Entenda por que a Copa do Brasil paga premiação de quase o dobro do Brasileirão
O clube que for campeão da Copa do Brasil vai receber R$ 60 milhões. O Brasileirão, após suas 38 rodadas, em comparação, paga ao vencedor R$ 33 milhões, quase metade
Especialista em geração de receitas na indústria esportiva, Armênio Neto explica o motivo de o torneio ser considerado um produto mais bem acabado e completo para os patrocinadores
Campinas, SP, 24 – As semifinais da Copa do Brasil começam nesta quarta-feira com os confrontos entre Fluminense e Corinthians, no Maracanã, e São Paulo e Flamengo, no Morumbi. Cinco anos após uma mudança na premiação, o torneio se consolidou como o mais rentável do futebol brasileiro, e tem despertado o interesse dos clubes pelo montante de dinheiro de suas cotas a cada fase vencida. O clube que for campeão vai receber R$ 60 milhões. O Brasileirão, após suas 38 rodadas, em comparação, paga ao vencedor R$ 33 milhões, quase metade.
A mudança de patamar ocorreu na temporada 2018. A partir daquela edição, o prêmio de campeão saltou de R$ 5 milhões para R$ 50 milhões. Além disso, os valores têm tido reajustes anuais. Os clubes também recebem suas cotas assim que as etapas são superadas, reforçando seus caixas durante a disputa e não somente ao fim dela.
Especialista em geração de receitas na indústria esportiva, Armênio Neto explica o motivo de o torneio ser considerado um produto mais bem acabado e completo para os patrocinadores. “Claro que o Brasileirão tem o seu valor, mas são produtos diferentes, desde o formato da competição, frequência de partidas, abrangência e até mesmo a forma como foram concebidos e geridos comercialmente. Quando uma empresa patrocina a Copa do Brasil, ela se faz presente em todas as propriedades, inclusive com realização de ativações e hospitalidade nas principais partidas. Já no Brasileirão é um modelo híbrido, porque os clubes fazem a gestão dos seus jogos, focados em seus próprios patrocinadores.”
Outro fator diferencial na Copa do Brasil, na visão de dirigentes, é o fato de ser o mais democrático do País, uma vez que há equipes de diferentes divisões ou competições regionais.
Júnior Chávare, dirigente de futebol que trabalhou no Atlético-MG, São Paulo e Grêmio, ressalta o valor da competição para os clubes. “Além da premiação, que é muito significativa, existe a possibilidade de ter um caminho mais curto para a Libertadores. Ou seja, essa somatória de democratização no futebol junto com as possibilidades reais que cada clube passa a ter pelos enfrentamentos diretos e as questões financeiras são fatores preponderantes para que esse torneio seja de alta relevância aos clubes”, explicou. A Copa do Brasil dá vaga para a Copa Libertadores.
Para as equipes de divisões inferiores e sem o mesmo poderio financeiro que os considerados gigantes do futebol brasileiro, a participação na Copa do Brasil pode fazer uma diferença brutal no planejamento da temporada.
Nos últimos anos, os clubes menores, sem tantas condições de investimentos, aproveitaram o dinheiro arrecadado com as classificações nas fases preliminares da Copa do Brasil para investir na estrutura. Em 2020, o Afogados eliminou o Atlético-MG nos pênaltis e garantiu uma premiação de quase R$ 3 milhões, dinheiro que não ganharia em qualquer outra disputa. O time aproveitou o valor para construir um novo Centro de Treinamento, dando um passo à frente em sua estrutura.
Outro exemplo é o Juazeirense, que comprou um ônibus e começou a construir seu CT ao passar por três fases. Em 2021, a equipe baiana arrecadou R$ 5,9 milhões em prêmios e parou nas oitavas de finais, após eliminar Sport, Volta Redonda e Cruzeiro.
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