DA CONQUISTA
Márcio Mossoró
O meia era o craque daquele time campeão, e acabou sendo o grande destaque da Copa do Brasil. Com apenas 21 anos na época, Mossoró jogou depois pelo Internacional por três anos e partiu para o futebol europeu, onde disputou muitas temporadas em Portugal e na Turquia.
Para a produção desta reportagem, o Futebol Interior conversou diretamente e com exclusividade com o craque do Paulista de 2005, que detalhou o tamanho deste título em sua vida e carreira.
“Significou muito na minha vida, foi uma mudança radical. Passamos a ser um time conhecido com muitos jogadores que se valorizaram. A minha própria valorização se deve muito àquela campanha, mudou a minha vida e a de muita gente. Sou muito grato ao Paulista por ter aberto as portas para mim. Marcou a minha história, a minha vida, e até hoje, aquele título da Copa do Brasil é o mais importante da minha carreira”, declarou Márcio Mossoró à nossa reportagem.
Cristian
Artilheiro do Galo na competição com quatro gols, o meia era peça fundamental daquela equipe. Após o título, se destacou no Athletico-PR, no Flamengo e no Corinthians, além de jogar por cinco temporadas no Fenerbahçe, da Turquia. Cristian voltou a vencer a Copa do Brasil em 2009, com o Corinthians.
Rafael
O goleiro herói contra Internacional e Figueirense, jogou no clube que o revelou de 2001 à 2006, sendo dono da posição por anos no Paulista. De Jundiaí rumou para o futebol português, onde se estabeleceu e jogou até se aposentar no ano passado.
Léo
Léo, ou Léo Aro, foi o grande destaque do ataque e formou marcante dupla com Mossoró no título, fazendo inclusive, gol na ida da final. Após a campanha, jogou por times como Internacional, Figueirense e Coritiba, mas nunca conseguiu ter o mesmo destaque que teve defendendo o Tricolor Jundiaiense.
Vágner Mancini
O início da trajetória de Mancini como treinador foi justamente no ano da conquista. Desde então, se tornou um dos mais conhecidos treinadores do Brasil e comandou algumas das principais equipes do país, como Grêmio, Santos, Vasco, Cruzeiro, Vitória, São Paulo e Corinthians. Em 2024, Vágner treinou o Ceará na Série B do Brasileirão.
Com exclusividade, o técnico do Paulista no título histórico também falou com o Futebol Interior para descrever o sentimento da conquista e o que ela significou em sua carreira.
“A Copa do Brasil foi um momento maravilhoso na minha carreira, significou muito, foi uma conquista inédita para o clube e também alavancou minha carreira como treinador”, destacou Vágner Mancini.
OUTROS PERSONAGENS
Réver
O zagueiro não era titular absoluto do Paulista, mas foi bem quando teve a oportunidade. Anos depois, viria a se tornar um dos maiores ídolos do Atlético-MG, onde foi campeão da Libertadores de 2013 como o capitão do Galo Mineiro.
Victor
Falando em outro ex-Paulista que brilhou no Atlético-MG, está o goleiro Victor. Com algumas temporadas jogando pelo Grêmio, o goleiro chegou ao Alvinegro em 2012, onde jogaria até se aposentar em 2021. ‘São Victor’, também foi peça central da Libertadores vencida pelo Galo.