Espanhol: Ancelotti vira alvo de apuração do MP por chamar torcida do Valencia de racista

Ele foi denunciado pela Associação de Pequenos Acionistas do Valencia (APAVCF)

ANCELOTTI 1
epa10532832 Real Madrid's head coach Carlo Ancelotti reacts during the Spanish LaLiga soccer match between FC Barcelona and Real Madrid, in Barcelona, Spain, 19 March 2023. EPA/Toni Albir

São Paulo, sP, 10 – Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid e acertado com a CBF para assumir a seleção brasileira, virou alvo de uma apuração do Ministério Público da Espanha por ter chamado a torcida do Valencia de racista. Ele foi denunciado pela Associação de Pequenos Acionistas do Valencia (APAVCF), que defende os interesses de acionistas, associados e torcedores do clube e sentiu-se ofendida.

A fala de Ancelotti ocorreu após um dos vários ataques racistas sofridos pelo atacante Vinícius Júnior, dessa vez em derrota por 1 a 0 do Real Madrid para o Valencia, no Estádio Mestalla. O brasileiro adotou uma postura combativa e foi responsável por desencadear uma discussão pública sobre o racismo no futebol espanhol e até sobre mudanças na lei do país. Depois da partida, o treinador italiano disse que o “estádio inteiro gritou ‘macaco'”, o que incomodou parte da torcida valenciana.

“Não quero falar de futebol. Vocês querem falar de futebol? Foi mais que uma derrota. Não parece? Eu sou muito calmo, mas aconteceu algo que não pode acontecer. Um estádio gritando ‘macaco’ a um jogador, e um treinador pensar em ter que tirá-lo por isso. Algo está muito errado nesta liga. Nada acontece”, afirmou um irritado Ancelotti na ocasião, durante entrevista pós-jogo.

ANCELOTTI 1
Ancelotti é alvo do MP

Depois disso, em outra entrevista, o técnico merengue se retratou. “Peço desculpas, não eram 46 mil (gritando ‘macaco), mas também não eram apenas um ou dois”, afirmou. Também disse que “a Espanha não é racista, mas há, sim, racismo na Espanha”, frase relacionada a uma declaração de Vini Jr., que disse que o país está sendo visto mundialmente como uma nação racista.

Apesar do pedido de desculpas de Ancelotti, APAVCF não recuou e manteve a denúncia. “Ele tratou um estádio inteiro com 46.002 espectadores como racista perante à mídia presente na sala de imprensa do Mestalla”, disse a associação, em comunicado. “A denúncia apresentada decorre dos enormes prejuízos que foram causados ??ao clube e aos adeptos. As declarações feitas e o fato de todo o Mestalla ter sido tratado como racista, completamente falsas, ultrapassou fronteiras”. Agora, cabe à Justiça espanhola decidir se enquadra ou não a fala do treinador como algum tipo de injúria.

REAPRESENTAÇÃO

Ancelotti iniciou nesta segunda-feira a pré-temporada 2023/2024 com o Real Madrid. A grande novidade foi a presença do meia inglês Jude Bellingham, ex-Borussia Dortmund, principal reforço contratado pelo clube na atual janela de transferências. Ele foi o primeiro a chegar e realizou exames médicos, assim como o atacante Brahim Díaz, de volta após empréstimo ao Milan, e a promessa turca Arda Güler, de 18 anos.

Boa parte do elenco ainda não se apresentou, pois muitos jogadores atuaram por suas seleções na Data Fifa do início deste mês, após o fim da temporada de clubes na Europa. É o caso dos brasileiros Vinícius Júnior, Rodrygo e Eder Militão, que, a partir de 2024, devem ser treinados por Ancelotti também na seleção brasileira. Embora o italiano não tenha tratado do assunto publicamente, a CBF confirma que ele comandará o Brasil a partir do meio de 2024, quando termina seu contrato com o Real. Até lá, Fernando Diniz trabalhará como interino, dividido com sua função de técnico do Fluminense.

Confira também: